clique para ampliar   Veículos automotores, um dos poucos gêneros que apresentaram crescimento em novembro (Foto: Gilson Abreu) |
A atividade industrial paranaense apresentou redução de 2,44% em novembro quando comparada a outubro. O resultado, revelado nesta quarta-feira (23) por levantamento divulgado pelo Departamento Econômico da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), é considerado normal para o mês de novembro, quando tradicionalmente se inicia o período de baixa atividade industrial. No acumulado do ano, as vendas industriais do Estado apresentam queda de 6,69% em relação ao período entre janeiro e novembro de 2008.
Para o coordenador do Departamento Econômico da Fiep, Maurílio Schmitt, o resultado acumulado em 2009 mostra que a indústria paranaense ainda não se recuperou dos efeitos da crise financeira internacional, instaurada em setembro de 2008. “Para empatar com o ano passado, a performance de vendas em dezembro contra novembro de 2009 deveria atingir a marca de 83,15%, algo inimaginável, dado o histórico de desempenho dos meses de dezembro”, explicou o economista. Schmitt cita ainda a taxa de câmbio, que reduz a competitividade do produto brasileiro no exterior, como outro empecilho para a indústria do Estado. “Espera-se apenas que não se demore cinco anos para retornarmos ao nível de 2008, como aconteceu recentemente. Em 2002, a indústria atingiu seu maior nível de vendas até aquele momento e este valor só foi superado em 2007”, afirma.
Mercado doméstico
Em novembro, foi registrado um aumento de 4,13% nas vendas da indústria paranaense para outros estados brasileiros. Porém, as vendas dentro do Paraná tiveram redução de 4,95%, enquanto as exportações caíram 11,29%. Nos primeiros onze meses de 2009, entretanto, apenas as negociações dentro do próprio Estado apresentam crescimento, que chegou a 4,52%. Já o comércio com outros estados acumula redução de 6,30% e, com o exterior, de 22,21%. “O resultado positivo das vendas acumuladas no Paraná é o terceiro em relação a 2008, evidenciando que a demanda no Estado está em melhor situação que a de outras unidades da Federação”, afirma Schmitt.
Segundo o economista, esse desempenho vem sendo influenciado principalmente pelas vendas do gênero “Alimentos e Bebidas”. “Esse gênero oferta bens de consumo corrente, relativamente imunes à crise financeira”, explica. Dentro do Paraná, as vendas de alimentos e bebidas se expandiram 31% neste ano, sendo que o Estado é o destino de quase 40% do total das vendas deste gênero.
Apesar disso, em novembro o gênero “Alimentos e Bebidas” apresentou uma queda geral de 5,27% nas vendas, seguindo a tendência de onze dos dezoito gêneros pesquisados pela Fiep. Os gêneros que apresentaram maiores declínios no mês foram “Produtos Têxteis” (-18,84%), “Metalúrgica Básica” (‑15,72%) e “Refino de Petróleo e Produção de Álcool” (‑13,33%).
Por outro lado, as vendas de veículos automotores, gênero que responde pela terceira maior participação relativa na produção industrial paranaense, tiveram crescimento de 25,51% em novembro. “O desempenho desse gênero foi decorrente do aumento da demanda por conta da política de desoneração tributária do governo federal”, justifica Schmitt. Os setores de “Couros e Calçados” (+14,20%) e de “Vestuário” (+12,23%) também tiveram altas significativas no mês passado.
Com os resultados de novembro, quinze dos dezoito gêneros pesquisados apresentam queda nas vendas acumuladas em 2009. Os únicos que tiveram aumento este ano foram “Edição e Impressão” (+38,82%), “Artigos de Borracha e Plásticos” (+9,67%) e “Alimentos e Bebidas” (+1,61%).
Insumos e empregos
As compras de insumos pela indústria paranaense declinaram 4,64% em novembro. Quando comparados os primeiros onze meses de 2009 com os do ano passado, as aquisições de insumos encontram-se 14,17% inferiores.
Em relação ao nível de emprego, oito dos dezoito gêneros pesquisados alcançaram resultados positivos em novembro, aumentando-o em 0,75%. O emprego diretamente ligado à produção subiu 0,93%. As principais quedas se deram em “Madeira” (-1,55%), “Vestuário” (-1,54%) e “Edição e Impressão” (-1,11%). Já os maiores aumentos se deram nos gêneros “Máquinas e Equipamentos” (+2,40%), “Celulose e Pape”‘ (+1,28%) e “Alimentos e Bebidas” (+1,16%). Nos onze primeiros meses de 2009 em relação a igual período de 2008, o nível de emprego caiu 4,01% e o emprego ligado à produção decresceu 8,65%.
A massa salarial líquida na indústria paranaense apresentou, em novembro contra outubro, aumento de 5,88% devido ao pagamento da primeira parcela de 13º salário. Já as horas trabalhadas caíram 1,31%, enquanto a utilização da capacidade instalada caiu um ponto percentual, situando-se em 81%, evidenciando o início dos meses de baixa atividade industrial.