
Diante da constante preocupação do setor moveleiro em atender às necessidades do consumidor, o móvel autoral aparece como uma aposta para garantir rentabilidade aos negócios. O conceito foi discutido nesta quinta-feira (21), durante o primeiro dia do Congresso Nacional Moveleiro, que segue até sexta-feira (22).
O designer de móveis Fernando Jaeger afirma que dentro deste conceito, “o móvel vira objeto de desejo. A gente lida não só com produto, mas com a emoção das pessoas. Elas vão chegar em casa e querem um produto acolhedor. É preciso pensar como vão usufruir, como vão reagir e como vão se aconchegar com os móveis. E o móvel tem que conversar com a arquitetura. É possível fazer móvel que de boa qualidade e com design com preço acessível”, pontuou ao falar da relação entre móvel e afetividade.
O móvel tem uma função para cumprir, mas dentro da perspectiva do autoral ela não é só conceitual. De acordo com ele, está havendo uma supervalorização do conceitual e depois não se consegue sair da produção artesanal e quanto menos exportar. “O produto tem que ser de execução fácil e é preciso também socializar o design, tem que caber no bolso. Uma cadeira pode ser linda, maravilhosa, mas se não vender não paga o salário dos funcionários”, alerta.
O que se espera de um lar?
O que o usuário busca em uma residência e como isso se reflete no designer de interiores? Essa foi a proposta trazida pelo Espaço Estilo de Vida do Congresso Nacional Moveleiro, um ambiente de 48 metros que simula a moradia para um casal e um pet. Cozinha, quarto, banheiro sala e jardim compõem o ambiente que apesar de pequeno diante dos padrões não deixa de considerar um local agradável e que gere a identificação de lar.
Apesar de ser um movimento minoritário, o diretor da Pensare Desenvolvimento, Celso Garcia, afirma que há uma perspectiva de combater a ideia do ‘ter”. “Uma lógica de acúmulo sem fim, não é viável”, alerta.
Para ele, o lar é um local de afeto. “Que espaço é esse de segurança que estou construindo? Eu não tenho um sofá, eu tenho um espaço em que eu me sinto seguro. Esse lar tem que ser construído no mobiliário e no emocional. Algumas pessoas depositam o seu conforto emocional em outras pessoas, em cargos ou em lugares. Como eu construo esse lugar? Eu tenho uma casa, um lar em que me sinto protegido? ”, provocou ao afirmar que segurança, mínimo de conforto, conectividade e que se possa estabelecer relações legítimas de afeto são as características de um lar.
A idealizadora do Projeto Estilo de Vida, Katalin Strammer, trouxe o conceito de tiny-house, um ambiente extremamente pequeno. “Na residência que montamos aqui no Congresso nós queremos mostrar a mudança das prioridades. Há uma banheira enorme e um jardim que ocupa um quarto de todo o espaço”, afirmou ao dizer que o projeto tenta captar o que o consumidor precisa.