Invenções ganham espaço na Metalmecânica 2008
Trinta e sete projetos inovadores desenvolvidos por alunos do Cesumar e UEM, empresas da Incubadora Tecnológica de Maringá e produtores independentes estarão em exposição, de quarta-feira (15) a sábado (18), na IV Mostra Tecnológica, evento paralelo à feira
Farinha de folha de cenoura, equipamento de dosagem eletrônica de produto em pó, torno móvel, aquecedor solar ecológico, conjunto de moagem de PET e hidrogéis de rápida superabsorção. Esses são alguns dos 37 projetos de inovação tecnológica que estão em exposição a partir desta quarta-feira (15) até sábado (18), no Parque de Exposições de Maringá. São protótipos e projetos de inventos, produtos, processos, máquinas e equipamentos com aplicabilidade industrial desenvolvidos por alunos da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e do Centro Universitário de Maringá (Cesumar), produtores independentes e empresas da Incubadora Tecnológica de Maringá.
Os projetos estão em exposição na IV Mostra Tecnológica, evento paralelo à Metalmecânica 2008, feira que reúne os últimos lançamentos, inovações e tendências tecnológicas da indústria metalmecânica nacional e internacional. “Esse ano privilegiamos os projetos. Só entraram na Mostra aqueles que têm projetos ou protótipos. Nas edições anteriores, aceitamos pesquisas e painéis”, diz Gilmar Araújo, coordenador-geral da Mostra Tecnológica.
De acordo com ele, o evento é voltado para o público empresarial. “A intenção é criar um embrião do parque tecnológico. Procuramos incentivar as pessoas a mostrarem seus inventos e fecharem negócios”, explica Araújo. “Fazer a mesmice, todo mundo faz. Inovar é o grande desafio”, conclui.
A Metalmecânica 2008 e a Mostra acontecem de quarta (15) a sexta-feira (17), das 16 às 22 horas, e no sábado (18), das 10 às 16 horas. A entrada é gratuita. O credenciamento pode ser feito no site www.feirametalmecanica.com.br.
Farinha de folhas de cenoura
Desenvolvida por professores do Departamento de Química da UEM, a farinha de folhas de cenoura é obtida em um processo de secagem que conserva os nutrientes do produto. “Se não secar em condições adequadas, os nutrientes são perdidos. Então, secamos em situações otimizadas. O resultado é um pó muito fino que pode ser utilizado em chás, sopas e caldos, elevando muito o valor nutritivo da refeição”, destaca Jesuí Vergílio Visentainer, professor do Departamento de Química da UEM.
Segundo ele, muitos resíduos orgânicos não são aproveitados no Brasil. “Dentre eles, ramas de hortaliças como cenoura, nabo e beterraba”, exemplifica o professor. Um estudo da UEM apontou que existem mais nutrientes na rama do que na polpa da cenoura. “Proteínas, vitamina C, cálcio e, principalmente, ácidos graxos Ômega-3, que previnem doenças coronárias e inflamatórias”, explica Visentainer. “Um resíduo que era incômodo se torna um reforço alimentar”, completa.
O produto ainda não está no mercado. “A patente ainda está em trânsito. Finalizamos o produto há um mês. Ainda realizamos estudos de estocagem, embalagem, incidência de luz e da claridade, entre outros”, diz o professor. De acordo com ele, o produto pode ser utilizado tanto pela indústria alimentícia quanto em programas de merenda escolar de governos.
Equipamento de dosagem eletrônica de produto em pó
Outro projeto inovador que estará em destaque na IV Mostra Tecnológica é um equipamento de dosagem eletrônica de produto em pó. Desenvolvido pela empresa Skintech, que compõe a Incubadora Tecnológica de Maringá, o equipamento foi criado pelos empresários Edmar Orlando e Claudemir Gracino. Voltado para lavanderias hospitalares e industriais, o equipamento faz a dosagem automática de produtos químicos (alvejantes, detergentes, amaciantes e aditivos). Ele dosa cinco produtos para três máquinas de lavar.
“Desenvolvemos o equipamento há quatro anos. Mas o protótipo está em uso no Hospital Universitário (HU) há oito meses”, afirma Orlando. Segundo ele, o equipamento em exposição na Mostra já foi comercializado para o Hospital São Vicente, de Curitiba. As vantagens, diz Orlando, se concentram na redução do desperdício de produto, no melhor controle do produto e na ausência de contato manual. “Há também uma redução de 42% no uso da água”, informa o empresário.
A idéia surgiu, revela ele, no dia-a-dia do atendimento às lavanderias. “Fornecemos produtos a lavanderias há 10 anos. A idéia surgiu da necessidade dos clientes. O que limitava as pessoas a fazerem uso do produto em pó era a questão da dosagem”, lembra. O equipamento já está patenteado. “Pesquisamos no Brasil e no exterior e não encontramos nada parecido”, disse. De acordo com o empresário, 80% do mercado de lavanderias utilizam produtos em pó.
Para Valmir Durante, chefe da Divisão de Apoio do HU, que compreende a lavanderia, o equipamento tem boas possibilidades de ganhar o mercado nacional. “Antes, a gente usava muito a linha líquida para não expor os funcionários, uma vez que usamos produtos químicos perigosos. Nesse ponto, o equipamento dá uma tranqüilidade”, opina Durante.
A correta dosagem é outra vantagem, diz ele. “A linha em pó sofre uma ação menos agressiva no desgaste da roupa”, complementa o chefe da Divisão de Apoio do HU. Segundo ele, a linha líquida perde um pouco do efeito químico na estocagem, com a ação do sol ou da claridade. “Antes, todo o processo era manual. Hoje está tudo automatizado, a pré-lavagem, a lavagem e o enxágüe”, afirma ele, lembrando que no HU são lavados de 30.000 a 32.000 quilos de peças por mês.
Hidrogéis de rápida superabsorção
Também desenvolvido por professores do Departamento de Química da UEM, esse material pode ser utilizado em processos de remoção de contaminantes industriais. E, após o uso, pode ser degradado na natureza. O produto tem a capacidade de remover corantes de efluentes de indústrias têxteis e pode também ser utilizado para remover íons metálicos de efluentes de indústrias, como galvanoplastia, baterias, curtimento de couros, entre outras. O material pode ser empregado ainda como absorvente em dispositivos de higiene íntima pessoal.
“No mercado, existe um número bastante expressivo de produtos que podem ser utilizados nessas linhas. No entanto, nosso produto possui a característica de ser um material ecologicamente correto, pois removemos contaminantes de efluentes e não contaminamos a natureza, uma vez que o hidrogel superabsorvente é biodegradável”, destaca o professor Adley Forti Rubira.
Desenvolvido há cerca de 10 anos, o produto está sendo aperfeiçoado através de pesquisa. “Procuramos melhorar as suas propriedades de uso”, diz o professor. Segundo ele, a idéia surgiu da necessidade de absorção rápida de água em regiões semi-áridas. “Nessas regiões, a chuva torrencial é rápida e se a água não for aproveitada, se perde. Com o hidrogel disposto no solo, a captação da água é rápida e ela pode ser disponibilizada para plantações”, observa. O material pode também ser disponibilizado em canteiros para a produção de mudas. “Pois pode reter a água no solo por um tempo maior”, justifica Rubira.
Inédito nos mercados nacional e internacional, o produto já está patenteado. “Existem concorrentes, mas a vantagem é que o nosso material pode ser ajustado de acordo com as necessidades do interessado”, afirma o professor.