Indústria alimentícia precisa se mobilizar, diz Reinhold Stephanes

O ex-ministro da Agricultura, hoje deputado federal, convoca industriais do setor à mobilização para enfrentar falta de planejamento do governo

A ausência de planejamento estratégico do poder público, aliado à pouca capacidade de articulação e reivindicação dos setores ligados à produção de alimentos de origem vegetal são os principais fatores apontados pelo ex-ministro da Agricultura e deputado federal Reinhold Stephanes como entraves ao desenvolvimento econômico da indústria brasileira de alimentos.

“O problema maior é que não há planejamento estratégico no Brasil. Por conta disso o governo não consegue prever o que irá acontecer ao setor industrial nos próximos anos”, disse o deputado a empresários da indústria alimentícia, reunidos nesta segunda-feira (04) na Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep). A sugestão do ex-ministro é que o setor se organize e elabore seu próprio planejamento para levar ao poder público. “Se vocês não planejarem e estruturarem o que vocês querem para apresentar ao governo, não vai acontecer nada.”, declarou.

Outro ponto, segundo Stephanes, é a capacidade de organização e de argumentação para reivindicar políticas mais apropriadas para o setor produtivo. Ele observa que um dos elos da cadeia produtiva de alimentos de origem vegetal, os produtores rurais, são ainda pouco estruturados e pouco organizados, o que dificultaria este trabalho de reivindicação. “É preciso mobilizar os vários setores institucionais que participam desta situação.”, alertou, destacando que em algumas questões, como foi o caso da elaboração do novo Código Florestal, o setor agrícola mostra grande disposição para se organizar.

“O Paraná tem tudo para se transformar num centro de excelência em trigo, mas depende de um plano que envolva o governo estadual e o governo federal.”, disse o presidente da Fiep, Rodrigo da Rocha Loures. A iniciativa da Fiep desta segunda-feira vem em resposta às demandas identificadas durante a realização dos Fóruns Setoriais, realizados entre abril e junho deste ano. Nos fóruns, a Fiep identifica junto aos empresários e dirigentes sindicais de cada setor, quais os principais entraves à produção e quais ações devem ser encampadas pela federação, pelo poder público e pelas próprias empresas e sindicatos para enfrentar estas questões.

Hoje o Paraná é o maior produtor de farinha de trigo do Brasil, mas enfrenta a concorrência da farinha importada da Argentina e a dificuldade logística de colocar seu produto a um preço competitivo em outros Estados brasileiros. Também pesa contra os produtores e moinhos paranaenses os altos tributos e a falta de isonomia tributária entre os estados – a chamada guerra fiscal -, questões que prejudicam a indústria de alimentos de origem vegetal como um todo.

Fertilizantes – No que tange à indústria de fertilizantes, considerada estratégica para um país de vocação agrícola como o Brasil, Stephanes lamenta a “absoluta falta de planejamento estratégico nesta área.”. Segundo ele, existe no país jazidas de sódio e potássio (utilizados na fabricação de fertilizantes) grandes o suficiente para produzir e exportar estes produtos. No entanto, a falta políticas de incentivo e de um marco regulatório adequado para a exploração destas jazidas coloca este setor na dependência da importação destes insumos.

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