
O que Orlando, nos Estados Unidos, Cairu, na Bahia, e Victoria, na Austrália, possuem em comum? As três cidades apresentaram durante a CICI2011 seus exemplos de que é possível conjugar desenvolvimento econômico com sustentabilidade. Além disso, os conferencistas demonstraram que uma cidade inovadora precisa ser guiada por uma visão aguçada de futuro e traçar planos de ação rumo a esse objetivo.
Kathy DeVault, assessora de Assuntos Internacionais e coordenadora de Divulgação de Negócios para a cidade de Orlando (EUA), mostrou que a visão de futuro da cidade vai muito além dos parques temáticos da Disney. Prevendo ter 7 milhões de habitantes até 2050, Orlando está desenvolvendo outros negócios no mesmo estilo temático dos parques, passando pela revitalização do centro da cidade.
Para isso, Orlando está tornando a área central num lugar onde pessoas possam morar, trabalhar e divertir. “Erguemos 22,5 mil residências nos últimos cinco anos e, para estimular a circulação no centro, inauguramos em outubro de 2010 o Amway Center, onde ocorrem vários eventos”.
Com essa revitalização, foram proporcionados 140 novos negócios no coração da cidade. Além desse investimento, Orlando também está explorando sua vocação para empresas de alta tecnologia para criar a “Vila da Criatividade”, onde pretende reunir empresas de animação, games e simulação digital, tudo para atrair pessoas para trabalhar e morar nesse local. Nessa proposta de visão de futuro, Kathy ressaltou ainda que está sendo construída a “Medical City”, uma cidade médica, que pretende aglutinar 30 mil trabalhadores na área médica. “Temos em Orlando 300 cientistas que moram e estudam doenças como diabetes, coração e câncer, representando uma vocação da nossa cidade”, avalia.
De acordo com ela, tudo isso tem sido possível porque há um espírito colaborativo, já que o que se conhece como Orlando reúne 76 cidades. “As oportunidades não têm fronteira e nosso prefeito teve que reunir toda municipalidade para tomar decisões sobre o futuro”, conclui.
Bahia e Austrália – Liliana Leite e Marcos Galindo, que lideram o projeto desenvolvimentista de Cairu, no Sul da Bahia, defendem a união de vários atores sociais para gerar valor e inovação. A região de Cairu, formada por 11 municípios e com população de 282 mil habitantes, está colocando em prática conceitos como protagonismo comunitário, sustentabilidade e empowerment.
Em Cairu, estão sendo desenvolvidos projetos em cinco alianças estratégicas, que envolvem o setor produtivo do palmito, mandioca, piaçava, amido e construção civil. “Tudo isso faz parte do projeto Cairu 2030, que pretende dimensionar essas intervenções na natureza de forma sustentável, com equilíbrio para não gerar descontrole sobre a natureza”, assinala Liliana.
Tendo como eixo norteador os Objetivos do Milênio (ODM), o projeto de Cairu não envolve apenas o desenvolvimento econômico por si só, mas prevê educação aos jovens, geração de renda, estímulo à industrialização de produtos locais e incentivo ao agroecoturismo. “A gente acredita na inclusão social, através de alianças estratégicas”, finaliza.
Jeff Gilmor, do Departamento de Planejamento e Desenvolvimento Comunitário do Estado de Victoria, na Austrália, alertou que a população está tomando um rumo diferente, quando buscava os subúrbios para morar. Agora, os moradores buscam as facilidades do centro da cidade e o empenho é para promover crescimento com sustentabilidade, revitalizando o centro, mas estimulando o crescimento horizontal e o povoamento de regiões metropolitanas. “Temos um desafio para os próximos 30 anos que é atuar para combater a densidade populacional, porque as pessoas com maior renda estão no centro e têm mais oportunidade, enquanto temos que equilibrar esse desvio”, assinalou.