FIEP pede que Conselho Monetário mantenha meta de inflação para 2009
Presidente da Federação das Indústrias do Paraná quer que CMN avalie se é mais importante para o país desinflacionar rapidamente do que crescer e reduzir o desemprego
O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Rodrigo da Rocha Loures, encaminhou nesta sexta-feira (22) correspondência ao ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo, expondo a preocupação da Fiep com a possibilidade de redução da meta de inflação para 4% em 2009, ao invés dos 4,5% fixados para 2007 e 2008. A decisão será tomada no final deste mês, na próxima reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), do qual fazem parte o próprio Bernardo e mais o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
Rocha Loures pede que o Conselho avalie se realmente é preferível abrir mão do crescimento para desinflacionar mais rápido. “A nossa resposta é não. Não vale a pena crescer menos e continuar exportando empregos. Não vale a pena exportar menos bens e serviços. Por isso, propugnamos pela manutenção da meta de inflação de 4,5% para o ano de 2009”, afirma. E para reforçar a posição, lembra que as taxas médias anuais de inflação dos últimos 15 anos dos dois maiores países emergentes foram de 5,1% (China) e 7,3% (Índia).
O presidente da Fiep ressalta que o país mantém uma elevada taxa de desemprego, na casa de 10% ao ano, e que de 1985 para 2005 a participação da indústria de transformação brasileira no PIB caiu de 35% para apenas 18,4%. Para a Federação paranaense é preciso que o governo flexibilize a política monetária, visando a redução dos juros reais e dos depósitos compulsórios sem, com isso, abandonar a estabilidade da taxa de inflação. “O fundamental é que esta perspectiva deve propiciar as condições macroeconômicas para o aumento dos investimentos e a consequente redução do desemprego garantindo assim o último e essencial elemento necessário aos equilíbrios externo e interno da economia brasileira e a retomada do crescimento sustentado.”
A sugestão oferecida pelo presidente da Fiep é que o Brasil opte por fazer o cálculo da inflação pelo Núcleo de Inflação, uma medida que vem sendo adotada por vários países, em especial os Estados Unidos, e que exclui alguns itens dos índices de preços ao consumidor que sofrem grande volatilidade, como os produtos agrícolas e a energia. O objetivo é tornar mais preciso o indicador de evolução do nível geral de preços de uma economia no longo prazo.
Rocha Loures diz que, ao lançar o Programa de Aceleração de Crescimento – PAC, o presidente Lula deixou claro que é preciso ousar para fazer o país funcionar. “Por isso, o estabelecimento da futura meta de inflação deve estar alinhado ao PAC e ao crescimento econômico prometido pelo presidente. Caso contrário, poderemos deparar brevemente com um cenário dominado pela desaceleração do crescimento e aceleração do desemprego”, alerta.