Empresas e comunidade se unem para desenvolver cidades do Paraná

Projeto proposto pela Rede de Participação Política do Empresariado estimula moradores a buscar melhorias e parceiros para colocar ações em prática

clique para ampliar Aulas de taekwondo tiram crianças da rua na Vila Santana, em Ponta Grossa (Foto: Bernardo Wolff)

Moradores de bairros de Curitiba, Ponta Grossa, Londrina e Maringá, que totalizam 24 diferentes localidades e mais de 45 mil pessoas, estão praticando novas formas de promover o desenvolvimento de onde vivem para, deste modo, melhorar a qualidade de vida em comunidade. A mudança no modelo de organização social, que influencia diretamente no estabelecimento de inovadora relação de poder, à medida que articula o envolvimento de diversos segmentos da sociedade, está acontecendo a partir da implantação, nestes locais, do Projeto Político de Desenvolvimento das Cidades do Paraná, proposto pela Rede de Participação Política do Empresariado, uma iniciativa do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), em parceria com a Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná (Faciap).

 

A ideia do projeto é que a comunidade local trabalhe com uma nova visão de governança compartilhada, onde os próprios moradores é que dão os primeiros passos em busca de um lugar melhor para viver. Unidos, eles discutem os problemas e as possíveis soluções para corrigir as deficiências e vão atrás de parcerias com os setores público e privado para concretizarem as ações planejadas numa agenda positiva.

“Todo lugar onde a população espera por desenvolvimento é um lugar extremamente pobre. Qualquer ação que nós fazemos gera desenvolvimento. Se nós não resolvermos, ninguém vai resolver. Não é o governo que faz o lugar se desenvolver, quem faz são as pessoas”, defende o professor, analista político e consultor da Rede, Augusto de Franco.

Os moradores das localidades escolhidas são orientados por meio de uma metodologia de indução do desenvolvimento local baseada no investimento em capital social. “Pela primeira vez está sendo estabelecida uma relação explícita entre democracia e desenvolvimento. O capital social depende, fundamentalmente, de duas coisas: das redes sociais, que ligam pessoas com pessoas e da democracia, na base da sociedade e no quotidiano do cidadão”, complementa o analista político.

Nas cidades onde o projeto já foi implantado existem núcleos de articulação da Rede de Participação Política. Algumas ações planejadas durante os encontros do projeto já estão sendo executadas no bairro Ney Braga em Maringá, nas vilas Santana e Barreto em Ponta Grossa, no Jardim Santos Andrade em Curitiba e na Vila Recreio em Londrina.

Lucro social

Unindo quem precisa de ajuda com quem quer (ou precisa) ajudar, os moradores que participam do projeto de desenvolvimento local encontraram na iniciativa privada uma forma de parceria para colocar em prática as ações planejadas de melhorias no bairro e realizar antigos sonhos.

Já faz tempo que as empresas procuram ser socialmente responsáveis. O conhecido termo responsabilidade social empresarial faz parte do dia -a -dia das pequenas e grandes organizações e andam lado a lado com a margem de lucro no balanço final do mês.
Os empresários assumem a responsabilidade social como expressão de uma postura ética comprometida com o resgate da cidadania, assumindo uma posição de co-responsabilidade, na busca do bem-estar público, em articulação com as políticas sociais (instituto, fundações, organizações, universidades e comunidade).
“Estamos tratando de desenvolvimento humano e social sustentável, ou sustentabilidade, e não apenas do crescimento econômico, então a indução do desenvolvimento implica na construção e animação de redes sociais e na articulação política”, explica Franco.
Exemplo
Em Londrina, a comunidade da Vila Recreio foi a primeira a aderir ao projeto e já está buscando parcerias para promover e colocar as ações em prática. Através da doação de 17 latas de tinta, feita pelo depósito Alvorada, por exemplo, a associação de moradores está sendo toda pintada e reformada.

A prefeitura também já se comprometeu em revitalizar a praça do bairro, a começar pela instalação elétrica. O projeto de revitalização está sendo avaliado pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina (IPPUL) e o espaço de lazer abandonado ganhará piso novo, aparelhos de musculação e um parquinho reformado. Com a doação de R$ 20 mil feita pela empresa Transportes Coletivos Grande Londrina (TCGL), um antigo módulo policial desativado dará lugar a uma biblioteca.

“É uma questão de amar o próprio bairro e buscar a qualidade de vida. Eu também moro aqui e sinto as necessidades. A iniciativa privada entra com recursos, apoio e força junto ao poder público. Estamos aqui há 40 anos”, conta Heliton Roecker, líder do Comitê de Responsabilidade Social da empresa, com sede na Vila Recreio.

Outro benefício conseguido com a união dos moradores foi um curso de culinária, programado para ser feito em uma cozinha industrial do Moinho Globo Alimentos e que envolveu mais de 40 moradoras da terceira idade do bairro.
“Ambos os lados se beneficiam com a iniciativa. Em muitos casos as receitas ensinadas nos cursos acabam complementando a renda familiar de diversos participantes. Do outro lado a empresa também tem a oportunidade de divulgar suas marcas e produtos a novos e potenciais consumidores. Vindo da própria comunidade é uma iniciativa rara e fantástica. Foge ao velho costume do brasileiro de esperar que a resolução de todos os seus problemas venha sempre do governo”, ressalta Fernando Libos, responsável pelo marketing do Moinho Globo Alimentos.
Classificados
O Projeto Político de Desenvolvimento das Cidades do Paraná pode ser implantado em qualquer localidade onde haja mobilização e interesse dos moradores em utilizar a metodologia de para a busca da melhoria de qualidade de vida. As vilas Santana e Barreto, em Ponta Grossa, foram pioneiras no Paraná e começaram 2009 colocando em prática as ações definidas no ano passado.
Recentemente, os moradores apresentaram a primeira ação da agenda positiva, um grupo de fanfarra, composto por crianças da região. O encontro aconteceu na Associação de Moradores da Vila Santana, onde a banda fez um ensaio.
A plataforma NING, adotada pela Rede de Participação Política, abre espaço, através da coluna “Classificados Sociais”, para que pessoas e empresas possam utilizar a ferramenta para fazer e solicitar doações e, até mesmo, parcerias ou recursos para seus projetos. Este espaço de divulgação pode ser acessado através do endereço http://redeempresarial.ning.com
Estão anunciados nos classificados pedidos de doação de instrumentos musicais para a banda e uniformes de taekwondo para aulas de artes marciais, ações desenvolvidas pelos moradores da Vila Santana em Ponta Grossa.

 

Sistema Fiep - Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná
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