Aterros Sanitários

Aproveitamento energético do biogás traz ganhos em todas as esferas

Tema está na programação do Seminário Internacional WasteNet, que acontece em março, na capital paranaense. O gerente da Cetesb (Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental), de São Paulo, João Wagner Silva Alves, falará sobre as tecnologias e vantagens na utilização do biogás

Energia suficiente para abastecer, por um ano, cerca 150 mil residências que tenham o consumo mensal de 200kWh. Esse é o ganho energético obtido na cidade de São Paulo com o aproveitamento do biogás – uma mistura gasosa proveniente da decomposição anaeróbia do lixo orgânico – em dois aterros sanitários da capital paulista. Segundo o gerente da Cetesb (Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental), de São Paulo, João Wagner Silva Alves, graças aos projetos de aproveitamento do biogás, essa energia não está sendo gerada em uma termoelétrica ou hidrelétrica. “Em São Paulo, os dois aterros da cidade geram juntos 40 megawatts (MW) de energia elétrica e, no Estado, os demais aterros poderiam estar gerando, pelo menos, outros 60 MW”, estima Alves.

O tema estará na pauta do Seminário Internacional WasteNet  que o Senai Paraná promove, em Curitiba, nos dias 4 e 5 de março. Com a palestra “Aproveitamento energético do biogás gerado em aterros sanitários“, Alves, apresentará as linhas gerais de um projeto de recuperação e uso energético de biogás e a situação geral do Brasil nesta área. O assunto foi tema da dissertação de mestrado do palestrante, defendido em 2000.

A vantagem do aproveitamento do biogás, segundo ele, se dá em todas as esferas. “É uma atividade que gera ganhos sanitários, ambientais, sociais e tecnológicos, além dos ganhos proporcionados pela geração de energia descentralizada e pela economia de outras fontes de combustíveis fósseis. Há uma extensa lista de vantagens que são geradas por esta prática”, cita. A mistura gasosa é rica em dióxido de carbono e metano, este último um dos gases mais potentes em termos de aquecimento global. “O metano em especial é um gás que se for emitido para a atmosfera, contribui para o aumento da concentração de gases de efeito estufa”, explica Alves.

A atividade pode ser feita em qualquer aterro, desde que sejam observados os benefícios reais para a região. As aplicações da energia gerada são várias. “Desde a simples inclusão do gás à rede de distribuição de gás natural, como será feito em breve na cidade do Rio de Janeiro, à geração de eletricidade como é feito nos aterros Bandeirantes e São João, em São Paulo”, diz Alves, alertando que mesmo frente aos benefícios com a atividade, devem ser priorizadas a redução da geração de resíduos na fonte, o reuso e outros destinos que não o aterro. “A compostagem e a incineração, com aproveitamento energético do calor residual gerado pela queima do lixo, são exemplos”.

A palestra acontece no dia 5 de março, às 9 horas. A programação ainda inclui outras 25 palestras, divididas em cinco temas principais: Gestão sustentável de resíduos sólidos; Tecnologia: tratamento e destinação final de resíduos; Bioenergia: pesquisa e tecnologia; Produção de biogás: alternativa energética; e Aproveitamento de resíduos: como agregar valor.  Entre os palestrantes estão membros da WasteNet e representantes de órgãos públicos, entidades e instituições ligadas à área ambiental.

O seminário integra os trabalhos da WasteNet, uma rede internacional de cooperação, que reúne pesquisadores de universidades da América Latina, Europa e Ásia para troca de experiências e desenvolvimento de pesquisas em prol do manejo sustentável de resíduos sólidos. A unidade CIC/Cetsam, do Senai Paraná, é a representante do Brasil.

O evento acontece no Cietep, na Av. Comendador Franco, 1341, Jardim Botânico, em Curitiba. As inscrições já estão abertas e podem ser feitas até 3 de março pelo site www.pr.senai.br ou pelo telefone (41) 3271-7139.