Nível de otimismo do industrial paranaense é o menor dos últimos 10 anos
Crise financeira internacional afeta confiança do empresariado, revela pesquisa da Fiep
A crise financeira internacional derrubou a confiança do empresário paranaense. Apenas 62,17% dos industriais do Paraná mostram-se otimistas em relação aos seus negócios para o ano de 2009, conforme revela a pesquisa Sondagem Industrial, coordenada pelo Departamento Econômico da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep). O índice é o menor dos últimos 10 anos e o segundo menor de toda a série histórica pesquisada pela Fiep, que iniciou em 1996. Até agora o mais baixo índice de otimismo do empresariado paranaense foi registrado em 1998, quando apenas 61,93% dos entrevistados mostravam-se otimistas em relação ao ano seguinte.
“No momento em que se submeteram as perguntas constantes do questionário (novembro de 2008), o humor dos empresários sofria influência avassaladora da crise financeira instalada globalmente”, afirma Maurílio Schmitt, coordenador do Departamento Econômico da Fiep e da pesquisa. Ele lembra que em 1998, quando o otimismo também era baixo, prevalecia o regime artificial de câmbio fixo que viabilizava as importações e prejudicava as indústrias nacionais. Vale lembrar que em janeiro de 1999 foi alterada a política cambial e o regime passou a ser flutuante. Segundo o economista, também é importante ressaltar que naquele ano a economia sofria ainda as conseqüências da crise russa (1998) e da asiática (1997).
“Neste 2008, o ambiente é semelhante: o câmbio atingiu seu menor nível em julho de 2008 (R$ 1,59 por dólar), facilitando grandemente as importações e criando embaraços às exportações, e em setembro se deflagrou a crise financeira internacional”. Ele explica que tanto naquela época quanto agora as empresas que têm relações com o exterior foram pegas no descompasso em seus contratos de câmbio e amargam profundos desequilíbrios de caixa. De acordo com o economista, a crise financeira está revelando a perversidade de um modelo que transferia as recompensas empresariais da economia real, de produtos, para a economia virtual, de papéis.
Na pesquisa, os empresários falaram também sobre as dificuldades para enfrentar a concorrência no mercado interno: a ‘Carga Tributária Elevada’ continua sendo a campeã, com 85,20%; seguida dos ‘Encargos Sociais Elevados’ com 79,14% e do ‘Custo financeiro elevado’ (58,47%).
Estratégias – Dentre as estratégias de maior importância para 2009, as mais citadas na pesquisa são o ‘Desenvolvimento de negócios’ (51,51%), que superou a questão ‘Satisfação do cliente’ (51,16%) pela primeira vez desde 2002 quando esta fora incluída na Sondagem Industrial, ambas relativas ao âmbito externo das empresas. ‘Satisfação de funcionários’ (25,85%) e ‘Desenvolvimento de funcionários’ (24,60%) são as questões de maior importância a serem adotadas dentro das empresas.
A pesquisa revelou também que 74,51% dos respondentes pretendem realizar seus investimentos com recursos próprios e estes serão destinados preponderantemente a ítens como ‘Produtividade’ (40,29%), ‘Melhoria de Processo’ (39,75%) e ‘Modernização Tecnológica’ (37,61%). Todos estes ítens citados visam a melhoria de produção. O ‘Aumento de Capacidade Produtiva’ (34,58%), que sempre aparecia entre as três primeiras citações, foi deslocado para a quinta posição, prevendo que este item não é prioritário para 2009, pois novos investimentos estão travados diante do cenário adverso. A ‘Utilização de máquinas e equipamentos automáticos’, citado por 74,15% dos respondentes, é o método utilizado para a modernização da área produtiva da empresa, evidenciando que os aumentos de capacidade estão incorporando novas tecnologias para aumentar a produtividade e a competitividade das indústrias.
Gestão de pessoas – Os aumentos de produtividade se devem principalmente ao ‘Melhor gerenciamento de pessoal’ (54,01%). Para absorver a modernização tecnológica, 75,94% dos pesquisados afirmam que dão ‘Treinamento de funcionários’ com uma média de 36 horas por funcionário por ano. 43,14% das indústrias dizem ‘manter recursos destinados ao treinamento dos funcionários, incentivando a educação e o aprendizado’ com 41,1 horas de treinamento por funcionário ao ano na área operacional.
Dentre as estratégias das empresas em relação à concorrência nacional e internacional, 52,75% das empresas apostam na ‘Qualificação de pessoal’. Da mesma forma, as empresas utilizam a ‘Educação’ (50,45%) para ampliar o conhecimento e o aprimoramento das pessoas a elas vinculadas.
Política tecnológica e de inovação – 35,87% das indústrias têm ‘Pesquisa e Desenvolvimento próprios’, 15,93% ‘absorvem tecnologia do Brasil’ e 15,49% ‘absorvem tecnologia do exterior’ e outras 10,90% ‘recorrem a universidades em busca de conhecimentos, de parcerias, de novas tecnologias ou inovações’. 80,82% das empresas paranaenses atribuem formalmente a responsabilidade pela ‘Gestão da Inovação’ e (ou) de ‘Novos Produtos’ a uma pessoa ou grupo de pessoas. A maior parte das indústrias domina e (ou) executa os processos de gestão da inovação: ‘Planejamento Estratégico Tecnológico’ (35,83%), ‘Gestão da Propriedade Intelectual/Industrial’ (27,63%), ‘Prospecção Tecnológica / Monitoramento’ (28,16%), ‘Gestão de Projetos de P&D’ (32,44%) e ‘Gestão de normas e regulamentos técnicos’ (30,48%).
Participação – O número de empresários que respondeu ao questionário da Sondagem Industrial este ano (2008/2009) foi de 544. Esta participação de empresários é atribuída à aproximação do Sistema Fiep ao meio empresarial, assim como à aderência de suas ações às necessidades das empresas, resultando em conquista de maior credibilidade da instituição.
Para a realização da pesquisa, o Departamento Econômico da Fiep estabelece contato com 2.500 indústrias de um universo representativo de empreendimentos de todos os portes, segmentos e regiões do Estado. O questionário aborda questões relativas a indicadores de desempenho, investimentos, ganhos de produtividade, mercado, entre outras. Faz uma avaliação do ano atual e uma projeção para o próximo período.