Votos nulos, brancos e abstenções são oportunidades perdidas

Em artigo publicado pelo portal UOL, presidente da Fiep defende a realização de uma reforma política como resposta ao desinteresse que eleitores vêm demonstrando nestas eleições

Publicado pelo portal UOL, em 28 de outubro de 2016

Por Edson Campagnolo

Eleitores de 57 cidades brasileiras voltarão às urnas no dia 30 de outubro para escolher prefeitos e vices em votação de segundo turno. São cargos importantes ainda em disputa no sistema político e que precisam de atenção máxima dos cidadãos.

Mas o resultado do primeiro turno das eleições municipais já revelou, de forma contundente, o desalento do brasileiro com a política. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral, a soma de votos nulos, brancos e abstenções no último dia 2 superou o primeiro colocado na corrida à prefeitura de dez capitais, entre elas Curitiba (PR), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Belo Horizonte (MG).

Os infindáveis escândalos de corrupção deixam claro que o país vive uma profunda crise moral na política. Nada, entretanto, deveria servir como argumento para que o eleitor desperdice seu voto. O desinteresse da população dá espaço para que a estrutura e os recursos públicos sejam operados de forma irresponsável, servindo a projetos individuais e não aos verdadeiros interesses coletivos.

O índice de eleitores que não compareceram ao primeiro turno das eleições 2016 foi de quase 18% em todo o Brasil. Sem dúvidas, sinal de que algo precisa mudar. Assim como o desemprego recorde que atinge cerca de 12 milhões de famílias deixa evidente a necessidade de medidas para estimular a atividade econômica, o resultado das urnas clama por mudanças no ambiente político. Reformas econômicas são indiscutivelmente urgentes, mas para o Brasil entrar de fato no rumo certo, a reforma política precisa igualmente ser incluída na pauta.

Entre outras alterações, defendo o fim de eleições a cada dois anos. A unificação dos pleitos, além de reduzir gastos, evitaria o que acontece hoje: diversos setores paralisados enquanto as forças políticas estão voltadas para os arranjos e os interesses da disputa eleitoral.

É necessário que o Congresso Nacional e o governo federal se mobilizem para aprovar novas regras que melhorem a economia e a política do país. Mas cada cidadão também precisa fazer a sua parte. Participar da vida política é uma obrigação de todos. Essa ação começa pelo voto, com uma escolha criteriosa dos representantes, e deve continuar depois das eleições, com o acompanhamento da atuação dos eleitos.

Para incentivar esse envolvimento político, a Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) e uma centena de entidades parceiras lançaram o “Vote Bem” (www.votebem.org.br), uma campanha apartidária que dissemina informações sobre o processo eleitoral e o funcionamento das instituições públicas. Acreditamos que o engajamento da sociedade civil é um importante combustível de transformação da cultura política.

Não há ferramenta mais eficiente para aprimorar os processos eleitorais e melhorar a qualidade dos candidatos do que a constante participação dos indivíduos nos assuntos coletivos. Cada voto nulo, em branco ou abstenção é uma oportunidade perdida para realmente mudarmos o quadro político e construirmos um cenário digno da população brasileira.

Edson Campagnolo
Presidente da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep)

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