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Investir no mercado interno é uma das alternativas que o setor têxtil e do vestuário tem adotado para minimizar os efeitos da crise financeira mundial. Dados do Instituto de Estudos e Marketing Industrial (Iemi), de São Paulo, mostram que mais de 95% de toda a produção brasileira do vestuário é comercializada dentro do próprio país.
“Seguimos o modelo de produtor/consumidor. A inovação em produtos e serviços, a busca de novos segmentos consumidores e mercados regionais e a ampliação dos canais de distribuição, além de investir no mercado interno, são formas de crescer e conquistar mercados”, afirma Marcelo Prado, sócio-diretor do Iemi.
As indústrias do Paraná já seguem a tendência nacional e procuram agregar valor aos produtos em busca de novos mercados. “O Paraná é um grande produtor de marcas, com produtos de altíssima qualidade. Uma forma de minimizar a concorrência é produzir moda, e não somente roupas. É isso que o empresário paranaense tem feito para minimizar os efeitos da crise”, diz Marcos Tadeu Koslovski, presidente do Sindicato da Indústria do Vestuário do Paraná (Sivepar) e coordenador do Conselho Setorial da Indústria do Vestuário da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), um dos promotores do 3º Paraná Business Collection (PBC), evento de moda e negócios que acontece de 25 a 29 de maio no Cietep, em Curitiba.
O evento, também promovido pelo Sebrae/PR, está em sua terceira edição e reunirá desfiles, showroom de negócios e uma programação paralela que inclui o 6º Prêmio João Turin e o Ciclo de Atualização em Moda, além de exposições, palestras, debates e uma oficina de moda. O principal objetivo é consolidar o Paraná não somente como polo da indústria de vestuário e confecção no Brasil, mas também como referência em moda.
Dados do Departamento Econômico da Fiep mostram a dimensão da indústria têxtil e do vestuário no Estado. As 5.400 indústrias, a maioria micro e pequenas empresas, empregam mais de 89 mil trabalhadores, o que representa 6,8% de todos os empregados do setor no País. No Paraná, o setor é o segundo que mais emprega entre toda a indústria do Estado.
De acordo com diretor do Sinditêxtil (Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem), Adilson Filipaki, o Paraná tem muitas marcas diferenciadas, mas que são pouco comentadas no mercado da moda. “Isso é devido à falta de visibilidade”. Segundo ele é necessária uma maior participação das empresas em desfiles e eventos do gênero para que as etiquetas paranaenses possam ser fixadas na mente de lojistas e consumidores finais. “Nossos produtos têm, muitas vezes, maior penetração de mercado do que marcas de São Paulo e Rio de Janeiro, mas não têm tanta visibilidade por não participarem de um número maior de desfiles”, diz.
A opinião de Filipaki é compartilhada por Edson Campagnolo, vice-presidente da Fiep e industriário na Região Sudoeste. “Cerca de 70% das empresas do Sudoeste são prestadoras de serviço, ou seja, somos fornecedores para grandes marcas. Muitas roupas da TNG, por exemplo, são produzidas na região, mas ninguém fica sabendo, porque na etiqueta está a marca da TNG”, diz, ressaltando que as empresas precisam criar marcas próprias para se consolidarem no mercado.
“A concorrência sempre vai existir, por isso temos que diferenciar nossos produtos. Quem fabrica roupas simples, em grandes quantidades, para distribuição em massa com certeza sofrerá com a concorrência chinesa. Em Maringá, estamos trabalhando com produtos para as classes A e B, que exigem um produto diferenciado, com bom acabamento, costura, design, tecidos diferenciados, que fuja do básico e siga as tendências da moda”, afirma Carlos Roberto Pechek, presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário (Sindivest) de Maringá.
Mercado externo – O Brasil, e consequentemente o Paraná, exporta principalmente fios de seda, fios de algodão, tecidos de algodão e sintéticos, que possuem baixo valor agregado. Em 2007, o país ocupava a 7ª posição no ranking dos exportadores de têxteis e a 6ª na exportação de vestuário.
Dados do Departamento Econômico da Fiep apontam que no Paraná as exportações do setor têxtil e vestuário tiveram uma variação de -18,51% no primeiro quadrimestre do ano, se comparado com o mesmo período de 2008.
Na avaliação de Ardisson Naim Akel, presidente do Sindivest – Curitiba, a queda nas exportações traduz a realidade brasileira, que trabalha com custos elevados de produção. “No sudeste asiático, Turquia e Leste Europeu a mão-de-obra é muito mais barata, o que aumenta a concorrência”, afirma Akel, que também coordena o Conselho Temático de Comércio Exterior da Fiep.
Para Akel, a pouca inserção no mercado externo deve-se, primeiro, à concorrência e, em segundo lugar, à pouca visibilidade das marcas paranaenses no exterior. “Estamos tentando criar o conceito de moda, fashion e estilo. Queremos fazer com que o Paraná seja reconhecido como centro produtor de moda. Visibilidade e conceito se traduzem em mercado, ou seja, melhorando a condição da marca, vamos agregar maior valor ao produto e, consequentemente, aumentaremos a exposição”, destaca, citando marcas paranaenses como Lafort, Lucia Figueredo e Osmoze, que são conhecidas no mercado nacional, mas não no internacional.
O presidente do Sinditextil, Marcelo Surek, ressalta que as empresas precisam, em primeiro lugar, se fortalecer internamente, para então investir na exportação. “Já estamos produzindo produtos diferenciados, que aliam design e estilo. O principal desafio agora é consolidar as marcas paranaenses no mercado interno”, defende.