Loures sugere maior articulação do governo com a sociedade
Presidente da Fiep alerta para a gravidade do quadro econômico e diz que o País não pode entrar no jogo da especulação
O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Rodrigo da Rocha Loures, afirmou nesta quinta-feira (23/10) que o presidente Lula precisa mobilizar as forças da sociedade para articular uma estratégia de enfrentamento da turbulência econômica provocada pela crise financeira mundial. “O presidente Lula deve assumir o papel de árbitro desta questão. Ele tem condições para mobilizar a nação em torno de uma agenda positiva. Pode se posicionar acima de seus colaboradores, sem se tornar refém do humor do mercado financeiro”, sugeriu Rocha Loures.
O presidente da Fiep lembrou que o setor produtivo brasileiro já havia alertado o governo de que a crise mundial poderia provocar muitas dificuldades para o Brasil e que era preciso uma reação. “Em abril, quando a crise rompia as fronteiras norte-americanas, dizíamos que a auto-regulação dos mercados não estava funcionando e que a intervenção do Estado era necessária. Pregamos no deserto porque somente nos últimos dias o governo admitiu a gravidade do quadro”, afirmou o presidente da Fiep.
Segundo ele, as decisões que deixaram de ser tomadas anteriormente evidenciam a falta de coordenação entre as políticas monetária, cambial e fiscal e de sintonia com os fatos que vêm afetando a econômica global. “As medidas adotadas agora são positivas, mas ainda insuficientes. Além da volatilidade do dólar e das dificuldades de crédito, estamos começando a ver um movimento de fuga de capitais do país. O governo não pode correr o risco de entrar no jogo da especulação financeira e deve tomar medidas para evitar esta sangria”, alertou Rocha Loures.
Para o empresário, o presidente Lula deveria contar com um conselho econômico da presidência composto por economistas de notável saber oriundos das principais escolas de economia do país. Como forma de aperfeiçoar a governança da política macroeconômica, Rocha Loures defende a ampliação do Conselho Monetário Nacional.
A sugestão é incluir pelo menos três novos membros: os ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e da Ciência e Tecnologia e o presidente do BNDES. “Com isso, o CMN ficaria mais alinhado aos interesses gerais do País, visto que as políticas nacionais não podem estar focadas somente na órbita financeira. É preciso defender a estrutura produtiva real”, destacou.