

Mais atividade física na rotina, consciência alimentar, disposição para tarefas do dia a dia e para o trabalho e, ainda, 100 quilos eliminados e 197,6 centímetros de circunferência abdominal reduzidos: esses foram alguns dos benefícios conquistados por trabalhadores do Grupo Beeight, indústria de Cianorte do ramo de confecção. A fábrica conseguiu o engajamento dos trabalhadores pelo programa “Movimenta Beeight”, desenvolvido na empresa pelo Sesi Paraná.
Por meio de um mapeamento do estilo de vida dos trabalhadores, o Sesi conseguiu identificar pontos críticos na rotina dos trabalhadores, hábitos que estavam causando problemas de saúde e afetando a produtividade e o cotidiano. Foram medidos nove indicadores, com perguntas sobre: inatividade física no lazer, tabagismo, abuso de bebidas alcoólicas, exposição ao sol sem proteção, percepção negativa do controle de estresse, percepção de saúde negativa, percepção negativa em relação aos relacionamentos, baixo consumo de frutas e hortaliças e consumo excessivo de refrigerantes e sucos artificiais. Com as respostas, o Sesi desenvolveu as estratégias de atendimento. “Montamos um hall de atividades para mobilizar os trabalhadores”, explica o analista de negócios de Segurança e Saúde para a Indústria do Sesi Cianorte, Marcos Paolo de Oliveira.
Fora o que foi observado no dia a dia pelos gestores do projeto e pela empresa, o resultado foi comprovado em números: depois de quatro meses, uma nova medição dos índices apresentou redução de seis dos nove indicadores. Os mais notáveis foram: Inatividade Física (1º 51,94%/2º 36,24%), Baixo Consumo de Frutas e Hortaliças (1º 87,24%/2º 75,07%) e Abuso de Bebidas Álcoolicas (1º 26,44%/2º 15,56%). O trabalho foi desenvolvido ao longo de quatro meses: 209 pessoas participaram de pelo menos uma ação, e 76 melhoraram os indicadores de peso e/ou circunferência abdominal. A primeira sensibilização foi um café da manhã com medição de glicemia, onde vários funcionários descobriram que estavam pré-diabéticos ou diabéticos. “Eram trabalhadores que se sentiam mal e não sabiam o porquê. Com o exame, procuraram o médico, além de iniciarem as atividades físicas que levamos para a empresa”, diz o analista.
Caminhada, corrida com orientação de profissionais de educação física, avaliações clinicas com testes de glicemia, palestras informativas sobre alimentação saudável, atividades físicas e esportivas, treinamento funcional ao ar livre foram algumas atividades oferecidas pelo Sesi aos funcionários nos intervalos do trabalho. E o engajamento foi notável, conta Marcos Paolo. “Fora a presença nas atividades, começamos a reparar que, nos fins de semana, vários trabalhadores iam se exercitar na pista de corrida e caminhada da cidade”.
Uma dessas funcionárias é a assistente comercial Adriana Henrique. Ela já corria regularmente, mas melhorou sua performance com as orientações do Sesi. “Foi muito legal porque a gente fica empolgado e acaba influenciando outros colegas”. A inatividade física é o quarto maior fator de risco de mortalidade global, de acordo com a pesquisa Vigetel 2014, do Ministério da Saúde.
Além disso, de acordo com o estudo Health and Fitness: An Individual Lifetime Aproach, trabalhadores que não se exercitam exigem um tempo de internação 54% maior, e custam 36% a mais em despesas de saúde. “O empresário hoje precisa saber que, um trabalho como esse, feito na empresa de médio a longo prazo, é um investimento. Um trabalhador mais saudável se afasta menos por problemas de saúde, fica menos doente e chega ao trabalho com mais disposição”, salienta Marcos Paolo.
Palestras sobre alimentação saudável foram um dos focos do trabalho, já que, na pesquisa interna realizada com os funcionários, quase 90% dos trabalhadores responderam que comiam menos frutas e hortaliças do que o indicado. O índice é preocupante, já que trabalhadores com alimentação inadequada geram para as indústrias custos em média 20 vezes mais altos, de acordo com dados da Associação Brasileira de Qualidade de Vida, pois a alimentação inadequada está diretamente relacionada com doenças crônicas. “Notamos que, depois das palestras e de outras ações, os funcionários começaram a trazer mais salda na marmita e frutas para o café da tarde. Hábitos que antes não existiam”, relata a assistente de marketing da Beeight, Panmella Magalhães.
Resultados
Confira os resultados completos dos nove indicadores avaliados pelo Sesi Paraná:
Indicador | 1ª Avaliação | 2ª Avaliação | Impacto | Paraná |
Inatividade física no lazer | 51,94% | 36,24% | -15,7% | 49,60% |
Tabagismo | 24,38% | 19,66% | -4,72% | 14,90% |
Abuso de bebidas alcoólicas | 26,44% | 15,56% | -10,88% | 32,40% |
Exposição ao sol sem proteção | 73,81% | 81,46% | 7,65% | 52,20% |
Percepção negativa de controle do estresse | 12,54% | 8,42% | -4,11% | 13,60% |
Percepção de saúde negativa | 7,98% | 13,71% | 5,72% | 11,60% |
Percepção negativa em relação aos relacionamentos | 11,63% | 6,46% | -5,16% | 9,50% |
Baixo consumo de frutas ou hortaliças | 87,24% | 75,07% | -12,18% | 71,10% |
Consumo excessivo de refrigerantes ou sucos artificiais | 15,49% | 35,38% | 19,9% | 65,00% |
A ideia da Beeight agora é ampliar o programa para um número maior de funcionários, realizando ações dentro da matriz e no final do horário de cada turno. “A percepção em relação ao trabalho muda, os funcionários se enxergam de forma diferente e se sentem mais valorizados com as ações”, frisa o analista do Sesi.
por William Saab