
Os desafios que as empresas têm de enfrentar para alcançar a sustentabilidade foram temas da palestra que o especialista e jornalista da revista Ideia Sustentável, Ricardo Voltolini proferiu quarta-feira (11), em Ponta Grossa, para empresários, dirigentes de sindicatos, acadêmicos, representantes do setor público e de entidades parceiras do Sesi Paraná. O encontro abriu as atividades da Ação Global 2011, mutirão da cidadania, realizado pelo Sesi e a Rede Globo, que acontece neste sábado em todo o país. No Paraná, o evento será em Ortigueira, na região dos Campos Gerais, das 9 às 17 horas.
Na sua palestra, Voltolini focou os 10 desafios da sustentabilidade para as empresas. O primeiro desafio é a empresa saber o que ela está fazendo hoje, em termos de processo, sistemas e modelos, para garantir o direito futuro aos ecosserviços essenciais, como a água e a energia. “Buscar resposta para isso, é básico”, afirmou ele no encontro, que teve a presença da gerente de Gestão Social do sesi-PR, Sônia Beraldi de Magalhães, da gerente de Esporte e lazer, Débora de Lara, e da gerente regional do sesi/Senai dos Campos Gerais, Rosmery Dall Oglio Kostycz.
O segundo desafio para a empresa é adotar os princípios da sustentabilidade no negócio. Por exemplo, a fabricante de automóveis que desenvolve motores menos poluentes. O terceiro desafio para as empresas: antecipar as mudanças transformando o que seria problema para os clientes em oportunidades de negócios. Um caso exemplar, segundo Voltolini, é o da Toyota. A empresa iniciou suas pesquisas sobre motores híbridos em 1993, quando praticamente não existia a preocupação dos consumidores por carros menos impactantes. “A ideia foi recebida com certa ironia pelas grandes montadoras, concorrentes da Toyota. Mas em 2004, o primeiro automóvel com motor híbrido da Toyota foi considerado o carro do ano nos Estados Unidos”, contou Voltolini.
O quarto desafio para a empresa é inserir a sustentabilidade na estratégia do negócio. “O esforço não deve ser de apenas um departamento, mas do presidente e de toda a diretoria, envolvendo todo o quadro da empresa”, disse ele.
Envolver e formar líderes dentro dos princípios da sustentabilidade é o quinto desafio formulado por Ricardo Voltolini. “Não se faz sustentabilidade sem o chefe executivo da empresa. Mas não se faz só com ele. São os líderes da empresa que fazem as coisas acontecerem. O Wal-Mart capacitou 4 mil líderes entre seus funcionários para alcançar e se manter como empresa que opera dentro dos princípios da sustentabilidade”, explicou.
O sexto desafio para as empresas é pensar o todo e não em partes. “Sustentabilidade é complexa. Não dá para trabalhar somente processos ou produtos. É preciso mudar o modelo do negócio e ser responsável pela sustentabilidade em toda a cadeia produtiva”, disse Voltolini.
Segundo o especialista, o sétimo desafio da sustentabilidade para a empresa é sustentar o discurso na prática. “As empresas que apenas dizem, mas não fazem são desmascaradas, porque as pessoas hoje estão mais atentas, engajadas e desconfiadas. Além disso, teremos cada vez mais regulações e leis. É preciso fazer, e isso exige reengenharia de processos, investimentos em pesquisa, novos modelos para produção e novvos modelos de fazer negócios”.
O oitavo desafio é envolver os stakeholder, ou seja, todas as partes que se relacionam com a empresa ou com os negócios da empresa: acionistas, fornecedores, clientes, colaboradores, comunidades, associações, sindicatos, concorrentes.
Contar primeiro aos funcionários é o nono desafio da empresa, antes de anunciar seu plano ou novo modelo que a identifique como empresa sustentável. Segundo Voltolini, o público interno tem que conhecer, se envolver e estar comprometido com o projeto da empresa, porque isso é que dará credibilidade junto ao público externo.
O décimo desafio, que para Voltolini é o mais importante passo, é romper a inércia. “Sustentabilidade exige um novo jeito de pensar e de agir. É preciso pensar diferente, ter valores como princípio. Sustentabilidade é usar valores para gerar novos valores”, afirmou.
Para o especialista, um líder que acredita apaixonadamente no tema ajuda a avançar na questão da sustentabilidade. “O que esses líderes têm de diferencial é que eles acreditam, de verdade, nos valores da sustentabilidade, eles compreendem a interdependência entre o econômico, o social e o ambiental, enfrentam resistência e têm persistência para conduzir o processo e têm enorme capacidade para dialogar,”.