
O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Rodrigo da Rocha Loures, defendeu na última sexta-feira (22), em uma palestra durante a quinta edição do Encontro de Desenvolvimento e Negócios de Consultores do Paraná (Consulpar), uma alteração profunda no sistema educacional para que ele incorpore o tema da sustentabilidade. Um dos alvos mais importantes da mudança de paradigma educacional, segundo ele, são as escolas de negócios, que precisam formar administradores com a capacidade de entender o papel das empresas em relação à comunidade na qual elas estão inseridas.
“As empresas têm de produzir resultados, mas isso não pode acontecer às custas das instituições humanas e do meio ambiente”, disse Rocha Loures no evento promovido pela seção paranaense da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-PR). Ele contou sua experiência como empresário, durante a qual liderou um processo de transformação para a adoção de uma gestão capaz de estimular a inovação em todos os níveis da companhia.
“Passamos a ver a empresa como um organismo vivo, criativo e com capacidade de aprender. Percebemos que a empresa precisava de espaços para conversas, para as pessoas com interesses comuns combinarem suas experiências”, contou Rocha Loures. Essa mudança de paradigma acelerou o processo de inovação e, como consequência, de geração de valor para a companhia. Com o tempo, porém, os executivos notaram uma dificuldade em encontrar pessoas no mercado de trabalho capazes de se adaptarem a esse novo modelo de gestão.
Segundo Rocha Loures, uma das saídas foi contratar jovens que, após aprenderem a cultura da empresa, recebiam a formação técnica provida pelas escolas de negócios. Ao mesmo tempo, Rocha Loures passou a integrar um centro internacional de renovação do mundo corporativo chamado World Business Academy. Em seguida, ele se associou ao Global Compact, um movimento da Organização das Nações Unidas (ONU), que reúne empresas, trabalhadores e a sociedade civil para debater temas ligados ao desenvolvimento humano.
Uma das conclusões desse movimento foi a necessidade de se repensar o papel do ensino superior para formar gestores capazes de adotar uma visão mais sustentável no mundo dos negócios. Dessa demanda, surgiu o Global Forum, uma iniciativa que faz a ligação entre o mundo dos negócios e a academia e é liderada por Rocha Loures na América Latina. “Temos destacado que a responsabilidade social e ambiental têm sido alvo de muitos estudos, mas falta articulação. Por isso temos feito textos com proposições sobre o tema”, contou. O livro “Sustentabilidade XXI: Educar e inovar sob uma nova consciência”, lançado por Rocha Loures neste ano, é um dos frutos desse trabalho.
“A experiência mostra que é a cultura que é sustentável ou não, porque atuamos de acordo com a cultura na qual estamos inseridos. E é a educação, formal e informal, que pode influenciar a cultura”, concluiu.