

Além de serem cada vez mais estratégicas para o resultado nacional de seus respectivos grupos, as fábricas das grandes cervejarias instaladas no Paraná se destacam também por seus processos produtivos cada vez mais sustentáveis. Investimentos recentes têm feito com que as unidades de Ambev e Heineken instaladas em Ponta Grossa sejam referências na utilização de energia gerada por fontes renováveis, no reaproveitamento de resíduos gerados na linha de produção e no tratamento de efluentes.
“Além de atuar com os mais modernos equipamentos da indústria para produzir suas bebidas, a Cervejaria Adriática conta também com tecnologia de ponta no que se refere à ecoeficiência operacional”, afirma o diretor de Relações Institucionais da Ambev, Filipe Barolo, referindo-se ao nome recebido pela fábrica da empresa na cidade. Segundo ele, a unidade já nasceu com maquinários que garantem menor consumo de energia e de água. Barolo ressalta, ainda, que a matriz calorífica da filial é movida 95% por combustível renovável, utilizando biomassa de cavaco de madeira e óleo vegetal como fonte de energia.
Segundo o diretor, a unidade também reaproveita quase 100% de todo o resíduo sólido gerado na produção. “Esses resíduos são destinados à alimentação animal, enviados para indústrias de reciclagem e também viram composto orgânico (adubo)”, explica. “Ou seja, podemos dizer que praticamente não existe lixo na cervejaria de Ponta Grossa, uma regra em todas as unidades da Ambev”, completa.
Outro destaque da fábrica paranaense é sua estação de tratamento de efluentes industriais (ETEI), com capacidade para tratar cerca de 15 milhões de metros cúbicos de efluentes por ano. Esse volume equivale ao tratamento de esgoto diário de uma cidade de aproximadamente 179 mil habitantes, semelhante à população do município de Guarapuava. “Isso garante que a água devolvida aos rios esteja limpa, com padrão de qualidade melhor do que quando foi captada”, garante Barolo. “Além disso, recentemente a Adriática se tornou a primeira grande cervejaria carbono neutro do país, junto com a maltaria de Passo Fundo (RS)”, acrescenta.
Vidros sustentáveis
Agora, a Ambev realiza investimentos para ampliar a sustentabilidade de outros elos de sua cadeia produtiva. A companhia anunciou recentemente a aplicação de R$ 870 milhões para a construção de uma nova fábrica de vidros sustentáveis no Paraná. “Muito além de abastecer todo o país, a unidade representa a aposta no desenvolvimento da logística reversa e economia circular”, afirma o diretor de Relações Institucionais da empresa.
Essa nova fábrica, que será instalada no município de Carambeí, vizinho a Ponta Grossa, deve começar a operar em três anos. De acordo com Barolo, toda sua produção estará alinhada à meta da companhia de ter 100% dos seus produtos em embalagens retornáveis ou feitas majoritariamente de conteúdo reciclado até 2025. “A fábrica de vidros produzirá garrafas a partir da reciclagem de cacos, recolhidos em parcerias com empresas de logística reversa e cooperativas”, explica. A nova planta terá capacidade de produzir garrafas long neck, de 300 ml, 600 ml e 1 litro para diversos rótulos, como Stella Artois, Becks e Spaten, e abastecerá não somente a fábrica de Ponta Grossa, mas também de outros estados.
Outro destaque, segundo Barolo, é que a fábrica de vidros já operará desde o início com 100% de energia elétrica renovável, sendo preparada também para operar com biocombustíveis. Contará, ainda, com uma estação para tratamento de 100% dos efluentes gerados e reaproveitamento da água utilizada no processo produtivo, além de várias tecnologias de ponta, garantindo alta eficiência hídrica e energética. “Ao todo, a nova fábrica no Paraná deve gerar mais renda e emprego para o Estado com impacto positivo para todo o ecossistema de logística reversa”, finaliza o diretor.

Meta de zero carbono
Investir em processos produtivos sustentáveis também está no centro da estratégia da Heineken, como explica o diretor Industrial da Regional Centro-Sul do grupo, Rodrigo Bressan. “Na frente ESG (sigla em inglês para boas práticas ambientais, sociais e de governança), a unidade produtiva de Ponta Grossa utiliza energia de fontes renováveis, como caldeiras de biomassa e energia solar, desde 2020”, afirma. “Essa é uma das iniciativas da companhia pelo atingimento de zero carbono na produção já em 2023 e neutralidade em toda a cadeia de valor até 2040”, acrescenta.
Em 2020, a unidade paranaense recebeu investimentos de R$ 865 milhões para que sua capacidade produtiva fosse aumentada em 75%. A ampliação da fábrica ocorreu após o adiamento da instalação de uma nova unidade que o Grupo Heineken pretendia construir em Minas Gerais. “Com o adiamento, a companhia realizou novos investimentos em outras cervejarias que pudessem atender à crescente demanda e Ponta Grossa foi uma delas”, explica Bressan.
Os investimentos no Estado, no entanto, não devem parar por aí. “O Brasil é o maior mercado da Heineken no mundo e a cervejaria de Ponta Grossa é um potencializador da estratégia de expansão da companhia”, garante o diretor. “Por isso, reafirmamos nosso compromisso com o mercado brasileiro e com o estado do Paraná, onde temos investido no nosso negócio e na geração de empregos e renda”, finaliza.
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