Inclusão

Deficientes estão mais próximos do mercado de trabalho

Deficientes estão mais próximos do mercado de trabalho

Pesquisa feita com ex-alunos deficientes dos cursos de aprendizagem do Senai, revelou que metade deles estava trabalhando

Na semana em que se comemora o Dia Internacional de Luta das Pessoas com Deficiência – 03 de dezembro –, um número divulgado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) motiva ainda mais a batalha pela inclusão social. Uma pesquisa com 1.268 ex-alunos deficientes dos cursos de aprendizagem do Senai, realizada em 2007, revelou que 42% deles estavam trabalhando.

O número é expressivo levando-se em conta os dados divulgados no mesmo ano pelo Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia (IBGE). De acordo com o IBGE, em 2007 existiam 24,5 milhões de pessoas deficientes no Brasil, das quais 9 milhões em idade própria para o trabalho, mas apenas 1 milhão delas em atividade profissional, o que equivale a 11% do total.

A Lei 8.213, de 1991 exige que empresas com 100 ou mais empregados devem empregar de 2% a 5% de pessoas com deficiência. Apesar da obrigação legal trabalhista, ainda há uma lacuna considerável a ser preenchida nas empresas, o que gera um quadro de vagas abertas e deficientes desempregados. Enquanto pessoas com deficiência reclamam da falta de oportunidade no mercado de trabalho, as empresas se queixam que falta qualificação profissional dos deficientes.

Há sete anos o Senai auxilia nesta inserção com um programa voltado para pessoas com deficiência. O Programa Senai de Ações Inclusivas (PSAI) desenvolve cursos para a qualificação profissional de pessoas com deficiência e sua inserção no mercado de trabalho.  De 2001 até agosto de 2008 passaram pelo PSAI mais de 34 mil alunos especiais nas 28 áreas de atuação do Senai. “No Paraná, o programa é desenvolvido desde 2002. Até hoje foram capacitadas 1.530 pessoas com deficiências auditiva, visual, física, mental e até mesmo com múltiplas deficiências”, explica Marlete Clara Simões, coordenadora do PSAI no Paraná.

“Grande parte dessas pessoas conquista uma vaga no mercado de trabalho. Cada vez mais as empresas estão abrindo suas portas para a contratação de pessoas com deficiência não só porque é uma exigência legal, mas também porque os empresários estão percebendo a garra e a capacidade produtiva dessas pessoas”, considera Marlete.

Garra – Os colegas de trabalho José Ildefonso, Eduardo Diniz, Marcos Paulo Pereira e Adriano Lobeda, são exemplos concretos dessa capacidade. Deficientes auditivos desde o nascimento, eles foram capacitados no curso de aprendizagem de montador de veículos do Senai, em 2007, e hoje integram o quadro de colaboradores da fábrica da Renault, em São José dos Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba.

Eles trabalham na área de soldagem da empresa, e segundo o supervisor de produção Alexandre Bially – que mantém através das Libras o contato direto com os quatro colegas – a dedicação pelo trabalho vai além da esperada. “Eles realizam as atividades tão bem quanto qualquer outro ouvinte, o convívio é normal e aprendemos uns com os outros”, diz o supervisor, destacando que outros funcionários da linha de produção se interessaram e aprenderam a linguagem de sinais com os colegas.

A dificuldade segundo eles é superada quando as pessoas aprendem a conviver umas com as outras, independente das diferenças. “Hoje ensino algumas atividades para os novos funcionários da empresa que são ouvintes”, conta Eduardo Diniz.

Aprendizagem, dignidade e o aumento do poder aquisitivo com o novo emprego, são os ganhos principais segundo os rapazes, que explicam com alegria a aquisição de equipamentos eletrônicos, carros e roupas novas. “Estou guardando dinheiro para fazer uma faculdade. Quero estudar e crescer ainda mais para ajudar minha família também”, diz Adriano Lobeda, que já fez quatro cursos de aprendizagem do Senai.

A montadora tem atualmente 176 pessoas deficientes efetivadas. Segundo Cristina Gonçalves, da área de inclusão social da Renault, a meta para o próximo ano é chegar à marca de 200 colaboradores com necessidades especiais. “Nosso desafio vai além das cotas. Inserir o deficiente no mercado de trabalho é fazer com que ele construa sua história na sociedade”, avalia Cristina.

Números – Dos 42% dos egressos do Senai que estavam empregados, 74,8% estava trabalhando com carteira assinada ou funcionários públicos. Mais da metade (54,2%) estava trabalhando em ocupação aprendida ou relacionada ao curso realizado nas escolas da instituição. Considerando o tipo de necessidade especial, foi verificado que os deficientes físicos obtiveram melhor aproveitamento no mundo do trabalho, seguidos dos deficientes auditivos e visuais.

Eles têm renda média mensal de 1,8 salário mínimo. Mais da metade (58,9%) ganha entre um e dois salários mínimos, 16,3% entre dois e três salários mínimos, e 2,5% chegam a ganhar mais de cinco salários mínimos por mês. Trabalhar na mesma área de formação faz diferença para os ex-alunos do Senai. Nesse caso, a renda média mensal é 40,6% superior em comparação aos ocupados fora da área em que foram formados. A remuneração percebida é de 1,55 salário mínimo para os ocupados fora da área de formação e 2,18 salários mínimos para os ocupados na área de formação.

SERVIÇO
Programa Senai de Ações Inclusivas
Marlete Clara Simões
(41) 3271-9325
www.senai.br/psai

 

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