Encontro Nacional da Indústria debate prioridades para o próximo governo

Evento aberto na manhã desta terça (3), em Brasília, conta com participação de comitiva da Fiep e terá diálogo com candidatos à presidência da República

O presidente Michel Temer discursa durante a abertura do 11º ENAI, em Brasília (Fotos: Gelson Bampi)

Com o objetivo de discutir temas essenciais para o desenvolvimento do país e indicar as prioridades do setor industrial brasileiro para o próximo governo, foi aberta na manhã desta terça-feira (3), em Brasília, a 11ª edição do Encontro Nacional da Indústria (ENAI). Na abertura do evento, que teve participação do presidente da República, Michel Temer, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, destacou o momento decisivo atravessado pelo Brasil, que precisa tanto solucionar antigos problemas que atrapalham o país desde o século 20 quanto se preparar para os desafios tecnológicos do século 21. A Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) participa do encontro com uma comitiva composta por seu presidente, Cláudio Petrycoski, diretores da entidade, presidentes de sindicatos industriais do Estado e empresários.

Acompanhe a transmissão ao vivo do 11º ENAI

Com o tema “A indústria e o novo governo”, o ENAI discute a governança no país, os desafios do crescimento econômico e da quarta revolução industrial. “O momento em que se realiza o 11º ENAI é singular. Ocorre às vésperas das eleições de 2018, que serão um momento decisivo. Se fizermos as escolhas corretas, poderemos colocar o Brasil na rota do crescimento”, afirmou Andrade. “Ainda continuamos enfrentando velhos problemas, como: sistema tributário ineficiente, infraestrutura precária, educação de baixa qualidade, financiamento caro e relações de trabalho que, só recentemente, passaram por modernizações. O Brasil não pode mais esperar. Além de equilibrar as contas públicas, com a mudança das regras da Previdência Social, o grande desafio do próximo governo será mesmo o de viabilizar a Reforma Tributária”, completou.

Para marcar a posição do setor industrial e apontar as prioridades para o próximo governo, a CNI promove, nesta quarta-feira (4), o Diálogo da Indústria com os Candidatos à Presidência da República. Serão sabatinados os candidatos Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede), Jair Bolsonaro (PSL), Henrique Meirelles (MDB), Ciro Gomes (PDT) e Álvaro Dias (Podemos). “A indústria tem dado a sua contribuição ao processo eleitoral. Dialogamos com os candidatos e suas assessorias, apresentamos propostas concretas aos presidenciáveis e, amanhã, teremos a oportunidade de debater com seis deles”, disse Andrade.

Em seu discurso, o presidente Michel Temer destacou medidas adotadas por seu governo com o objetivo de aprimorar o ambiente de negócios do país, como a modernização da legislação trabalhista e a regulamentação do serviço terceirizado, entre outras. “Fizemos reformas fundamentais e colocamos outras na pauta política do país. Hoje, ninguém pode dizer que a reforma da Previdência não é fundamental para o país”, afirmou. Temer também concordou que alterações no sistema tributário brasileiro são essenciais. “Temos que falar também em simplificação tributária, que fomente o desenvolvimento no país e que impeça o aumento de tributação no nosso sistema”, declarou.

Pedro Parente, Joaquim Falcão e Fernando Henrique Cardoso debateram os desafios da governança em painel mediado pelo jornalista William Waack

Governança – Logo após a abertura, o primeiro painel do 11º ENAI debateu o tema “A governança do Brasil: os problemas, a agenda, as saídas”. Participaram o ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso; o professo de Direito, Joaquim Falcão; e o presidente do Conselho da BRF Brasil e ex-presidente da Petrobras, Pedro Parente.

Para o ex-presidente, alguns dos principais desafios para melhorar a governança do país são superar a enorme fragmentação ocorrida na sociedade nos últimos anos e recuperar a confiança nas instituições. “De tudo o que aconteceu no Brasil, o mais grave é a quebra de confiança. As pessoas não confiam mais. Temos que encontrar caminhos com valores comuns que permitam nos unir de novo”, disse Cardoso. “Precisamos eleger alguém que tenha a capacidade de entender que vai ter uma função moderadora, uma liderança ativa e que tenha rumo. Temos que ter uma estratégia de país”, completou.

O professor Joaquim Falcão concordou com a afirmação do ex-presidente sobre a atual fragmentação do país. Para ele, a primeira fragmentação é justamente a do poder decisório. Além disso, destacou que esse não é um problema exclusivo do Brasil, sendo observado também em diversos outros países. “O século passado foi o século da escolha da democracia. O século que estamos vivendo é o século da implementação do que decidimos no passado. É o estresse da democracia”, afirmou.

Já Pedro Parente defendeu três princípios que deveriam ser adotados para uma boa governança pública: permitir um funcionamento orgânico do governo, como entidade única, com clara de diretriz e estratégica; permitir o funcionamento efetivo do governo; e permitir autocorreção, se houver necessidade, com esse sistema sendo capaz de realizar mudanças sem rupturas. “Mas quando chegamos à diversidade partidária, fica impossível ter um governo orgânico. A cultura do fisiologismo, com o loteamento de cargos, se estende a níveis de gestão que deveriam ser exclusivamente profissionais. Esse conjunto de problemas e outros não permitem a autocorreção da governança”, analisou.

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