Desempenho do Comércio Exterior brasileiro deve ser crescente
Para o ex-presidente do Banco Central Carlos Langoni, é preciso estar atento aos desafios de uma economia que se fortalece
O Brasil está caminhando para alcançar um padrão de crescimento sustentado e o desempenho futuro depende da combinação entre cenários externos e políticas internas. Nos próximos anos, a economia vai subir de forma moderada. O crescimento potencial brasileiro, que atualmente é de 4,5%, poderá chegar a 5,5%. A afirmação é de Carlos Geraldo Langoni, economista e ex-presidente do Banco Central do Brasil (BC), durante o V Seminário Estadual de Negócios Internacionais do Paraná, realizado nesta quinta-feira (04), em Curitiba. Promovido pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), por meio do Centro Internacional de Negócios (CIN) e da Unindus, universidade corporativa da indústria, em parceria com o Banco do Brasil, o evento reuniu 450 pessoas interessadas nas oportunidades e tendências do mercado internacional e econômico. Na ocasião, Langoni ministrou a palestra “Cenários da Economia Mundial e Perspectivas para o Comércio Exterior Brasileiro”.
Na opinião de Langoni, para a economia brasileira, que está crescendo cada vez mais, não perder o rumo, é preciso estar atento para as conseqüências que esse desenvolvimento econômico pode causar. “A crise mundial é interessante para a arquitetura macroeconômica brasileira, que está tendo um desenvolvimento favorável, com investimentos industriais e produtividade crescente, além da melhoria nas contas externas, que tem levado à sistemática apreciação do real, pouco afetado pelas incertezas internacionais. Isso propõe ao Brasil o desafio de gerenciar o seu crescimento econômico, para que não haja uma aceleração inflacionária, conseqüência do forte aumento da demanda dos países emergentes como China, Índia e Rússia”, afirmou o economista, lembrando que as expectativas inflacionárias para 2008 e 2009 estão subindo.
Para Langoni, apesar da crise externa, as exportações mantêm bom ritmo e as importações superaram as expectativas. “As exportações crescem a um ritmo surpreendente, apesar da desaceleração da economia mundial e valorização cambial. O que impressiona são as importações, que crescem de forma explosiva, confirmando também o aquecimento da demanda interna”, disse o o ex-presidente do BC, lembrando que já no ano passado o país sofreu uma explosão nas importações. “Em 2007 as importações cresceram em mais de 50%, e continuam crescentes neste ano. Já as exportações cresceram 30% no primeiro semestre deste ano”, comparou.
Assim como as perspectivas da economia, as dos negócios brasileiros no cenário internacional também são favoráveis. “Tudo indica que o Brasil vai avançar e retomar os acordos comerciais e parcerias internacionais para ter mais acesso a outros mercados, principalmente à União Européia e às Américas, pois as grandes barreiras do desenvolvimento no mercado internacional são as várias tarifas”, disse, ressaltando que os acordos com o próprio Mercosul também devem ser revistos: “Precisamos ter mais abertura de mercado e mais progresso nas negociações comercias”. O economista lembra que os esforços do governo devem ser somados ao do empresariado brasileiro para o ingresso no mercado internacional. “A competitividade brasileira é ainda baixa devido à infra-estrutura obsoleta, baixa qualidade de capital humano e o peso da burocracia. É preciso ter visão de longo prazo e preocupar-se com a qualidade e eficiência que o mercado internacional exige”.
Capacitação para o desenvolvimento – Para o coordenador do Conselho Temático de Comércio Exterior da Fiep, Ardisson Akel, a realização do seminário é mais um passo que se dá rumo ao mercado internacional. “A intenção de apresentar, trocar e buscar informações econômicas e de comércio exterior demonstra que buscamos o desenvolvimento e a capacitação para o desenvolvimento, aprimoração e atuação no mercado internacional, e consequentemente para a economia brasileira”, afirmou, na abertura do evento, a qual também participaram o diretor da Unindus, Henrique Ricardo dos Santos, e o gerente regional de Varejo do Banco do Brasil, Roberto Cavallieri.
Durante o evento foram apresentados cases de sucesso na prática do comércio exterior e palestras com representantes do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Banco do Brasil e Secretaria da Receita Federal, além da realização de despachos executivos para esclarecimentos e soluções de problemas pontuais de empresas em assuntos de comércio exterior.