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O papel da mulher na construção de uma sociedade mais justa, solidária e sustentável, as características que as fazem mais aptas a responder esses desafios, as conquistas já alcançadas e os novos desafios a serem vencidos foram discutidos no seminário “Equidade de Gênero- Desafios de Sustentabilidade no Terceiro Milênio”, realizado nesta terça-feira (16), em Curitiba.
A ministra da Secretaria Especial de Política para Mulheres (SPM), Nilcea Freire, falou sobre o tema num sentido mais amplo. Segundo ela, na equidade não se busca apenas igualdade de oportunidade, mas superar a trajetória que homens, mulheres, negros e brancos tiveram por condições de vida. “A equidade não é formal, ela tem de ocorrer na prática, dando a cada um aquilo que lhe corresponde para que possa, efetivamente, desfrutar dos mesmos benefícios na sociedade”, afirmou a ministra.
O evento foi promovido pelo Sistema Fiep, por meio do Sesi Paraná, e a Associação das Mulheres de Negócios (BPW- Curitiba). O Sesi-PR é signatário do Programa Pró-Equidade de Gênero, desenvolvido pela SPM, que está sendo implantado no Sistema Fiep. Além disso, a entidade desenvolve metodologia para apoiar as indústrias na implantação de programas de equidade de gênero, tema que integra o desenvolvimento sustentável das empresas.
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Participaram do seminário Sônia Beraldi Magalhães, gerente de Gestão Social do Sesi Paraná, área responsável pela implantação do programa Pró-Equidade de Gênero; Daviane dos Santos, diretora de Recursos Humanos do Sistema Fiep (primeira mulher a integrar a diretoria da entidade), que mediou o painel de abertura; Teresa Hatue Resende, professora e escritora, chefe da gabinete da presidência do Sistema Fiep; Maria Helena de Mari, conselheira da BPW -Curitiba; Gleise Hoffmann, ex-diretora da Itaipu e líder política; Wanda Camargo, professora da Unibrasil; vereadoras, lideranças de diversas áreas, dirigentes de organizações dedicadas ao tema.
“Nossa cultura é permeada por valores masculinos, o que faz com que não aproveitemos o potencial das mulheres à plenitude”, disse o presidente do Sistema Fiep, Rodrigo da Rocha Loures, ao abrir o encontro, junto com a presidente da BPW-Curitiba, Maria Inês Borges da Silveira. “Precisamos de uma grande transformação cultural na humanidade e isso exige a participação das mulheres. Mais que equidade, é necessário valorizar a integridade da sociedade”, afirmou Rocha Loures.
A presidente da BPW-Curitiba lembrou que na maioria das vezes, ainda causa admiração quando a mulher se destaca no mercado de trabalho, na política ou qualquer outra função. “Se causa admiração é porque é exceção”, disse Maria Inês. “Já tivemos muitos avanços, muito foi alcançado, mas o movimento pela equidade de gêneros deve continuar enquanto a mulher não for reconhecida como verdadeira parceira na construção de uma sociedade melhor para todos”, afirmou ela.
Diálogo – Histórias marcantes de atuações de mulheres foi o tema do diálogo que abriu o seminário e que reuniu Rodrigo Rocha Loures, a ministra Nilcea Freire e a escritora Tereza Hatue de Rezende. A fundamental contribuição das colaboradoras no momento em que sua empresa discutiu e implantou um novo modelo organizacional foi a experiência narrada por Rocha Loures.
A ministra Nilcea Freire falou sobre a implantação do sistema de cotas para alunos de escolas públicas e para afro-descendentes na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), à época em que era reitora da instituição. “Tivemos um ganho muito grande de conteúdo, conseguimos enxergar o outro lado. A universidade ganhou porque ampliou a diversidade, o que sempre traz impacto positivo”, disse ela.
Tereza Hatue Resende narrou sua trajetória de militância política e falou sobre sua obra “Ryu Mizuno – Saga Japonesa em Terras Brasileiras”. “O livro foi em princípio rejeitado pela comunidade nipônica, pelo fato de uma mulher falar sobre um homem empreendedor”, disse ela. “Mas o reconhecimento veio depois”. Creio que seja uma história de superação e crença nos ideais”, afirmou.
Boas Práticas – A diferença de gênero nos aspectos psicológico, cultural e social, foi o tema central da palestra da professora Wanda Lacerda, da Unibrasil. Ela abordou a aptidão da mulher para liderança e as características inerentes ao gênero, como a liderança cooperativa, a preferência pelo trabalho em equipe, a intuição e a busca de qualidade nos resultados.
A professora apresentou dados sobre a presença das mulheres no mercado de trabalho e na educação e citou ações já realizadas nas instituições superiores, como sensibilização da comunidade e estímulo a pesquisa e produção acadêmica sobre o tema. “A mulher de hoje tem mais consciência de seu papel na sociedade. Os dados ainda não são tão promissores, mas acredito na força da educação para melhorá-los”, afirmou.
A educadora Moema Viezzer apresentou as participantes do encontro o kit de cartilhas “Nosso Plano em Ação”, que trata, em linguagem acessível, os termos do 2º Plano de Política para Mulheres. “Há uma publicação para cada eixo do plano e todas têm chamadas para ações locais. A política para mulheres só será efetiva quando houver enraizamento local”, disse ela.
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Inteligência feminina – Considerada patrona do feminismo brasileiro, Rose Mari Muraro, 80 anos, disse que o centro da sua luta sempre foi para que fosse respeitada a inteligência da mulher. “Eu vivi a desigualdade. Hoje o pensamento feminino está presente na política, na economia e eu acredito que podemos feminilizar o mundo, construindo uma sociedade menos violenta, menos exclusiva e de mais respeito ao meio ambiente”, disse ela.
Na sua palestra, Rose Mari Muraro falou sobre a convicção de que o futuro depende da mudança do dinheiro. “Dinheiro e ética são incompatíveis, pois ele gera competição, que por sua vez gera extrema riqueza e extrema pobreza”, disse ela, defendendo a criação de moedas locais, baseadas no escambo. “É a economia da solidariedade e da partilha. Para isso, a natureza e a inteligência da mulher são fundamentais”, afirmou ela.
Sesi Paraná busca atender demanda social das indústrias
No seminário, representantes da Itaipu, da Copel e do Sesi Paraná, todos signatários do Programa Pró-Equidade de Gênero da SPM, apresentaram seus cases de implantação do programa. “O Sesi-PR está à frente do programa que está sendo implantado em todo o Sistema Fiep e que, na verdade, formaliza o compromisso que a entidade já tem com a equidade de gênero”, disse Thaise Nardelli, consultora na área de educação do Sesi -PR.
Iniciado no ano passado, o programa já está em andamento e o objetivo é tornar a entidade uma referência no tema para apoiar a demanda social da indústria. Segundo Renata Thereza Fagundes Cunha, consultora em Gestão Social do Sesi, a entidade teve aprovado no Edital Senai/Sesi de Inovação (que apoia projetos inovadores) o desenvolvimento de uma metodologia para apoiar empresas e organizações na implantação de programas de equidade de gênero.
“A metodologia reúne pesquisa acadêmica e levantamento de boas práticas no tema”, explicou Renata. Além disso, a entidade vem promovendo ações de sensibilização de parceiros (indústrias, sindicatos, fornecedores) e promovendo seminários, fóruns e encontros para disseminação do debate. “O objetivo é que a equidade e a diversidade sejam entendidas como questões estratégicas da gestão da sustentabilidade da empresa”, disse ela.