A pouca disponibilidade de trabalhadores qualificados para a produção, a dificuldade de acesso ao crédito e o não reconhecimento do Paraná como polo de moda são os principais obstáculos enfrentados por empresários do setor têxtil e do vestuário no Estado. Os pontos foram destacados na mesa redonda “Perspectivas para o mercado paranaense”, que reuniu na última sexta-feira (29), em Curitiba, empresários, estudantes e profissionais de moda para discutir as perspectivas da indústria do vestuário paranaense e as alternativas para tornar o setor mais competitivo para enfrentar a crise.
O debate foi resultado do Fórum Setorial do Setor Têxtil e Vestuário, promovido pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), em maio. Até julho, a Fiep está promovendo uma série de reuniões com representantes de todos os setores da indústria do Estado para debater as ações necessárias que cada segmento industrial pode tomar para atravessar a crise e aproveitar as oportunidades. A mesa redonda aconteceu dentro da programação do Paraná Business Collection, evento de moda e negócios que aconteceu em Curitiba, na última semana.
Na avaliação do coordenador do Conselho Setorial do Vestuário da Fiep, Marcos Tadeu Koslovski, que também preside o Sindicato da Indústria do Vestuário do Paraná (Sivepar), há dez anos o Paraná desenvolve um trabalho para fortalecer a marca do Estado. “Desde 1993 desenvolvemos um projeto para tornar a indústria do Paraná conhecida como produtora de moda. Agora estamos começando a sentir os resultados, com a valorização das marcas no nosso Estado”, disse.
Júnior Gabardo, dono da Sexxes acha válido o esforço de desenvolver uma marca no Estado, mas destaca que antes de uma empresa se posicionar no mercado externo, ela precisa se fortalecer no mercado interno. “A questão do câmbio atrapalha, mas nós temos que nos fortalecer no mercado interno antes de pensar em exportar”, frisou Gabardo. “A concorrência com a China vai continuar existindo, a questão é sabermos até que ponto nós podemos competir com eles”,
Segundo Irit Czerny, proprietária da grife Laforte, não se deve pensar uma identidade única para o Estado, através da “marca Paraná”, mas sim pensar o Paraná como um polo de moda que possui marcas conceituadas. “Os empresários do setor fazem um enorme esforço para diferenciar os produtos e mostrar o que o Estado faz de melhor. O grande obstáculo, contudo, é a questão tributária”, disse a empresária, ressaltando que teve que pagar quase 100% em impostos para importar uma máquina alemã. “Por que não há isenção, uma vez que não existe equipamento similar fabricado nacionalmente?”, questiona.
Mão-de-obra – A falta de mão de obra especializada – principalmente de operadores de máquinas de costura e de modelistas -, somada à alta média de idade dos trabalhadores e ao desinteresse dos jovens por este tipo de emprego, são apontadas pelos empresários como ameaças ao futuro da indústria de confecção.
O professor do curso de Design de Moda da Universidade Tuiuti do Paraná, Hélcio Fabri, destacou que na universidade há um equilíbrio entre as disciplinas práticas e a teoria de gestão e pesquisa na área da moda, visando a formação de um profissional que saiba agregar valor ao produto. “Temos que desmistificar a indústria da moda como glamour, criação. Temos que mostrar a moda como oportunidade de negócios.”
Annelise Vaine, consultora de Moda do Senai Paraná, destacou o papel da entidade na formação dos profissionais para a indústria do Paraná. “O Senai capacita profissionais para atuar em diversos segmentos dentro da indústria. Em 2007, capacitamos mais de 8 mil pessoas para trabalhar como operador de máquina de costura. Entretanto, para que este número aumente, é preciso um maior apoio governamental”, disse