Produção industrial no Paraná cai 1% no primeiro semestre de 2022

Setor sentiu impacto da conjuntura econômica que desestimula o consumo e já afeta o ritmo de produção nas empresas

Setor alimentício, um dos mais relevantes, teve queda de 2,5% no primeiro semestre deste ano (Fotos: Gelson Bampi)

O cenário macroeconômico de inflação e taxa de juros em alta, além da redução na renda média da população, que ajudam a explicar a queda no consumo das famílias brasileiras, já afetam a produção nas indústrias do Paraná. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta manhã (9/8) que, no primeiro semestre deste ano, a produção industrial do estado caiu 1% na comparação com o mesmo período de 2021. O resultado acompanhou a tendência nacional, que ficou negativa em 2,2% no mesmo período. Na região Sul, Santa Catarina teve o pior resultado (-5,4%) e o Rio Grande do Sul fechou o semestre com ligeira alta (+0,4%).

O economista da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Evânio Felippe, informa que essa desaceleração no ritmo de produção nas fábricas já vem ocorrendo desde o fim do último trimestre do ano passado, por conta de aspectos de ordem econômica. Nos últimos 12 meses, a produção industrial do Paraná acumula ligeira alta de 0,6%. Porém, mês a mês, o ritmo vem caindo. Em janeiro, era de 7,8%. Veio desacelerando em fevereiro (7,5%), março (5,8%), abril (2,1%) e, em maio, chegou a 0,6%, mesmo valor registrado agora. “A política monetária no Brasil, de elevação da taxa de juros para conter o aumento da inflação, aliada à queda na renda média do brasileiro, desestimula o consumo”, explica. “Com receio do endividamento e para garantir o mínimo necessário para seu sustento, as famílias adiam compras e fazem cortes no orçamento. Essa condição impacta nas vendas do comércio e, consequentemente, a produção nas indústrias”, justifica.

Setores industriais

Nos primeiros seis meses deste ano, das 13 atividades avaliadas pelo IBGE no Paraná, oito tiveram resultado abaixo do esperado. O pior desempenho foi do setor moveleiro (-16%), seguido por máquinas aparelhos e materiais elétricos (-15,6%), madeira (-10%), minerais não-metálicos (-7,5%) e fabricação de produtos de metal (-3,7%). Segmentos importantes na composição do PIB industrial do estado também ficaram negativos. Alimentos caiu 2,5% e, automotivo, 2%. Entre os que ainda estão crescendo neste ano estão bebidas (27%), petróleo (3,5%), celulose e papel (3%), máquinas e equipamentos (1,5%) e produtos químicos (1%).

O economista da Fiep alerta sobre uma consequência importante para a indústria deste momento econômico desfavorável no Brasil. “As incertezas na economia e o período pré-eleitoral indefinido inibem os investimentos. Com as taxas de juros em alta, o empresário que tem recursos disponíveis aplica esses valores para fazê-los render mais até que a situação se defina e seja possível investir com mais segurança. Essa postura de cautela afeta a competitividade do setor”, avalia. “Da mesma forma, quem precisa buscar recursos para investimento em bancos e instituições financeiras aguarda um período mais favorável para não correr riscos de endividamento”, completa.

Até o fim do ano as condições não devem mudar. Segundo Evânio Felippe, os custos de produção na indústria continuam pressionados por conta da situação econômica mundial. Europa e Estado Unidos têm registrado inflação alta. “Para conter os gastos devem reduzir suas compras de outros países, impactando nas exportações da indústria paranaense para essas regiões”, justifica. Os sucessivos lockdowns na China para conter o avanço da Covid-19 são outro fator preocupante. “A manutenção deles deve encarecer e atrasar ainda mais o acesso a matérias-primas e insumos para produção”, avisa Felippe. “Temos ainda muitos insumos e componentes utilizados na indústria que são importados e cotados em dólar. A taxa de câmbio instável é mais um elemento importante na definição dos custos de produção no Brasil. Essas incertezas ao longo do segundo semestre, somadas às indefinições políticas, podem afetar o ritmo da atividade produtiva no Paraná e no país”, adverte.

O resultado de junho comparado ao mesmo mês de 2021 traz um alento.  O Paraná teve alta de 7,3% na produção das indústrias, o terceiro maior crescimento do país. O indicador nacional ficou negativo, em 0,5%. No Sul, Rio Grande do sul registrou alta de 3% e Santa Catarina, de 0,6%. Neste período, quem puxou o crescimento no Paraná foi petróleo (28%), automotivo (27%), bebidas (22%) e borracha e material plástico (13%). Setor de alimentos, que tem um peso significativo na matriz industrial do estado cresceu 1,2%. Os cinco segmentos com pior desempenho foram madeira (-13,4%), minerais não-metálicos (-12,2%), máquinas e equipamentos (-3,5%), moveleiro (-1,4%) e fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-1,1%).

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