
A Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) trouxe a Curitiba, no início de junho, o especialista em empreendedorismo de base tecnológica e inovação, e professor da Universidade da Califórnia, em Berkeley (EUA), John Danner, para discutir o currículo básico de administração em uso no Brasil, além de avaliar as atuais demandas sobre os profissionais formados nesta área, frente a questões como inserção do Brasil na economia global, liderança e competitividade, novas formas e modelos de gestão, cultura empreendedora, inovação, limites dos recursos naturais, mudança climática e sustentabilidade. O seminário faz parte do Programa de Formação de Novos Docentes Administradores promovido pela Fiep.
O evento contou com a presença de professores e coordenadores de cursos de administração das principais escolas de negócios do Paraná. Segundo o coordenador do programa, Marcos Mueller Schlemm, o professor Danner veio contribuir trazendo a visão do que é ser empreendedor e como chegar à inovação interagindo com este grupo de professores. “Ele trouxe novas perspectivas de como tratar destes temas e formar os profissionais de amanhã num ambiente de sala de aula dinâmico e inovador. O fato de Berkeley ser ao lado do Vale do Silício (Califórnia – EUA), berço de grande parte das inovações tecnológicas, e ser um centro renomado de ensino do empreendedorismo e de lançamento de startups, fez com que ele dividisse experiências, em primeira mão, de como seguir neste caminho”, destaca.
Especialista em inovação para a competitividade empresarial, Danner demonstrou como medir a importância da inovação para o desenvolvimento de toda uma região. “Depende do quanto o crescimento sustentável é importante para nós. Se crescimento for importante, a inovação é importante”. O professor também destacou a ansiedade dos empresários por resultados. “Primeiro é preciso tirar a inovação do discurso. Depois tem que esperar o tempo necessário para que as ações se transformem em algo cultural. Isso pode levar 15 ou 20 anos até que todos – governo, empresários e comunidade, estejam engajados” -, explica.
Inovação: Brasil x China
Uma das maiores preocupações do setor produtivo brasileiro é a forte concorrência chinesa. Para o professor Danner, a China, mesmo vivendo em um regime socialista e não democrático, é um país inovador. “Os chineses são inovadores em várias áreas. Eles são capazes de inovar rapidamente em escalas”. Já o Brasil, segundo ele, com todo o potencial econômico e natural que tem para inovar, investe pouco. “Quais são os investimentos do Brasil em inovação na escola de base, por exemplo? É preciso investir pesado em educação. Não apenas na universidade, mas durante toda a vida estudantil do indivíduo. Só assim se cria uma cultura de inovação numa sociedade. Aí está a diferença competitiva de alguns países da Ásia”, explica o professor que finaliza: “A democracia facilita a inovação, mas não é uma garantia”.
O Programa de Formação de Novos Docentes Administradores, segundo Schlemm, coincide com um sentimento que está entre o corpo docente dedicado ao ensino da administração e da gestão empresarial. “Precisamos mudar e ousar nesta mudança. Por este motivo é que estamos firmando este termo de cooperação com estas universidades, a fim de criar este espaço de diálogo entre a academia e a indústria. A co-criação e o co-construção deste novo modelo curricular, e as novas competências é que irão assegurar o atendimento aos novos requisitos de qualificação”, finaliza.