Empresas e famílias fizeram ajustes para enfrentar a crise. Falta o governo fazer a sua parte, diz economista da CNI

Os últimos três anos de recessão causaram grandes danos na economia brasileira obrigando toda a sociedade a fazer ajustes. As empresas e as famílias fizeram a sua parte. Falta o governo fazer a dele. A afirmação é do gerente executivo de Políticas Econômicas da Confederação Nacional da Indústria (CNI), economista Flávio Castelo Branco, que participou […]

“Precisamos promover a transição para um novo regime fiscal”, defende economista da CNI. (Foto: Galtieri Oliveira)

Os últimos três anos de recessão causaram grandes danos na economia brasileira obrigando toda a sociedade a fazer ajustes. As empresas e as famílias fizeram a sua parte. Falta o governo fazer a dele. A afirmação é do gerente executivo de Políticas Econômicas da Confederação Nacional da Indústria (CNI), economista Flávio Castelo Branco, que participou nesta terça-feira (24), em Curitiba, da solenidade em comemoração aos 30 anos da pesquisa Indicadores Conjunturais da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep).

Segundo o economista, há sinais claros de recuperação da economia. O grande indicador é a inflação que hoje está em níveis reduzidos para os padrões brasileiros, o que está permitindo a redução das taxas de juros. O desemprego começa a recuar e a estabilidade do câmbio é ouro sinal positivo. Castelo Branco informou também que as pesquisas realizadas pela CNI e pelas federações de indústrias em todo o Brasil revelam que os empresários estão recuperando a confiança, o que não acontecia desde março de 2015. “A pesquisa mostra também uma intenção do industrial de retomar investimentos, o que não vinha acontecendo nos dois últimos anos”, informa o economista.

Segundo Flávio Castelo Branco, todo este ambiente de recuperação é positivo, mas precisa se consolidar. “Temos pela frente dois cenários, um deles com a continuidade e aceleração das reformas e a consequente retomada gradual do crescimento; e outro sem o avanço das reformas, a paralisação da recuperação da economia e a estagnação do país”. Para Castelo Branco, um crescimento de 1% é igual à estagnação. “O crescimento tem que ser acima de 3% e mesmo neste nível a recuperação plena virá só em 2020 ou 2022 e não antes disso”, alerta, acrescentando que a definição deste cenário está atrelada ao resultado das eleições de 2018.  “Precisamos promover a transição para um novo regime fiscal, melhorando o ambiente de negócios e avançando na agenda da competitividade”, destaca.

Indicadores conjunturais –  A pesquisa Indicadores Conjunturais da Fiep começou há 30 anos a pedido dos industriais paranaenses que demandavam informações sobre o desempenho e as tendências do setor industrial paranaense e buscavam também dados de outras fontes que não fossem as oficiais (do governo). O superintendente da Fiep, Reinaldo Tockus, que representou o presidente Edson Campagnolo no evento, disse que a pesquisa tem por objetivo subsidiar as indústrias na tomada de decisões estratégicas. “É muito importante a contribuição das indústrias com o fornecimento de dados e queremos continuar contando com esta parceria”, disse.

O economista Roberto Zurcher, da Fiep, apresentou a evolução do estudo ao longo destas três décadas, mostrando que os dados revelam a mudança do perfil industrial do Paraná, que aconteceu neste período.

Quando a pesquisa começou, em 1987, eram 6.840 indústrias com  mais de cinco trabalhadores no Paraná e juntas elas geram 195 mil empregos, respondendo por 4,2% do PIB industrial brasileiro. Os setores predominantes eram Químicas e Petroquímicas (especialmente a Petrobras e indústrias de adubos e fertilizantes), com participação de 24% no PIB industrial do Paraná; e Alimentos, com 18%. A indústria da Madeira era a terceira colocada, com participação de 9%.

Atualmente, são 18.560 indústrias com mais de cinco trabalhadores que juntas empregam 651 mil pessoas e respondem por 7,8% do PIB industrial do Brasil. Hoje, o setor de Alimentos representa 28% do PIB industrial do Paraná, superando o de Químicas e Petroquímicas, que representam 21%.  A terceira colocada é a Indústria de Material de Transporte, que engloba as montadoras de veículos, com 12% de participação.

Na solenidade que marcou a comemoração dos 30 anos da pesquisa Indicadores Conjunturais as 45 indústrias paranaenses que participam desde o começo da pesquisa, fornecendo dados, foram homenageadas. Atualmente, o universo pesquisado abrange 400 indústrias de todos os setores, portes e regiões do Paraná. Elas informam mensalmente dados referentes à produção, vendas, trabalhadores empregados, horas trabalhadas, capacidade instalada e capacidade ociosa, entre outros dados que contribuem para a formação dos indicadores conjunturais. Os dados da pesquisa paranaenses compõem também os Indicadores Conjunturais da CNI, revelando o desempenho da indústria nacional.

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