
Em uma pesquisa de competitividade realizada com 60 países pela Fundação Dom Cabral, o Brasil vem caindo no ranking nos últimos quatro anos. Hoje ocupa o preocupante 54º lugar. Na mesma linha a Confederação Nacional da Indústria (CNI) confirma essa tendência, e desdobra alguns indicadores inquietantes, como perda da eficiência produtiva, em decorrência de dificuldades com transporte, mão-de-obra e custo. Neste cenário um tanto hostil, em que a questão politica tem imperativamente influenciado tomadas de decisão estratégicas que impactam negativamente a vida das empresas, é a criatividade que aparece como principal arma contra a perda de competitividade.
É bem verdade que os pequenos negócios, representados por 99% das empresas brasileiras, possuem mais agilidade e flexibilidade para se adaptarem às novas tendências de mercado, sejam elas sobre o comportamento do consumidor, tecnológicas ou macroeconômicas. Considerando a resiliência com que estes pequenos negócios enfrentaram a crise de 2008. As pequenas empresas que estão alinhadas com as demandas do mercado e atualizadas em termos de capital intelectual e tecnológico possuem mais vantagem competitiva, já que aceleram exponencialmente a escalabilidade de seu negócio. Este alinhamento pode ser traduzido em uma expressão bastante difundida nos últimos anos: a proposta de valor.
O desafio de tornar-se e manter-se sustentável depende diretamente da criação de valor para o cliente. Este imperativo, diz respeito a não apenas clientes externos, em que a empresa coloca muito mais esforço para melhorar a atratividade de mercado, mas também, aos clientes internos e da cadeia de valor da organização. Aqui, identificamos uma bifurcação da criação de valor: uma foca na criação de valor a partir do entendimento do mercado e outra, nos processos internos e relacionamentos que a empresa mantém com toda a sua rede de atores (fornecedores, parceiros, etc.). Quando a empresa consegue mapear pontos de geração de valor neste ambiente competitivo, de maneira integrada, passa a mitigar riscos e reduzir custos operacionais com maior facilidade.
Então, a criação simultânea de valor para clientes internos e externos, retrata o que já foi bastante difundido na “Estratégia do Oceano Azul”: reduzir e eliminar atividades desnecessárias e aumentar ou criar valor de maneira diferente da concorrência. Embora este segredo de competitividade pareça bastante simples, a empresa apenas consegue colocar em prática um plano de ação que lhe permita saltar em termos competitivos, quando visualiza todas as dimensões (internas e externas) em que pode se comparar com seus concorrentes e finalmente, ter insights de inovação.
Mas e a criatividade, onde entra? Recentemente, temos visto surgir o advento de metodologias lean. Estas metodologias que revisitam abordagens e ferramentas de gestão estratégica antes vistas de forma isolada e mais linear, hoje ressurgem como alternativas para o desenvolvimento e validação de novos negócios focando na criação de valor e na redução de riscos tecnológicos e financeiros. Estes processos, tais como o design thinking, o business model canvas, o lean startup e o radar 360 graus da inovação, atuam de maneira imersiva e intuitiva na observação em profundidade do mercado, visando à geração de oportunidades e a validação da viabilidade destas de maneira ágil e mais barata que os processos tradicionais de pesquisa e desenvolvimento.
As principais vantagens de a empresa conhecer essas metodologias recentes para sistematizar o processo de gestão da inovação, são: a) a ampliação do escopo do que é inovação (desmistificação do tema para o time da empresa e ampliação do conceito, ou seja, inovação não é só de produto, mas pode acontecer em várias dimensões do negócio); b) mobilização da equipe e de parceiros para cocriar ideias e projetos; c) aproveitamento de tendências de mercado para melhoria do portfolio de produtos e serviços da empresa; d) envolvimento do cliente do processo de construção ou remodelagem do negócio e, finalmente, e) antecipação de avaliações qualitativas e quantitativas multicritérios para economia de recursos financeiros alocados para os projetos.
Em última análise, o aparecimento de novas metodologias e abordagens que focam na criação de valor para o negócio, tem sido a resposta para dar mais velocidade e segurança para os novos empreendedores. Se você, portanto, é um velho empreendedor, está na hora de se renovar. Continuar neste processo de comoditização da gestão e dos produtos, só irá matar o seu negócio. Quem faz mais do mesmo, pouco se destaca no mercado globalizado. Se você revende carros, seu concorrente não é mais apenas as demais lojas de veículos, mas o cirurgião plástico, que se oferecer uma proposta de valor e uma experiência superior à sua, acabará convencendo a esposa do seu cliente potencial a optar pelo aumento dos seios no lugar do carro novo.
Finalmente, a construção de uma proposta de valor é tão ou mais importante quanto a definição da missão do próprio negócio, principalmente se estamos falando dos pequenos negócios, que muitas vezes competem com grandes corporações. A proposta de valor é o pacote de benefícios criado para seus principais clientes e parceiros. Este pacote precisa “encaixar” nas aspirações (dores, desejos) que os clientes (externos ou internos) possuem. O uso de metodologias mais imersivas e que valorizam a observação e a análise de dados do ambiente competitivo, permitem a identificação de necessidades que até mesmo as pessoas não sabem que possuem. E quando você se antecipa e lança atrativos que potencializam sua proposta de valor, passa a liderar em um quesito que seu concorrente nem sabia que existia.
Sobre o Senai – Centro Internacional de Inovação
O Senai presta consultorias para inovação em modelos de negócios, para empresas de diversos portes e segmentos e aplica metodologias e ferramentas práticas, tais como o design thinking, business model canvas e o radar 360 graus da inovação. Sua empresa pode utilizar estes serviços consultivos para estudar e implementar alternativas para tornar seu negócio mais atrativo para o mercado ou identificar pontos para redução de custos operacionais com processos mais ágeis, envolvendo seus colaboradores na cocriação de soluções inovadoras. Conheça e nos contate através do site.
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Por André Luiz Turetta, consultor de Negócios do Senai no Paraná