Receitas criativas fazem Joy Project Brewing se destacar entre cervejarias artesanais

Fundada por amigos que fabricavam a bebida por hobby e apostando na rotatividade de rótulos, empresa segue tradição de qualidade na produção paranaense

Fábrica possui capacidade para produzir 10 mil litros de cerveja por mês (Fotos: Gelson Bampi)

A história da curitibana Joy Project Brewing é similar à de muitas microcervejarias que ajudaram a tornar o Paraná referência no mercado de cervejas artesanais em termos de qualidade e variedade de rótulos. Um grupo de amigos começa a produzir a bebida por hobby, em seguida aumenta a escala usando a estrutura de fábricas parceiras até que decide adquirir espaço e equipamentos próprios para consolidar o negócio.

No caso da Joy, o hobby dos amigos e agora sócios Everton Delfino, Diego Nery e Paulo Matulle começou em 2014. Em 2018, criaram a marca e começaram a produzir como uma cervejaria cigana, preparando suas receitas em outras fábricas já consolidadas. “Esse primeiro ano usamos para a marca nascer e fomos desenhando o projeto da cervejaria, comprando equipamentos, indo atrás de lugar e tudo mais”, conta Delfino. No final daquele ano, conseguiram um barracão às margens da Linha Verde, no bairro Xaxim, região onde os três cresceram, e ali montaram a fábrica própria, que começou a operar em 2019.

Receitas variadas
Uma das principais particularidades da Joy é trabalhar sempre com receitas novas. “Nosso diferencial é o de não repetir receitas”, explica Delfino. “Uma das nossas vontades quando criamos a cervejaria era sair um pouco desse quadrado de ter rótulos fixos, a gente queria ter um negócio diferenciado, sempre inovando. Somos muito ligados à escola americana, então temos alguns estilos que sempre fazemos, mas não necessariamente a mesma receita. Sempre mudamos uma coisa ou outra, testamos novas técnicas na produção”, completa.

Alguns dos rótulos produzidos pela Joy

Para se ter uma ideia da diversidade da produção, a cervejaria lançou recentemente a Tangerim Beer, uma American Lager com tangerina em sua composição. Em seu histórico, há criações ainda mais complexas, como a Love My Room, inspirada na tradicional torta banoffe. Sua receita levava doce de leite, banana, nozes e um toque de lactose em uma base leve e suave de Stout, complementada por chocolate amargo.

Atualmente, a Joy possui capacidade para produzir 10 mil litros de cerveja por mês. “Nossa fábrica é relativamente pequena, mas desenhamos ela em um modelo mais enxuto justamente para ter essa movimentação e fazer vários estilos, então precisamos trabalhar com volumes menores”, justifica.

Outro motivo para uma capacidade menor é que a prioridade da linha de produção é abastecer principalmente o bar próprio da marca, instalado junto à fábrica. “Também atendemos pontos de venda, mas a ideia é sempre atender o nosso bar, trabalhando diretamente com o consumidor final”, diz. Hoje, além de comercializar as cervejas pelas torneiras de seu bar, a Joy também vende os produtos em latas, disponíveis inclusive em um e-commerce próprio.

Sobrevivendo à pandemia
Logo no início de sua trajetória, a Joy precisou encarar um enorme desafio para sobreviver. A pandemia de Covid-19, que obrigou a adoção de medidas restritivas, impactou diretamente os negócios. “Começamos a fábrica em 2019 e o primeiro ano de qualquer empresa é delicado. Quando virou 2020, que seria nosso primeiro ano real, que as coisas iriam começar a acontecer de verdade, a pandemia veio no meio”, relembra Delfino.

Everton Delfino, um dos sócios da cervejaria

Ele conta que, no primeiro ano de pandemia, a Joy conseguiu equilibrar as contas ao buscar outras formas para alcançar seus consumidores, apostando principalmente em vendas pela internet. Mas, com o prolongamento das restrições por mais um ano, a demanda baixou e a empresa precisou adequar a produção. “Como já tínhamos um planejamento de crescimento e investimentos que iam acontecer, a gente acabou arriscando em seguir. Agora, em 2022, estamos retomando, mas não é 100% ainda”, relata.

Hoje, seis pessoas trabalham na fábrica, incluindo os três sócios, que atuam diretamente na produção ou em outras áreas da empresa. Segundo Delfino, esse é um padrão das microcervejarias. “A variação (no número de trabalhadores) vai depender muito do volume de produção, mas como os processos são todos fechados, não muda muita coisa. O que muda quando se tem um volume maior é que vai setorizando, tem mais pessoal na área de logística, por exemplo. Mas são poucas as que têm uma estrutura organizacional setorizada. Na maioria delas, os sócios têm mais de uma função”, diz.

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