
A indústria é o grande indutor de novas tecnologias energéticas e com a legislação ambiental, cada vez mais restritiva, o setor produtivo está buscando e aproveitando novas formas de energia. A afirmação é de Suani Teixeira Coelho, coordenadora da área de Energia da Biomassa do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP – Cenbio (Centro Nacional de Referência em Biomassa), que ministrou palestra nesta quarta-feira (17), no VI Congresso Internacional de Bioenergia. O evento acontece até sexta-feira (19), na sede da Fiep do Jardim Botânico, em Curitiba.
“O Brasil está no caminho sustentável para a produção de combustíveis alternativos. A questão principal é equilibrar a demanda, produção e consumo”, disse a especialista, citando o Plano Decenal de Expansão de Energia – PDE, estudo produzido pela Empresa de Pesquisa Energética – EPE. Segundo o estudo, nos próximos dez anos, a demanda total de energia do país deverá crescer em mais de 60%. Em 2020, ? do consumo total virão dos setores industrial e de transportes.
Promovido pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Senai Paraná e a Remade, sob a coordenação técnica da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o Congresso reúne empresários, técnicos, pesquisadores e profissionais de diversas áreas para debater temas importantes em todo o mundo, como biodiesel, energia renovável, resíduos vegetais, carbono e legislação ambiental.
Segundo Suani, apesar das pesquisas e investimentos em tecnologias voltadas à biomassa, ela representa apenas 5% da oferta interna de energia do país. A energia hidráulica ainda prevalece, representando 75% da oferta. “Em 2030, a previsão é que a biomassa represente 10% da demanda de energia elétrica no país”, afirmou.
Dados mostram que, do total de biomassa produzida no Brasil, 47% é utilizada para a produção de calor, 28% para bioeletricidade, 13% para o etanol, e 4% para o biodiesel. “O setor de transportes já utiliza 17% do total de biomassa produzida e vai aumentar ainda mais por conta da utilização de biodiesel em substituição ao diesel”, disse, destacando a experiência de São Paulo na utilização de um ônibus movido a etanol.
Suani explicou que entre 1999 e 2011 houve um aumento expressivo no na produção de etanol, por conta do crescimento frota brasileira dos veículos flex. “Para a próxima década, há uma previsão de aumento da produção de etanol e redução da gasolina”.
Florestas plantadas – Outra forma de energia bastante utilizada pelas indústrias é a madeira, proveniente, principalmente de florestas de eucalipto e pinnus. Cerca de 70% da madeira das florestas brasileiras é utilizada pela indústria de papel e celulose. “Apesar do aumento significativo na área plantada de eucalipto e pinnus, ainda não somos capazes de fornecer toda a madeira de floresta plantada que os setores necessitam”, observou. O setor de papel e celulose prevê um aumento de 240 mil hectares em áreas novas de eucalipto e pinnus até 2014 para atender às demandas.
O setor siderúrgico também utiliza a madeira como fonte de energia, através do carvão vegetal. “Entretanto, hoje há um déficit de carvão vegetal originário de florestas plantadas. O carvão utilizado pelas indústrias é proveniente de madeira de desmatamento. Já existe um projeto para que nos próximos nove anos, todo carvão vegetal utilizado venha de florestas plantas”, ressaltou Suani.