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Seguindo a tendência de cada início de ano, as vendas industriais paranaenses tiveram queda no primeiro mês de 2010. Levantamento do Departamento Econômico da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) mostra que a atividade da indústria no Estado em janeiro deste ano foi 22,81% menor do que a registrada em dezembro, e 2,67% menor quando comparada com o mesmo período de 2009. Apesar da queda no primeiro mês do ano, a expectativa é que em 2010 a indústria tenha um desempenho superior ao alcançado no ano passado.
“Tradicionalmente, todo início de ano se caracteriza por uma baixa atividade para a indústria e janeiro de 2010 repetiu essa sazonalidade histórica”, justifica o coordenador do Departamento Econômico da Fiep, Maurílio Schmitt. “Esse desempenho é típico, mas este ano foi acentuado ainda pela crise financeira global e pela valorização do real, que dificulta as exportações da indústria paranaense”, acrescenta o economista. Esses fatores fizeram com que o desempenho das vendas industriais em janeiro de 2010 fosse o pior para o primeiro mês entre todos os anos pesquisados. Resultados simulares só haviam sido registrados em janeiro de 2009 (queda de -17,02% em relação ao mês anterior) e 2004 (-16,64%).
Schmitt explica que, em janeiro último, 12 dos 18 gêneros industriais pesquisados tiveram resultados negativos em suas vendas. Entre eles, os três gêneros de maior participação relativa na indústria paranaense, que tiveram fortes quedas: “Alimentos e Bebidas” (-24,58%), “Veículos Automotores” (-52,20%) e “Refino de petróleo e Produção de Álcool” (-13,05%). “Nos três casos, em maior ou menor grau, o declínio também foi derivado dos efeitos propagados pela crise financeira internacional e pela valorização do real”, diz o economista. Prova disso é que os três gêneros tiveram resultados negativos em suas exportações em janeiro: -25,66%, -40,18% e -30,90%, respectivamente.
A redução da atividade industrial em janeiro também foi intensificada por conta da ampliação atípica nas vendas que havia sido registrada em dezembro. “O último mês do ano passado apresentou um crescimento de 6,64% em relação a novembro, quando o normal é a redução dos negócios no fim de cada ano”, afirma Schmitt.
Expectativa para 2010
Apesar da queda em janeiro, a expectativa do Departamento Econômico da Fiep é que as vendas industriais paranaenses em 2010 superem as de 2009, quando houve redução de 5,77% em relação ao ano anterior. Isso por conta de alguns fatores que devem estimular o consumo interno este ano, como as eleições, o crédito em abundância, a Copa do Mundo e o Programa de Aceleração do Crescimento. “É preciso, porém, considerar esses fatores sempre com cautela, já que se tratam de incentivos que não garantem desenvolvimento sustentável de médio e longo prazos”, ressalta Schmitt.
O economista destaca ainda que o resultado de 2010 também deve ser influenciado pelo desempenho da agricultura, que tem peso muito grande na formação da renda e no dinamismo econômico do Estado. Para este ano, a expectativa é que o Paraná tenha uma de suas melhores safras, podendo influenciar especialmente a indústria ligada ao setor primário. “Todas essas perspectivas são fatores suficientes para prognosticar que a indústria paranaense pode, em 2010, reaproximar-se do patamar de desempenho conquistado em 2008, quando houve aumento de 8,82% na atividade industrial do Estado”, diz Schmitt.
Insumos e empregos
Acompanhando a queda nas vendas industriais, a compra de insumos por empresas paranaenses também teve redução em janeiro deste ano, de 12,83% em relação a dezembro. Quando comparado a janeiro de 2009, o desempenho teve leve queda de -0,01%. Em relação à origem dos insumos adquiridos pela indústria paranaense, as compras realizadas dentro do próprio Estado tiveram redução de -16,13%. Já as originadas em outros estados caíram -7,89%, enquanto as importações tiveram a maior redução: -17,60%.
Quanto ao nível de emprego em janeiro deste ano, oito dos 18 gêneros pesquisados registraram resultados negativos, reduzindo-o no total em 1,70% em relação a dezembro, influenciados principalmente pela sazonalidade no setor sucroalcooleiro e pela forte redução do gênero “Madeira”, que continua enfrentando dificuldades especialmente no mercado americano. No período, o emprego diretamente ligado à produção caiu 1,14%. O resultado deste janeiro contra igual mês de 2009 mostra um aumento de 2,65% no “pessoal empregado total” e queda de 0,53% no “pessoal empregado na produção”.
Já a massa salarial líquida apresentou, em janeiro contra dezembro, redução de 20,80%. Isso levando-se em conta o fato de dezembro possuir uma base de comparação elevada em função do pagamento de 13º salário, participação em resultados e férias. As horas trabalhadas na indústria caíram 7,76% em janeiro, acompanhando o nível de vendas. E a utilização da capacidade instalada aumentou três pontos percentuais, situando-se em 78%. “Este nível de utilização de capacidade é nove pontos percentuais superior ao que fora registrado em janeiro de 2009, indicando que a atividade industrial deve estar sendo programada para este ano de 2010 em nível superior ao do verificando no ano passado”, conclui Schmitt.