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Para contribuir com a eliminação dos gargalos logísticos do Paraná nos próximos anos, quatro instituições – a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea), o Instituto de Engenharia do Paraná (IEP) e o Sindicato da Indústria da Construção Pesada (Sicepot) – investiram na formulação de um amplo planejamento do setor. Elencando quase 40 obras essenciais para o Estado realizar nos próximos dez anos, o Plano Estadual de Logística e Transportes (Pelt 2020) é uma espécie de guia para a elevação da qualidade da infraestrutura paranaense nos próximos anos.
O Pelt foi apresentado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva quando ele participou de um encontro na Fiep no fim de julho, e será entregue aos dois principais candidatos ao governo do Estado na próxima segunda-feira (16), quando Beto Richa (PSDB) e Osmar Dias (PDT) estarão na Federação das Indústrias para debater seus planos para o Paraná.
Dividido em quatro modais – rodoviário, aquaviário, aéreo e ferroviário – o documento levou um ano e meio para ser concluído e traz apenas intervenções de grande envergadura e com impacto em diversas regiões do Estado. Fazem parte da lista obras que são pedidos antigos do setor privado paranaense, como a construção do Cais Oeste no Porto de Paranaguá, e a conclusão da Estrada Boiadeira, no Noroeste. Segundo os autores do estudo, seriam necessários investimentos de R$ 6 bilhões para a execução do plano.
“O Pelt traz os principais gargalos na logística de transportes. Esses são os investimentos mínimos que precisam ser feitos até 2020”, afirma o presidente do Crea-PR, Álvaro Cabrini Júnior. O ponto de partida para a execução dessas prioridades, de acordo com os autores do plano, é a designação de uma instituição que faça os projetos de engenharia, obtenha as licenças ambientais prévias e dê subsídios para as licitações.
“Temos o diagnóstico do que precisa ser feito”, diz Paulo Ceschin, coordenador do Conselho Temático de Infraestrutura da Fiep. “O mais importante agora é que sejam alocados recursos para os projetos. Com eles fica mais fácil para o Estado ir atrás das verbas para execução.”
No cálculo das instituições que fizeram o Pelt 2020, são necessários entre R$ 200 milhões e R$ 300 milhões para criar uma espécie de “banco de projetos”. A ideia é que com o tempo os recursos aumentem para que o planejamento se torne contínuo. “Dessa forma, os bons projetos vão sendo viabilizados, com a vantagem de eles estarem interligados. Não adianta fazer uma obra se ela vai criar gargalo em outro modal”, comenta Jaime Sunye, presidente do IEP.
Modais – No estudo, o setor com o maior número de intervenções é o rodoviário. “Rodamos mais de 20 mil quilômetros para fazer o relatório”, conta Sérgio Piccineli, presidente do Sicepot. Entre as propostas, a mais ousada é a criação da BR-101 no Paraná, ligando Garuva (SC), até a BR-116, passando pelo litoral paranaense. Parte do traçado coincidiria com estradas já existentes, e o projeto criaria dois novos acessos a Paranaguá – por Santa Catarina e pela rodovia que vai para São Paulo. Além disso, o Pelt 2020 sugere a construção de dois novos trechos na BR-153 para transformar a estrada em um corredor Norte-Sul. Algo semelhante seria feito na BR-158, que se tornaria uma alternativa para quem vai para a Região Norte do País.
Para o setor ferroviário, é aconselhada a construção do contorno de Curitiba, obra que está emperrada há mais de dez anos, e um novo ramal ligando Paranaguá a Guarapuava, para elevar o potencial de escoamento de produtos pelo porto paranaense. Também estão na lista de projetos a construção de ramais de Cascavel até Foz do Iguaçu e outro para Guaíra, uma linha de passageiros entre Maringá e Cascavel e um trem de alta velocidade entre Curitiba e São Paulo.
O foco principal da área de navegação é o Porto de Paranaguá, que precisa de investimentos para a construção do Cais Oeste, para o aprofundamento do canal de acesso e modernização do corredor de exportação. Há também ideias para aproveitar melhor as hidrovias, incluindo a transposição de Itaipu.
O setor aéreo demanda quatro projetos de maior porte: a construção de uma pista de carga no Aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais, e a ampliação da estrutura dos aeroportos em Maringá, Londrina e Foz do Iguaçu.