
O ritmo mais lento do que se esperava para aprovar a Reforma da Previdência e a revisão para baixo do crescimento do PIB deste ano podem ter influenciado a percepção do industrial paranaense com relação a uma melhora na economia. É o que revela a pesquisa divulgada pela Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) de abril. O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) foi de 60,2 pontos, redução de 4,7 pontos com relação a março. Apesar disso, permanece na área de otimismo, acima dos 50 pontos.

O ICEI é formado pelo indicador de condições, que avalia a visão do empresário em relação a seu próprio negócio e à economia do país nos últimos seis meses, e pelo de expectativas, que faz a mesma avaliação, mas projetando para os próximos seis meses. A percepção futura registrou a maior queda, 6,6 pontos, quando comparada com março passado. Foi de 69,8 pontos para 63,2 agora. Já o de condições ficou praticamente estável, com ligeira queda de 0,6 pontos.
Em parte, isso se deve à expectativa de aprovação rápida das reformas em Brasília, que poderiam trazer maior equilíbrio fiscal às contas públicas. Outro motivo é a revisão para baixo no crescimento do PIB, divulgado pelo relatório Focus, do Banco Central, para este ano. De 2,57%, em janeiro, para 1,70%, na semana passada. “Em vez de ter sinais de que com as reformas aprovadas não haveria aumento de impostos, a revisão do PIB reforçou a ideia de que a atividade industrial pode ser afetada, impactando na opinião do empresário”, analisa o economista da Fiep, Evânio Felippe.
Na comparação com o valor médio dos últimos 12 meses, de maio de 2018 a abril de 2019, que é de 58,1, o ICEI de abril ainda está 2,1 pontos acima. Para o economista, mesmo com os indicadores de produção tendo sido positivos neste primeiro bimestre de 2019 – o Paraná foi o estado onde a indústria mais cresceu no país nos dois primeiros meses deste ano e o segundo melhor em fevereiro, quando comparado ao mesmo mês de 2018, é preciso ficar atento. “Quando o empresário enxerga uma realidade que não foi correspondida, pode haver reflexos nos próximos meses, por exemplo, com uma maior cautela com relação a novos investimentos, aumento de produção e geração de novas vagas de trabalho”, explica.
Sondagem Industrial
Na pesquisa mensal realizada pela Confederação Nacional da Indústria com empresas de todo o país, o resultado de março, que pode ter impactado no ICEI de abril, no Paraná, apontou que 25% das empresas pesquisadas estavam com volume de produção abaixo do normal. Outras 60% informaram estar estáveis, ou seja, não está havendo crescimento da atividade.

Outro indicador deu conta de que 50% das indústrias pesquisadas manteve o nível de utilização da capacidade instalada, o que configura uma certa acomodação, aguardando como vai se comportar a economia. A maioria das entrevistadas informou estar utilizando até 79% de sua capacidade de produção, enquanto o ideal, quando a economia está aquecida, seria de 80% a 90%.
Em relação à empregabilidade, a sondagem mostrou que 72% das indústrias do estado avaliadas manteve o mesmo número de trabalhadores, sem dispensas. Perto de 27% está com estoque acima do planejado e, em torno de 34% dos empresários também detectaram demanda interna insuficiente por seus produtos. “A recuperação lenta do mercado de trabalho e a estagnação dos salários dos trabalhadores manteve inalterado o padrão de consumo das famílias, com medo do endividamento”, pondera.