Encontro busca sintonia entre governo e indústria

Aproximação da Fiep com secretaria de Estado do Planejamento propõe criação de uma agenda conjunta para o desenvolvimento do setor

A necessidade de construir uma agenda conjunta para promover a inovação industrial no Paraná reuniu nesta quarta-feira (16) o secretário de Estado do Planejamento, Cássio Taniguchi, e o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Rodrigo da Rocha Loures, em um café da manhã realizado no Cietep, sede da entidade na Av. das Torres, em Curitiba.

Durante a reunião, que também contou com a presença da equipe técnica da secretaria e dos coordenadores de projetos da federação, foram apresentadas diversas iniciativas desenvolvidos pela Fiep que podem contribuir para direcionar as ações de governo na busca por um norte sustentável para a atividade industrial paranaense.

Na opinião do secretário do Planejamento, o Paraná ainda precisa avançar muito na questão da sustentabilidade, por isso considera valiosa a contribuição da Fiep nesta área. “Sempre busquei a aproximação do setor produtivo, do poder público e da academia”, afirmou. Segundo ele, este é um tripé fundamental para a solução de questões centrais para o desenvolvimento econômico e social, como a infraestrutura logística, a formação profissional e a inovação tecnológica.

Segundo o presidente da Fiep, é possível fazer do Paraná um case de política industrial e inovação tecnológica sustentável, mas para isso é necessário que exista correspondência entre as agendas dos governos e do setor industrial. “Nos anos anteriores o governo federal avançou bastante nesta questão conceitual, mas o mesmo não ocorreu no Paraná”, lembrou Rocha Loures, destacando a importância do encontro desta semana para estreitar os laços entre a indústria paranaense e o novo governo que se inicia. Nesse sentido, a atuação complementar destes dois atores seria a chave para alavancar o desenvolvimento industrial no Estado.

Transporte – No campo da infraestrutura logística, o engenheiro e consultor Mário Stamm Jr. apresentou à equipe da secretaria de Planejamento dois projetos para o setor de transportes desenvolvidos pelo Conselho Temático de Infraestrutura da Fiep. O Projeto Paraná Multimodal trata principalmente do transporte ferroviário, identificando os principais gargalos do Estado e os custos necessários para resolver estas demandas. De acordo com o estudo da Fiep, hoje o custo para o transporte ferroviário em determinados trechos chega a R$ 0,08 por tonelada por quilômetro rodado, o que inviabiliza este modal.

Também foi apresentado na ocasião o Plano Estadual de Logística e Transporte – PELT 2020, que identifica as intervenções necessárias para resolver os gargalos logísticos nos quatro modais de transporte (ferroviário, rodoviário, aeroviário e hidroviário). De acordo com o estudo, seriam necessárias 35 intervenções em todo o Paraná, com custo estimado de R$ 250 milhões na etapa de elaboração dos projetos e outros R$ 6 bilhões para a execução das obras.

A sugestão do presidente da Fiep para este plano é que o governo estadual invista nos projetos e os empresários, juntamente com o governo federal, utilizando parcerias público-privadas (PPP’s), arquem com as obras. Segundo Rocha Loures, a presidente Dilma Rousseff já teria conhecimento deste projeto.

Pensando no futuro – Ao longo da manhã, a Fiep apresentou à secretaria de Planejamento diversos outros projetos desenvolvidos pela entidade que têm como foco a identificação e o desenvolvimento de potencialidades empresariais latentes no Paraná e a solução de entraves que minam o crescimento sustentável do setor produtivo.

Em parceria com o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) a Federação mapeou a atividade industrial paranaense e identificou 25 Arranjos Produtivos Locais (APLs), que respondem por cerca de 1/3 dos empregos no Estado. Desde então a entidade vem atuando junto a estes APLs promovendo a qualificação de mão-de-obra, orientando sobre linhas de financiamento, missões internacionais, trabalhando a estruturação de governança e a capacitação dos envolvidos.

Recentemente a Fiep promoveu a formação de economistas que vêm desenvolvendo projetos específicos para o aperfeiçoamento de cada uma destas cadeias produtivas. São projetos de mestrado que realizam a ligação da academia com a atividade empresarial.

Outra contribuição estratégica para o desenvolvimento sustentável da indústria está sendo produzida nos observatórios do SESI, SENAI e IEL. Nestas unidades uma equipe multidisciplinar desenvolve ações de prospecção estratégica que visam preparar o setor industrial para atuar de forma mais competitiva em um futuro próximo. Segundo a gerente dos observatórios, Marília Souza, trata-se de pensar, a partir dos fatores críticos de sucesso, quais políticas devem ser aplicadas pelos agentes públicos. Este trabalho mapeou 12 “setores portadores de futuro”, em diversas regiões do Estado, e desenvolveu planos para as rotas estratégicas para cada um destes setores até 2018.

Cidades 2030 – Na sequência foi apresentado o projeto “Cidades 2030”, que faz parte do programa “Cidades Inovadoras”, iniciativa que parte da necessidade de olhar o entorno das empresas. O projeto é uma ferramenta para a elaboração de iniciativas de desenvolvimento de longo prazo, mobilizando especialistas e cidadãos para o mapeamento de áreas de atuação estratégica para a melhoria do ambiente urbano.

Em março de 2010 foi realizada em Curitiba a Conferência Internacional de Cidades Inovadoras (CICI), ocasião em que foi lançado o primeiro resultado desta iniciativa: Curitiba 2030, projeto que aponta mais de 60 ações para melhorar a qualidade de vida na capital paranaense. Em maio deste ano será lançado outro fruto deste trabalho: Londrina 2030.

Finalizando o encontro da secretaria de Planejamento com a Fiep, o diretor executivo do Centro Internacional de Inovação (C2i), Filipe Cassapo, apresentou duas propostas de parcerias com o governo estadual, a primeira seria realizada através da secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI), e levaria planos de inovação tecnológica às empresas do Estado. A segunda proposta diz respeito a incentivos fiscais, aproveitando a expertise existente no Paraná na área de energia para criar um centro de excelência, semelhante àquele existente no Vale do Silício, nos Estados Unidos.

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