Ateliê Sesi/Senai resulta em seis maquetes para ampliar segurança

Curso estimulou participantes do setor da madeira e mobiliário a proporem soluções para reduzir riscos no ambiente de trabalho

clique para ampliar Maquetes refletem ideias inovadoras para ampliar segurança no ambiente de trabalho (Foto: Gilson Abreu)

Criar um mecanismo que evite o contato direto das mãos do trabalhador com a Tupia, máquina que faz o acabamento em peças de madeira, foi o foco de um dos projetos desenvolvidos pelos participantes do 1º Ateliê Sesi/Senai de Prevenção de Acidentes e Doenças do Trabalho, dirigido para o setor de Madeira e Mobiliário.

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O encontro, iniciado na semana passada, aplicou uma metodologia até então inédita no Brasil. Por ela, os grupos formados por empresários, profissionais das indústrias e dos sindicatos, poder público e estudantes sugeriram soluções para reduzir os riscos de acidentes nas empresas. Eles concretizaram as ideias através de maquetes elaboradas em madeira. Ao todo, foram construídas seis maquetes.

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Considerada umas das máquinas mais perigosas entre as que são utilizadas nas indústrias do setor madeireiro, por provocar acidentes graves em quem a opera, a Tupia ganhou um sistema de proteção projetado pelos participantes do Ateliê. Com esse sistema de proteção, o operador movimenta a madeira a ser trabalhada por meio de um suporte.

“Isso evita ao máximo o contato das mãos”, assegurou Marcio Ricardo Galvão, da equipe responsável pela ideia. Galvão que trabalha na área de segurança na produção da empresa Flexiv, acredita que o sistema funcionará no dia-a-dia de trabalho.

A poeira gerada nas indústrias madeireiras foi também motivo de preocupação. Para solucionar o problema, um grupo de participantes propôs um sistema de exaustão móvel. A proposta focou a proteção coletiva, com a maquete de uma máquina que além de captar o resíduo, afere o índice de vazão do equipamento, o que permite verifica a eficácia na retirada da poeira.

A metodologia utilizada no Ateliê é francesa e chegou ao Brasil através do intercâmbio do Programa Sesi/Senai de Redução de Acidentes de Trabalho (PRAT) com a Universidade Tecnológica de Compiègne e Ministério do Emprego, do Trabalho e da Coesão Social da França. Os trabalhos foram conduzidos pelos especialistas franceses Pierre-Henri Dejean, Jessy Pretto e Christian Boully, além de profissionais do PRAT.

De acordo com a representante do ministério francês, Jessy Pretto, as maquetes reúnem inovações para reduzir os grandes riscos do setor, como doenças causadas pela poeira, acidentes com cortes e na parte ergonômica. “Além dos sistemas propostos, temos a sugestão para a planta de uma empresa madeireira projetada com a separação de ambientes de produção, para que se tenha o controle dos riscos por área”, explicou Jessy.

Participante do Ateliê, o marceneiro da Decormade, Paulo Giovani dos Campos, afirma que levará para dentro da empresa algumas ideias surgidas no encontro. Campos, que integra a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) da empresa, disse que utilizará as reuniões mensais do grupo para compartilhar as sugestões de melhoria.

O 1º Ateliê Sesi/Senai será encerrado nesta quarta-feira (6), às 16 horas, no Senai Cetmam de São José dos Pinhais. Os participantes receberão os certificados e assistirão a uma palestra, que também é aberta ao público, ministrada pelos especialistas franceses.

Cultura de segurança

clique para ampliar Especialista francês Pierre-Henri Dejean diz que é preciso criar uma cultura de segurança do trabalho no Brasil (Foto: Rogério Theodorovy)

Estimular que empresários, representantes de sindicatos empresariais e de trabalhadores, do poder público e profissionais do setor participem ativamente da criação de novos sistemas e ferramentas que ampliem a segurança nas empresas é o primeiro passo para que se tenha uma cultura no ambiente de trabalho, segundo o especialista Pierre-Henri Dejean. “Essa é a proposta da metodologia utilizada no Ateliê”, diz.

Ele conta que na França, onde a metodologia é aplicada há 15 anos, muitas inovações sugeridas em ateliês como o realizado em Curitiba contribuíram para a redução dos acidentes de trabalho. Na opinião do especialista, o maior desafio no Brasil é implantar a cultura da segurança. “É necessário que as pessoas se conscientizem do capital “saúde” que têm. A preocupação com a prevenção de acidentes e riscos do trabalho deve ser um reflexo natural, e não pautada por regras e obrigações”, afirma o especialista.

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