
O poder de articulação da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) junto aos sindicatos industriais pode ajudar a fortalecer o setor produtivo e evitar as greves de trabalhadores, como aquelas ocorridas na indústria automobilística nos primeiros meses deste ano.
Esta percepção foi levantada durante a reunião do Conselho Temático de Relações de Trabalho da Fiep, realizada nesta sexta-feira (22), que teve como tema “Reflexão sobre os movimentos grevistas no Estado do Paraná”.
Na ocasião dois conceituados especialistas na área de relações de trabalho, Diogo Clemente e Marino Rodilha, ministraram palestras sobre o tema, abordando o contexto histórico em que surgiram os movimentos grevistas na região do ABC paulista e os reflexos políticos e institucionais que se seguiram, incluindo seus impactos no Paraná.
Segundo Clemente, hoje o Paraná corre o risco de repetir o que ocorreu nas cidades do ABC na década de 1980. “Temos oportunidade de não cometer os mesmos erros dos paulistas, por isso devemos estar preparados.”, afirmou. De acordo com o especialista, que atuou por mais de 28 anos na Ford, é preciso capacitar os segmentos industriais para as negociações com os sindicatos dos trabalhadores, que são altamente organizados e atuam com foco nesta questão, enquanto, do outro lado, os sindicatos empresariais precisam dividir sua atenção com outros temas, como competitividade, produção, etc.
A reunião desta sexta-feira foi realizada a pedido do Sindicato da Indústria da Construção Civil. De acordo com o coordenador do Conselho Temático de Relações de Trabalho, Marcelo Melek, o objetivo desta ação é contribuir para o entendimento da cultura da greve e assim elaborar ações preventivas. “Hoje a balança está muito desequilibrada.”, afirma Melek, referindo-se à diferença na articulação das entidades empresariais e dos trabalhadores. “Poucos sindicatos apresentam a pauta de reivindicação das empresas durante as negociações.”, observa.
Dentre as ações futuras está a tentativa de atrair o poder público para participar das reuniões do conselho, além de orientar as empresas sobre a melhor maneira de conduzir as negociações trabalhistas. Segundo Rodilha, as centrais sindicais estão alinhadas com a secretaria estadual do Trabalho e têm uma atuação próxima ao Ministério Público do Trabalho. “Enquanto a empresa só tem contato com o ministério público quando é intimada.”, compara.