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Animados com a ideia de poder contribuir com o desenvolvimento do local e liderar ações que acelerem este processo, os moradores do bairro São Braz e região, em Curitiba, reuniram-se, na noite desta quinta-feira (3), no Três Marias Clube de Campo, para discutir melhorias para o bairro. Eles participaram do Seminário Visão de Futuro, idealizando o que desejam para a localidade num horizonte de 10 anos.
O evento integra a metodologia do Projeto Político de Desenvolvimento das Cidades do Paraná, proposto pela Rede de Participação Política – uma iniciativa propositiva e apartidária criada pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP) em parceria com a Federação das Associações Comerciais (FACIAP). “Eu imagino assim, se a comunidade não estiver organizada para fazer as suas reivindicações não vai levar a nada, porque nós temos que mostrar a força que a gente tem e que essa seja calcada numa necessidade que represente o sonho da maioria. Ao mesmo tempo em que a gente permite que a comunidade se manifeste, o mais importante é que ela tenha a autoestima resgatada diante de todas essas mazelas políticas que estão aí”, disse Hirotoshi Taminato, engenheiro civil e uma das lideranças da comunidade.
O ambiente criado para articular moradores, poder público e iniciativa privada, é um diferencial que tem mostrado resultados altamente positivos. No estado, outras 32 localidades, abrangendo mais de 180 mil habitantes, também estão promovendo um novo espaço de interação em busca da melhoria da qualidade de vida. O projeto já foi implantado ou se encontra em fase de implantação nos municípios de Curitiba, Ponta Grossa, Maringá, Londrina, Fazenda Rio Grande, Guarapuava, Reserva do Iguaçu e Paranavaí. Algumas ações planejadas durante os encontros já estão sendo executadas no Jardim Santos Andrade, em Curitiba, nas Vilas Santana e Barreto, em Ponta Grossa, na Vila Recreio, em Londrina e no bairro Ney Braga, em Maringá. “Acho que esse é o único caminho (para o desenvolvimento). Não vejo outro. Num ambiente democrático todo mundo tem a oportunidade de participar. Tenho certeza que após o encerramento dessa discussão vai sair um documento, que se não representar 100% das aspirações da nossa comunidade, ele vai estar bem próximo disso, das necessidades”, avaliou Taminato no início do seminário.
Um comércio forte, a criação de fontes que propiciem a geração de empregos e melhorias na infraestrutura e na segurança do São Braz foram alguns dos itens citados no trabalho realizado pelos moradores nesta quinta (ver foto). “Acho que tem que ser assim realmente. É só o grupo se reunindo, as pessoas se organizando e batalhando em cima para conseguir porque isoladamente não se consegue nada”, afirmou Roseli Vintém, diretora da escola Paranaguá, localizada no bairro Santo Inácio. “Achei muito interessante (a proposta). São coisas que a gente está sempre conversando e são necessidades que estamos sempre buscando parcerias para realizar”.
Na avaliação do comerciante Valdir Ales, a proposta do projeto de desenvolvimento local é uma ideia bem diferente da qual a população está acostumada, onde espera exclusivamente as iniciativas feitas pelo poder público. Para ele, a inversão deste conceito poderá trazer resultados positivos. “É importante (a mobilização). Acho que a sociedade se juntando vai ter grandes realizações e poderá sair um projeto mais fundamentado e organizado. Com a ideia desse seminário podemos estudar e definir as prioridades e atacar os problemas com mais precisão. A ideia é válida, a gente acompanha o dia-a-dia aqui e estamos esperançosos de que o projeto venha a ajudar a sanar os problemas da região”.
No próximo passo do projeto, agendado para o dia 16 deste mês, às 20 horas, no Três Marias Clube de Campo – Av. 3 Marias, 274 -, será feito o levantamento dos ativos locais, um mapeamento dos pontos importantes e aspectos positivos da região que poderão colaborar de inúmeras formas com o projeto, incluindo pessoas, instituições, privadas e públicas, empresas, entre outros. “A comunidade é muito importante no desenvolvimento do seu bairro, do seu município. Nós temos histórias passadas onde as pessoas se mobilizaram e tanto trabalharam pela nação, pelo mundo, pelo desenvolvimento e hoje, por exemplo, no Brasil nós temos a democracia que tantas pessoas foram às ruas, foram protestar, foram atrás e conseguiram. E não é diferente aqui, um pequeno grupo, mas onde nós juntos queremos lutar pelos interesses da nossa região, da comunidade, trazendo melhorias, trazendo propostas para que nós tenhamos uma qualidade de vida melhor”, exemplificou o presidente do Grêmio Estudantil do Colégio Estadual Padre Silvestre Kandora, Hélcio Padilha.
Em Curitiba este é o segundo projeto implantado. O primeiro começou em 2008 no Jardim Santos Andrade, no Campo Comprido. O bairro abrange uma área irregular, onde residem cerca de 200 famílias que, na grande maioria, vivem da coleta informal do lixo reciclável. A primeira ação colocada em prática pela comunidade foi uma palestra sobre o uso de drogas, realizada em abril deste ano, em parceria com o Centro de Atenção Psicossocial para Álcool e outras Drogas (CAPS) Centro Vida da Prefeitura de Curitiba. Atualmente os moradores buscam um barracão para alugar na região e implantar a Associação de Recicláveis (veja mais detalhes em www.redeempresarial.org.br).