Vendas industriais sobem em outubro, mas acumulado do ano segue negativo

Ainda sentindo reflexos da crise financeira, atividade industrial paranaense acumula queda de 7,37%, nos dez primeiros meses do ano

clique para ampliar Setor de alimentos, um dos mais importantes do Estado, contribuiu com o resultado de outubro (Foto: Gilson Abreu)

Mesmo com um crescimento de 4,09% no último mês de outubro quando comparado a setembro, as vendas industriais paranaenses nos dez primeiros meses de 2009 estão 7,37% abaixo das registradas no mesmo período do ano passado. Levantamento do Departamento Econômico da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) aponta que, entre janeiro e outubro deste ano, 15 dos 18 gêneros industriais pesquisados apresentam resultados negativos, ainda sentindo os reflexos da crise financeira internacional e a valorização do real, fatores que afetam especialmente as exportações.

O desempenho da atividade industrial no Paraná em outubro, mesmo tendo apresentado expansão de 4,09% em relação ao mês anterior e tendo ficado acima do crescimento de 2,30% registrado em outubro de 2008, ficou abaixo da média para esta época do ano. Em outubro de 2007 e de 2006, por exemplo, haviam sido registrados, respectivamente, crescimentos de 9,21% e 5,30%. Outro agravante é que, historicamente, o período entre julho e outubro é o que registra os maiores níveis de atividade industrial no Estado.

Em outubro, o crescimento em relação a setembro aconteceu porque 16 dos 18 gêneros pesquisados tiveram aumento nas vendas. O resultado foi influenciado principalmente pelos índices de aumento dos três gêneros que têm maior participação relativa na indústria paranaense: alimentos e bebidas (+1,21%); refino de petróleo e produção de álcool (+9,19%); e veículos automotores (+5,41%). O gênero que apresentou o maior aumento, 64,37%, foi o de couros e calçados, influenciado pelas vendas de fim de ano. Já os dois gêneros que apresentaram declínio foram metalúrgica básica (-4,59%), por conta de uma redução sazonal da demanda; e material eletrônico e de comunicações (-21,81%), retornando ao nível normal de vendas após aumento de 47,54% em setembro.

As compras de insumos em outubro também aumentaram 4,54% em relação a setembro. Mas quando comparados os primeiros dez meses de 2009 com os de 2008, as aquisições de insumos ainda encontram-se 16,41% inferiores.

Crise e câmbio

Apesar do crescimento registrado, os resultados de outubro foram insuficientes para reverter o quadro de declínio acumulado nas vendas de 15 dos 18 gêneros industriais em 2009. Os únicos setores com resultados positivos no ano são: edição e impressão (+45,30%), artigos de borracha e plásticos (+4,71%) e alimentos e bebidas (+2,10%).

A queda de 7,37% nas vendas industriais reais nos primeiros dez meses de 2009, resultou também em uma redução de 4,27% no nível de emprego em relação a igual período de 2008. Comparado com o período entre janeiro e outubro de 2007, as vendas industriais e o emprego estão respectivamente 1,66% 0,31% acima. “Esse baixo crescimento confirma as projeções que fizemos no primeiro semestre, de que o ano de 2009 seria muito parecido com o de 2007”, afirma o coordenador do Departamento Econômico da Fiep, Maurílio Schmitt. O economista acrescenta que o resultado é decorrente da crise financeira mundial instaurada em setembro de 2008, que afetou principalmente as exportações de madeira (queda de 19,72% em 2009) e de material de transportes (queda de 23,03%).

Schmitt ressalta ainda que a atual política cambial brasileira, que mantém o real valorizado frente a outras moedas, também afeta significativamente as exportações e, por consequência, a atividade industrial paranaense. “Vários setores, até mesmo o de produtos alimentares, em que o Paraná é muito competitivo, deixaram de ser rentáveis no mercado internacional. Como a indústria paranaense é altamente integrada no comércio global e suscetível às crises, e com o real apreciado, torna-se cada vez mais complexa a tarefa de extrair resultados positivos nas operações de exportação”, explica o economista.

Emprego e salário

No último mês de outubro, o nível de emprego industrial no Paraná registrou leve queda de 0,10% quando comparado a setembro. Dos dezoito gêneros pesquisados, oito tiveram resultados negativos. Já o emprego diretamente ligado à produção também ficou praticamente estável, subindo apenas 0,08%. As principais quedas se deram nos setores de vestuário (-13,77%), por conta do fim da produção da moda verão; produtos de metal (-1,29%), pela redução de obras contratadas; e couros e calçados (-0,92%).

A massa salarial líquida na indústria paranaense também apresentou, em outubro contra setembro, leve aumento de 0,07%, com as horas trabalhadas subindo 1,25%. Já a utilização da capacidade instalada subiu dois pontos percentuais, situando-se em 82% em outubro, evidenciando ser o mês de mais elevada atividade industrial no ano.

Sistema Fiep - Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná
Av. Cândido de Abreu, 200 - Centro Cívico - 80530-902 - Curitiba-PR