A Universidade da Indústria (Unindus) do Sistema Fiep promoveu nesta segunda-feira (27) um encontro com o criador de uma das inovações mais importantes do mercado de tecnologia mundial, o walkman, inventado pelo alemão Andreas Pavel, em 1972. “Eu gostava de música e na época eu mantinha, em casa, um potente equipamento de som estéreo. Quando fiz uma viagem para a Europa, eu queria ouvir minhas músicas e não tinha como. Então procurei uma forma de unir as tecnologias já existentes para montar um aparelho que permitisse reproduzir, por meio de fones de ouvido, músicas gravadas em fita cassete”. Assim Pavel, que na ocasião morava com a família no Brasil, revolucionou a indústria de equipamentos de áudio e vídeo.
Pavel nasceu em Berlim, na Alemanha, e veio ao Brasil com a família aos 6 anos de idade, onde permaneceu até seus 18 anos quando retornou a Berlim para estudar sociologia e filosofia. De volta ao Brasil, Pavel morava numa casa com formas arredondadas projetada pelo designer Ronaldo Duschenes, fundador da empresa Flexiv e atual vice-presidente da Fiep. “Eu vivia num ambiente que me permitia pensar diferente. Tinha um estúdio de som que ninguém tinha na época, onde os intelectuais se reuniam para discutir e ouvir música. Era um ambiente ideal para inovar”, lembra Pavel.
A invenção do walkman, segundo ele, foi apenas a junção de tecnologias que já existiam. “Eu uni dois equipamentos que já existiam, modificando-os para que funcionassem juntos. Um gravador, que na época era usado para captar voz. E um fone de ouvido, que até então era usado apenas para escuta individual”. Assim, aos 27 anos, Pavel andava pelas ruas sob os olhares curiosos das pessoas, ouvindo jazz em seus fones de ouvido acoplados a uma pequena caixa com uma fita cassete. “Hoje em dia é muito comum as pessoas andarem pelas ruas com fones de ouvido. Naquela época isso não existia. A qualidade do som era medida pelo tamanho das caixas acústicas. Quanto maiores fossem melhor era o som. Eu mostrei que isso não era verdade. Inovei”!
Das caminhadas sonoras até o registro de propriedade da invenção passaram seis anos. “Duas semanas depois que a Alemanha publicou o meu pedido de patente, a japonesa Sony criou o primeiro protótipo do walkman”. Começou, então, um embate judicial que levaria anos e, segundo ele, seria uma briga desleal. “Quando a briga por patentes acontece entre duas grandes empresas, há, muitas vezes, acordos de permuta de patentes. Já quando a disputa é entre um inventor e uma grande empresa a briga desleal. Eu fui perseguido, ameaçado, tive que gastar um dinheiro que eu não tinha para levar a briga até o fim. Eles sabem que é difícil, caro e que a maioria desiste”, afirma.
Telefonia Integral – Andreas Pavel vive atualmente com a mulher e as duas filhas em Milão, na Itália. Há cinco anos trabalha em um novo projeto que, por enquanto, chama de “Telefonia Integral”. “Ainda não posso revelar o nome do aparelho. Mas garanto que é algo que vai fazer com a telefonia, o que o walkman fez com os equipamentos de áudio”. Pavel adianta que a sua nova invenção irá proporcionar aos usuários de telefonia móvel, uma espécie de “tele transporte auditivo”. “As pessoas poderão sentir o que acontece ao redor do seu interlocutor enquanto falam ao telefone. O aparelho irá fazer com que ele seja capaz de viver a cena por meio do sentido da audição”, define.
O novo aparelho, segundo Pavel, está na fase de captação de recursos para a viabilização. Para o projeto de telefonia integral, afirma Pavel, “não cometerei os mesmos erros do passado. Desta vez estou protegido”, ressalta o inventor que criou uma empresa com sede em Amsterdã, na Holanda, para gerenciar a comercialização da nova tecnologia. “Dentro de um ou dois anos, no máximo, todos poderão usufruir da sensação de escutar com os ouvidos alheios, em tempo e forma real, tudo que acontece do outro lado da linha”, finaliza.