A indústria que ensina e aprende

No Dia Mundial da Educação, Sistema Fiep reforça conceitos de aprendizagem e ensino que sustentam a indústria de hoje e que farão a de amanhã

Pensar na indústria é pensar também na formação do profissional que atua nela. Não há indústria competitiva sem mão de obra qualificada, pronta para atender as demandas atuais e as que virão. E essa qualificação passa pela sala de aula, que não é mais a mesma, pelo menos nos braços educacionais que compõem o Sistema Fiep, da Federação das Indústrias do Estado do Paraná. Formado pelas instituições Sesi, Senai e IEL (Instituto Euvaldo Lodi), o sistema entendeu que formar o profissional da indústria de hoje e de amanhã passa necessariamente pela compreensão de que o ensino e a aprendizagem não são ideias estanques, uma vez que o cidadão e a sociedade estão em constante mutação.

Transformar o aluno em protagonista do processo de aprendizagem e ensino é a melhor maneira de qualificá-lo para as demandas que já estão diante dele. Estas novas metodologias, chamadas de metodologias ativas de aprendizagem, ajudam a formar o profissional da indústria 4.0. Esses modelos estão sendo aplicados no primeiro semestre de todas as turmas de 2016 dos cursos da Faculdade da Indústria IEL. Métodos como a Aprendizagem Baseada em Problemas (PBL, na sigla em inglês) estão sendo introduzidos a partir dos novos alunos, que estão mais livres dos vícios do modelo tradicional para, aos poucos, ser aplicada em todo o sistema. A meta é que em 2019 a faculdade já funcione apenas desta forma.

“A aula baseada apenas em transmissão de conteúdo não atende mais as demandas tanto dos alunos quanto do mercado. A partir disso, adotamos metodologias que permitem que o processo de ensino e aprendizagem fique centrado no aluno, e não mais no professor”, explica Eduardo Vaz, gerente do IEL. Para isso, o IEL iniciou a implantação de metodologias já aplicadas em todo o mundo. Uma delas é o PBL, ou Aprendizado Baseado em Problemas (Problem-Based Learning, em inglês). Como o método parte do princípio de casos reais, o IEL lança mão de fatos ocorridos na indústria e na comunidade e os transforma em objetos de experiência e estudo. Diante deles, os alunos apresentam propostas de solução para os problemas. A pesquisa de campo é uma das ferramentas utilizadas pelos estudantes para a procura por soluções para as questões vivenciadas.

O IEL também estabeleceu parcerias internacionais para aprimorar os cursos de educação executiva e de graduação. Em 2014, se tornou parceiro da Universidade de Steinbeis, da Alemanha. A instituição é referência no ensino dual, que alia a teoria vista em sala de aula com o desenvolvimento de projetos efetivos para empresas e indústrias, de acordo com necessidades específicas de cada uma. “É este modelo que também vamos implantar na Faculdade da Indústria IEL”, afirma Vaz.

Aprendendo com problemas reais

No modelo adotado pelo IEL, o professor se vê desobrigado a ter todas as respostas na ponta da língua, já que vai auxiliar o aluno a encontrar a resposta por meio de pesquisas, por exemplo. “Ele passa a ser peça-chave na condução do aluno à análise crítica, a ser o agente que propõe soluções”, informa Vaz. Isso fomenta no aluno o espírito proativo, analítico, o ajuda a vivenciar um processo de solução do problema, e o incentiva a não se conformar com ideias prontas, fazendo-o com que exponha as suas. Exemplo: diante de um problema na linha de produção da empresa onde trabalha, como agir? Como analisar o problema e organizá-lo de forma a permitir a proposta de soluções?

Saem de cena o quadro negro e o modelo tradicional de aula expositiva. Na maior parte do tempo ele está envolvido em uma atividade prática supervisionada, diante de um problema real. A retenção do conteúdo, neste caso, se dá mais pelo fazer do que pelo escutar. Um exemplo de transformação a partir destes novos métodos está no modo de encarar o Trabalho de Conclusão de Curso. A partir da ideia de tornar o aluno protagonista do processo de aprendizagem, o TCC deixa de ser encarado apenas como um requisito institucional e do MEC para se transformar em um instrumento em que o aluno possa empregar na empresa onde trabalha, de modo a auxiliá-lo na resolução de um problema vivido no ambiente de trabalho.

Construção democrática

Com 11 anos de atividades, o Colégio Sesi abriu mão de uma grade curricular tradicional, dividida por matérias, na maioria das escolas, para trabalhar com Oficinas de Aprendizagem a cada bimestre. As turmas são interseriadas e o método aplicado tem como objetivo formar pessoas autônomas e preparadas para o mercado de trabalho. As avaliações e trabalhos são em grupo e os alunos podem escolher quais oficinas cursar. Segundo Lilian Luitz, gerente de educação do Sesi, a possibilidade de escolher e se posicionar gera no aluno a autonomia que o mercado vai exigir dele. Os trabalhos em equipe fomentam a ideia do desenvolvimento em equipe e a necessidade de saber negociar, além da consciência da contribuição de cada um. “Também buscamos ouvir os alunos, fazemos assembleias com temas que eles consideram pertinentes. A escola é uma construção democrática”, explica. Para a gerente, o posicionamento ativo no ambiente escolar vai se refletir positivamente no mercado de trabalho; a escola forma um profissional capaz de administrar conflitos e argumentar, e com prazer em aprender.

Além do modelo regular, os estudantes das unidades internacionais – são 5 colégios no Paraná que têm o ensino bilíngue – contam com um laboratório de línguas, algo como uma escola de inglês dentro do colégio, onde podem aprimorar o idioma. Duas vezes ao ano, são incentivados a fazer o simulado dos exames de Cambridge, que comprovam o desenvolvimento do inglês.

De olho nas necessidades da indústria

Estabelecer um caminho a ser percorrido, partindo da sala de aula com atividades que desenvolvem a atitude empreendedora e inovadora, seguido por competições, rumo à aproximação da prática industrial pela prática pedagógica. O Itinerário de Inovação, criado em 2015, como estratégia concomitante à metodologia Senai de Educação Profissional, tem como objetivo fundamental “dar oportunidades aos alunos, impulsionando suas carreiras e contribuir para o desenvolvimento da indústria”, explica Adriana Mattei, da gerência de Educação Profissional e Tecnológica do Senai no Paraná.

Com o Itinerário, alunos e docentes trabalham com base nas necessidades reais da indústria desenvolvendo soluções. Isso permite o aprimoramento de competências ligadas às etapas de elaboração de um projeto. Na execução, cada iniciativa proposta implica em articulação entre a educação e a tecnologia, tanto em âmbito regional quanto nacional.

Alguns dos desafios que compõem o Itinerário da Inovação atualmente são o Prêmio Inova Senai e Sesi, estadual e aberto aos alunos, técnicos e docentes das unidades, voltado à captação e premiação de projetos alinhados com as demandas da indústria, do mercado e da sociedade; o Grand Prix Escola Senai de Inovação, competição aberta na qual equipes multidisciplinares trabalham várias horas consecutivas desenvolvendo soluções para desafios levantados no setor industrial; e o Desafio Senai de Projetos Integradores, competição nacional com critérios teóricos e práticos ligados aos conceitos de educação, gestão empreendedora, estratégica e de inovação.

Sistema Fiep - Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná
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