
Medidas fiscais, como o aumento do gasto público e diminuição de tributos, têm sido as ações mais adotadas pelas principais economias do mundo para minimizar os impactos da crise causada pela pandemia de Covid-19. Estudo do Observatório Sistema Fiep, que analisou 172 ações anunciadas durante o mês de março, mostra que 63,4% delas seguiram essa linha, enquanto as medidas monetárias – ligadas a aumento da circulação de moeda, crédito e juros – representaram 33,7%. O Brasil, no entanto, não seguiu a mesma tendência, com 45,5% de suas medidas tendo caráter fiscal e 54,5% com viés monetário. Medidas industriais, que visam ao aumento e/ou à diminuição de estímulos ao setor e respondem por 2,9% das ações globais, ainda não foram adotadas pelo governo brasileiro.
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Para realizar o levantamento, especialistas do Observatório coletaram informações dos sites de bancos centrais e governos de nove dos países com maiores produtos internos brutos do mundo: Alemanha, Brasil, Canadá, China, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido. Entre os dez maiores PIBs, apenas a Índia não foi analisada. Também foram utilizados dados do Fundo Monetário Internacional (FMI). No total, os esforços dessas nações para atenuar os efeitos da crise e estimular suas economias já ultrapassam US$ 3 trilhões, sendo que os Estados Unidos serão responsáveis por quase 70% desse montante, aplicando o equivalente a 10% de seu PIB projetado para 2020. No Brasil, as ações totalizam R$ 66,3 bilhões, ou 3,5% do PIB nacional.
O presidente do Sistema Fiep, Carlos Valter Martins Pedro, afirma que a comparação entre medidas adotadas por diferentes países apresentada pelo estudo pode servir de base para novas ações em território nacional. “Este material pode ajudar o Brasil e, principalmente, o Paraná na elaboração de propostas de ações para a sobrevivência das empresas e manutenção dos empregos neste momento, além de estratégias para a retomada da economia após a crise”, diz.
No estudo, é possível ter acesso a um resumo quantitativo da situação do país em termos de contágio e óbitos pelo novo coronavírus, além de uma lista com as medidas anunciadas por cada um deles. Também estão disponíveis gráficos comparativos sobre a natureza das medidas. O material mostra que “a fórmula utilizada pelas maiores economias para conter os efeitos da Covid-19 pode ser enquadrada como política fiscal expansionista, na qual governos exercem uma política focada em aumentar gastos e reduzir tributos”.
Do montante de recursos fiscais anunciados no período em análise, praticamente metade está sendo gasta com transferência de renda e capital a trabalhadores, residentes e empresas. Além disso, outros 22% dizem respeito à renúncia por meio da redução ou suspensão temporária de tributos. Já entre os instrumentos de política monetária utilizados para conter os efeitos da Covid-19 nos países analisados, 34% dizem respeito á compra de ativos e 31% estão ligados à flexibilização de regras para liberar liquidez.
O estudo completo está disponível no site observatoriosistemafiep.org.br.