Inovação e sustentabilidade marcaram segundo dia do Congresso Moveleiro

Cases foram apresentados, desde uma lareira portátil a uma fábrica que produz móveis personalizados em 3 horas

Máquinas que são capazes de administrar em tempo real os dados e transformar uma decisão produtiva, velocidade e flexibilidade. Esses foram alguns dos itens citados como fundamentais para inovar dentro da perspectiva da automação industrial nesta sexta-feira (22), no segundo dia do Congresso Nacional Moveleiro, realizado pela Federação das Indústrias do Paraná.  Além disso, o foco sustentável no processo produtivo e um impacto ambiental baixo não devem ser perdidos de vistas.

Luigi de Vito, diretor da Divisão SCM Madeira Machinery

Partindo do pressuposto de que cada vez mais o cliente busca informação, o italiano Luigi de Vito, que é o diretor da Divisão SCM Madeira Machinery, trouxe o dado de que hoje, antes de o cliente comprar, ele verifica na web ao menos 14 vezes aquilo que ele quer consumir. Por isso, de acordo com ele, além de soluções para ganhar competitividade e diminuir o impacto ambiental, as indústrias também precisam buscar experiência.  Nesta perspectiva, ele citou uma mini-fábrica de móveis customizados, instalada dentro de um shopping. Com 120 metros quadrados, clientes podem experimentar um novo modelo de negócio: a fabricação do próprio móvel. Em 3 horas uma peça é produzida, o cliente leva para casa e monta.

“Nós estamos habituados num modelo que partia da extração, produção, distribuir, consumo e jogar descarte. Um modelo de consumo em grande quantidade, pressupondo uma economia de recursos infinitos. Mas no conceito de economia circular, a reutilização dos materiais levará o setor a trabalhar de outra maneira”, defendeu Vito ao falar da conexão entre indústria 4.0 e economia circular.

Um exemplo de negócio com clara orientação para economia circular foi citado pelo italiano, é a Rype-Office, um produtor europeu que se preocupa na reutilização na produção de um móvel novo, 30 a 40% do valor em itens de peças já usadas.

Vontade para inovar

A Linea Brasil, a indústria do segmento que mais exporta racks e estantes no Brasil, apresentou algumas soluções do modelo de negócio. Sidney Nakama contou que a posição é resultado de mais de 10 anos de trabalho de construção de marca, geração de valor, inovação e produtividade.

Marco Aurélio Kumura, diretor executivo da MarketScape Company, falou, parafraseando o CEO da Coca-Cola, que “inovação é trazer dinheiro novo para a empresa”.  Segundo ele, o setor moveleiro precisa aprender observando os modelos de negócios dos setores químico farmacêutico e alimentar. “A inovação vem de setores mais maduros, no mercado moveleiro a relação com cliente precisa amadurecer mais. Inovação requer vontade de mudança.”, defendeu.

Ter humildade para fazer diferente

A Mão colorida, empresa de móveis planejados que fornece estrutura das lojas para O Boticário, Quem disse Berenice, Cacau Show, Mont Blanc e Mercedes-Benz, usou o conceito de fazer o simples para uma série de mudanças na empresa.

Fabio Malinoski, diretor industrial da Mão Colorida, contou que há seis anos, diagnosticaram que a empresa tinha alguns problemas: alta sazonalidade das demandas; falta de indicadores de gestão; turn over elevado; excesso de horas extras; mudanças nas políticas de compras dos principais clientes; e alto custo de inventário. Mas, por outro lado, tinha uma ótima reputação no mercado e um bom clima organizacional.

Era preciso mudar. Desde 2010 reduziram a área de 15 mil metros quadrados para 5. Isso porque reduziram estoque e aproveitaram melhor os espaços. Desde então, a produtividade cresceu 180% e o estoque foi reduzido em 75%. O turn over caiu 80%. As horas extras foram reduzidas em 90%.

Em 2016, aplicaram uma pesquisa com funcionários e concluíram que 100% deles perceberam melhorias gerais na empresa. Malinoski deu algumas sugestões sobre o que aplicaram na mudança na Mão Colorida: “ter humildade para procurar ajuda externa para implantar as mudanças; manter o foco perante desafios; projetos, para ter resultados, demandam tempo e ter determinação”, citou.

Conexão entre designer e indústria

O painel “Soluções de desenvolvimento de produtos e serviços para indústria moveleira”, trouxe a discussão entre alinhar a necessidade de desenvolver um produto criativo e que tenha sintonia com a necessidade da indústria.

A Boulle – móveis de fundamento apresentou uma lareira de 22 diâmetro por 15 cm de altura. Com uma capacidade de 600 ml de álcool cereal e aquecimento por 2 horas, o produto produz  fumaça e é portátil.  A peça representou o designer brasileiro como destaque na Feira de Milão de 2017.  Rodolpho Guttierrez, da Boulle, defendeu a necessidade de investir no designer do produto. “Já ouvi que designer é custa muito. Caro é não vender. Então há uma necessidade de ter designer para agregar valor e ter um diferencial”, defendeu.

Maurício Noronha, da Furf. Design Studio

Furf. Design Studio apresentou os seus produtos, entre eles uma capa para prótese para que deficientes físicos que tiveram amputação dos membros inferiores possam se expressar e misturar as cores. “ Vimos gente usando o nosso produto que não usava bermuda há mais de 10 anos”, contou Maurício Noronha. A capa, que leva o nome Confete, venceu na categoria Saúde do Red Dot Award.

 

Palestra magna

O 8º Congresso Nacional Moveleiro foi encerrado com o diretor executivo e co-fundador da Holding Timos, Richard Rytenband. O especialista apresentou os movimentos da economia nos últimos 10 anos e contextualizou a indústria moveleira nesses movimentos. Com o apoio de gráficos e estatísticas, o executivo comparou o desempenho do Brasil com o de outros países, que investiram em inovação e desenvolvimento de suas indústrias nos últimos dez anos. “Quando comparamos as curvas de PIB real e de empregos formais, conseguimos concluir que houve um aumento do salário mínimo que não veio acompanhado de produtividade. Ou seja, a indústria pagou mais pela mesma entrega do trabalhador”, afirmou. Richard alertou sobre a importância de o país passar a atuar em rede, com mais troca e confiança entre stakeholders, e apresentou fatores de risco para o setor, para os próximos anos – emprego, nível de renda, taxas de juros, atividade econômica, estagnação da construção civil, ergonomia, ABNT, design e a baixa demanda por reposição.

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