Mobilização do setor produtivo é fundamental para redução do Custo Brasil

Evento promovido pela Fiep, com participação do industrial Jorge Gerdau e do secretário do Ministério da Economia, Jorge Lima, abordou projeto que quer eliminar custos indiretos que pesam sobre a economia brasileira

Presidente da Fiep participou do evento no Campus da Indústria (Foto: Gelson Bampi)

A redução do Custo Brasil é fator essencial para aumentar a competitividade da indústria e depende de união do setor produtivo para que as medidas necessárias avancem no Congresso Nacional. Essas foram algumas das conclusões apresentadas durante evento promovido nesta quinta-feira (20) pela Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), que debateu um projeto que tem o objetivo de reduzir os custos indiretos que pesam sobre as empresas e os produtos brasileiros. O encontro, que fez parte das atividades do Mês da Indústria, teve a participação do industrial Jorge Gerdau Johannpeter, presidente do Conselho Superior do Movimento Brasil Competitivo (MBC) e de Jorge Lima, Secretário de Desenvolvimento da Indústria, Comércio, Serviços e Inovação do Ministério da Economia.

Em parceria, o MBC e o ministério desenvolvem um projeto sobre o tema, que chegou à conclusão de que, por ano, o setor produtivo nacional tem gastos adicionais de R$ 1,5 trilhão, quando se comparam as condições de produção no país com as de outras nações industrializadas. A iniciativa, que conta com apoio do Fiep, já tem apresentado projetos concretos com potencial de redução do Custo Brasil, mas boa parte deles depende de aprovação pelo Congresso Nacional.

Assista ao evento na íntegra:

“A pandemia mostrou a injustiça que nós temos com a dependência de tantos insumos importados. Um mercado grande como o brasileiro, com a sexta maior população do mundo tem que ser mais e melhor explorado pela indústria brasileira”, afirmou o presidente da Fiep, Carlos Valter Martins Pedro, na abertura do evento, ressaltando que isso passa necessariamente por soluções sobre o Custo Brasil. “Muitas vezes conjugamos para um modo só, que é a questão tributária sobre a nossa produção. Mas além da tributação, temos o Custo Brasil, que são custos indiretos. Por que pagamos mais simplesmente porque estamos no Brasil? Isso é injusto não com a indústria, mas com o consumidor brasileiro”, ressaltou.

Na mesma linha, Jorge Gerdau afirmou que o conjunto de problemas no ambiente de negócios que se somam no Custo Brasil é o principal fator de perda de competitividade da indústria nacional. “Esse tema é tão importante porque o Brasil tem um alto nível de competitividade intramuros. Isso, infelizmente, é pouco analisado. Mas a grande não competitividade acontece extramuros, que se simboliza nesse número de R$ 1,5 trilhão, que é absolutamente absurdo”, disse.

Gerdau também apontou a questão tributária como um dos maiores entraves para o desenvolvimento industrial do país, especialmente pela cumulatividade de impostos ao longo das cadeias produtivas. Além disso, citou outros dois graves problemas que elevam significativamente o Custo Brasil: os excessivos encargos trabalhistas, que elevam os gastos para contratação de empregados, sem que o trabalhador tenha ganhos efetivos em seus rendimentos; e os elevados custos de energia elétrica, que tem embutida em seus preços inúmeros encargos resultantes de ineficiências do sistema.

“A visão desse R$ 1,5 trilhão está posta na mesa, o que nunca tivemos. Nós temos hoje a possibilidade de lutar. O problema não é técnico, mas a real força tem que ser pelo esforço político. Por isso a importância de estarmos debatendo e termos um secretário como o Jorge Lima que se movimenta para empurrar os diversos processos”, afirmou Gerdau.

Mobilização

Para o secretário, a interação que está ocorrendo atualmente entre governo e setor produtivo, por meio do projeto encabeçado pelo MBC, é fundamental para começar a mudar esse quadro. “Temos que ir na raiz do problema. O setor produtivo não conhece o governo e o governo não conhece o setor produtivo”, disse Jorge Lima. “A economia em qualquer país desenvolvido anda apartada da política. Então precisamos trazer o setor produtivo pra dentro do governo numa parceria de direito”, completou.

Ele acrescentou, ainda, que boa parte das soluções para o Custo Brasil dependem do Congresso Nacional. “Desse R$ 1,5 trilhão, R$ 1,1 trilhão passa pelo Congresso, os outros R$ 400 bilhões são infralegais ou estruturantes do governo. Fizemos um trabalho imenso de aculturamento do Custo Brasil e isso faz com que o setor produtivo tenha que vir para dentro. É ele que tem que conversar com sua base regional ou nacional para forçar as mudanças, já que 80% passam pelo Congresso”, explicou. Segundo o secretário, para que isso avance o ministério está mobilizando coalizões estaduais para avançar nesse processo.

Dentro do trabalho em parceria com o MCB, já foram identificadas mais de 1 mil propostas que podem reduzir o Custo Brasil e estão sendo transformadas em projetos de lei. Desses, 22 têm maior potencial para redução dos gastos e já foram encaminhados ou estão em tramitação no Congresso. “Se fizermos esses 22 projetos, que são extremamente factíveis de serem votados este ano, com mais um infralegal que estou mexendo, chegamos no final do ano com R$ 800 bilhões potenciais (de redução)”, afirmou. “Mas precisamos votar. E se vota com a participação do setor produtivo. É mobilização. Esse é um projeto de estruturação técnica, está pronto e agora é um projeto político, de direito do setor produtivo de brigar por ele”, acrescentou.

Sistema Fiep - Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná
Av. Cândido de Abreu, 200 - Centro Cívico - 80530-902 - Curitiba-PR