Empreendedorismo

Educação não prepara para o mercado, afirma especialista

Educação não prepara para o mercado, afirma especialista
Para Fernando Dolabela, a atividade empreendedora é essencial para garantir a inserção no mundo profissional


Existe hoje um paradoxo entre o sistema de ensino e o mundo profissional. A educação está desalinhada do tempo e não prepara mais o indivíduo para se inserir de forma contemporânea no mundo do trabalho. A afirmação é do consultor e professor Fernando Dolabella que proferiu palestra nesta segunda-feira (22), em Curitiba, sobre a relação entre empreendedorismo e o futuro profissional. A palestra, promovida pelo Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), por meio do Instituto Euvaldo Lodi (IEL) foi acompanhada por 700 estudantes e professores universitários. O evento foi realizado no Cietep e foi transmitido via teleconferência para Cascavel, Maringá, Londrina e Ponta Grossa.

“Os alunos continuam sendo preparados pela lógica de formação de competências e hierarquias para o emprego. O empreendedor, entretanto, não se limita às propostas do mercado de trabalho, ele cria oportunidades e é inovador”, afirma.

Para Dolabella, não há dúvidas de que o conhecimento científico e tecnológico é indispensável, mas hoje já é considerado insuficiente para o empreendedor. “O indivíduo que saiu da universidade é especialista no passado, em técnicas já existentes, e esse conhecimento não é suficiente no mundo da inovação”, afirma, ressaltando uma visão conformista dos estudantes brasileiros, que sonham em ser funcionários públicos como garantia de estabilidade e emprego. “Essa é a realidade da maioria dos estudantes brasileiros, já que o Brasil é um país hostil à atividade empreendedora. Acredito que no Paraná seja um pouco diferente, uma vez que este é o Estado onde o empreendedorismo mais aflora”, diz o professor.

O consultor acredita que hoje empreender é essencial para garantir a inserção no mundo profissional. “O estudante deve estar preparado para lidar com os cenários sócio-político e econômico e estabelecer múltiplas interfaces com o mundo. Todo mundo quer trabalhar e o curriculum vitae deixa de ser algo essencial. As pessoas devem gerar o próprio emprego”, orienta.

Para Dolabella, empreender é um processo existencial, sem regras nem dicas. O indivíduo deve se conhecer, ter auto-estima, ser proativo, definir um sonho e construir a concepção de futuro para então identificar oportunidades. “A grande questão é que os estudantes não são preparados para empreender. O sistema tradicional de formação para o emprego não trabalha o auto-conhecimento, a auto-estima, a emoção, o sonho, a internalidade, exigências do mundo empreendedor”, critica.

Desenvolvimento – Fernando Dolabela associa empreendedorismo ao crescimento econômico. “No Brasil é essencial aumentar a massa crítica de empreendedores para distribuir melhor as riquezas e eliminar a miséria. A partir daí poderemos falar em empreendedorismo associado ao desenvolvimento social”, diz. Ele cita como exemplo a definição da Organização das Nações Unidas (ONU) para pequeno empreendedor: é um elemento tão importante do setor privado quanto uma corporação multinacional.

“Países que conseguiram estabelecer o empreendedorismo na base da sociedade hoje são sustentáveis. Infelizmente, o Brasil ainda não acordou para esta realidade e não estimula a atividade empreendedora e inovadora nas micro e pequenas empresas.”

Metodologia – Dolabela é criador dos maiores programas de empreendedorismo do Brasil na educação universitária e básica. A Oficina do Empreendedor já foi implementada em 400 instituições de ensino superior, capacitando maia de 5 mil professores universitários. “Ela tem como pressuposto a transformação da sala de aula em um ambiente de geração de conhecimento, uma vez que o conhecimento empreendedor não é transferível, mas sim aquele que busca suas próprias respostas”, diz, ressaltando que a universidade ainda não acordou para a importância do empreendedorismo.

Para a educação básica, Dolabela utiliza a metodologia da Pedagogia Empreendedora, adotada em 126 municípios, envolvendo 10 mil professores e 240 mil alunos. “É mais fácil estimular o empreendedorismo em crianças. Digo que o empreendedor é alguém que sonha e busca transformar em realidade.”

É autor de vários livros sobre empreendedorismo (O Segredo de Luísa, A Oficina do Empreendedor, A Vez do Sonho, Pedagogia Empreendedora, A Ponte Mágica, entre outros).

Sistema Fiep - Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná
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