
O Brasil ocupa, hoje, o sétimo lugar do mundo em TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação) e o oitavo em TI (Tecnologia da Informação). O setor representa 4% do PIB (Produto Interno Bruto) e oferece um grande potencial para ser explorado pelo setor público e, principalmente, pela iniciativa privada. Mas, para que isso aconteça, é preciso investir em inovação para ter um produto de maior valor agregado e mais competitivo. Esse foi o recado que o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, deu na abertura da XI Conferência ANPEI (Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras). O evento aconteceu em Fortaleza (CE) entre os dias 20 e 22 de junho, e contou com a representação da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), por meio do diretor executivo do Centro Internacional de Inovação (C2i), Filipe Cassapo.
Para o auditório com mais de 1,5 mil empresários, representantes das empresas associadas à ANPEI, técnicos e acadêmicos, brasileiros e internacionais, além de autoridades governamentais, o ministro destacou a importância da inovação para o desenvolvimento econômico do País. “Temos que aumentar os instrumentos de PD&I (Pesquisa e Desenvolvimento & Inovação). E aumentar rápido. Onde? No setor privado. Os investimentos em PD&I no Brasil são de 2/3 do governo e e 1/3 das empresas. No resto do mundo é o inverso”, disse Mercadante. ”Temos que criar a cultura da inovação”, completou. Para o ministro, o número de empresas que inovam no Brasil ainda é muito pequeno. “Por isso, a importância de iniciativas como essa da ANPEI. Que congressos como esse se multipliquem”, ressaltou.
De acordo com o diretor do Centro Internacional de Inovação (C2i) da Fiep, Filipe Cassapo, a visão do governo frente a importância da gestão da inovação nas empresas e as iniciativas públicas está correta, porém, é preciso tirar o discurso do papel. “É preciso agir de forma planejada pensando no futuro das empresas. A cultura da inovação se consegue a médio e longo prazo. Não se promove a inovação do dia para a noite. Tem que investir em PD&I agora para colher os frutos daqui a 20 ou 30 anos”, explica. Para Cassapo, o Brasil precisa seguir exemplos de países como Coréia e Taiwan que hoje são os mercados mais competitivos em tecnologia do mundo. “A Coréia investe todos os esforços nos próprios coreanos, com inciativas de educação e preparação de pesquisadores. E isso acontece há décadas naquele país. Por isso, hoje eles fazem frente a forte concorrência de países poderosos como os EUA, por exemplo, em setores como o de automóveis e o de tecnologia”.
O Brasil tem potencial para ser um gigante de tecnologia
O tamanho do mercado brasileiro de TIC e TI, destacou Aloizio Mercadante, respalda o país a avançar cada vez mais e fortalecer esse setor. De acordo com os dados do Ministério de Ciência e Tecnologia, apresentados durante a abertura da conferência, os negócios em TI somam, hoje no Brasil, US$ 85 bilhões (o equivalente a 4% do PIB); enquanto o segmento de TIC contabiliza US$ 165 bilhões – ou 8% do PIB. “Mas muitos países estão à frente do Brasil em investimento das empresas em PD&I”, ressaltou o ministro. Ele citou os exemplos dos Estados Unidos que investem 2,79% do seu PIB; do Japão, em que a parcela destinada é de 3,44%; e Alemanha, com 2,82% do PIB direcionado ao investimento em PD&I. O Brasil aparece com 1,19% do PIB, atrás da China, que aplica 1,54% de suas riquezas no setor.
Ações – O Ministério da Ciência e Tecnologia vem agindo no sentido de criar condições mais favoráveis ao desenvolvimento baseado em inovação. Uma das ações é a criação de uma entidade nos moldes da Embrapa, que daria vazão à busca de soluções para as demandas do mercado. “Seria um centro de excelência de projetos para atender à demanda da indústria. Nós estamos chamando de Embrapi – a Embrapa da indústria”, adiantou Mercadante. Além disso, também está entre as ações planejadas, a transformação da FINEP em banco público de inovação. “Este ano, nós esperamos alavancar o volume de crédito com mais R$ 2 bilhões”, informou.
A criação de quatro novos fundos setoriais também está em fase de estudo, no Ministério. São eles: Fundo Setorial para o Setor Financeiro; Fundo Setorial da Indústria da Construção Civil; Fundo Setorial da Indústria Automotiva; e Fundo Setorial da Mineração. “Eu sei que não vão criar carros aqui; mas contratar engenheiro tem que contratar”, disse o ministro. No rol de iniciativas anunciadas pelo ministro, durante a Conferência ANPEI, ainda está o aumento da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico – a Cide da Tecnologia.
O tema principal da XI Conferência ANPEI foram as “Redes de Inovação e Cadeias Produtivas”. Durante os três dias do evento, os participantes puderam interagir e ouvir especialistas de inovação tecnológica do Brasil e do exterior que, além de trazer conhecimentos e novas tecnologias, apresentaram cases de sucesso em empresas como Odebrecht, Finep, Siemens, Petrobrás entre outras. A ANPEI tem 27 anos de atuação no estímulo à construção de um ecossistema favorável à adoção da inovação como forma de modernização e fortalecimento de indústrias de todos os portes e setores. Desde agosto de 2010, a ANPEI passou a contar com uma unidade regional no Paraná, com sede nas instalações da Fiep, junto ao Centro Internacional de Inovação (C2i). Essa é a primeira unidade regional da entidade que conta com 15 associados no estado e serve de referência para a implantação de outras unidades no Brasil.