Inovação e atualização são as chaves para firmar marcas e fazer moda no Paraná
Empresários do setor de vestuário e confecção vêem a necessidade de criar moda e agregar valor aos produtos desenvolvidos no Estado. Paraná Business Collection vem para provar que isso é possível
O faturamento do setor de vestuário e confecção do Paraná representa uma significativa fatia na economia do Estado. De acordo com uma pesquisa encomendada no ano passado pelo Sebrae ao Instituto Ethos, o faturamento anual do setor chega à marca de R$ 2,8 bilhões, o que coloca o Paraná como o segundo maior pólo de confecções do país, com cerca de 150 milhões de peças lançadas ao mercado todos os anos.
Esta notoriedade na capacidade de produção é fato, mas segundo empresários e representantes de sindicatos do setor, o volume não basta para vencer a competitividade com os produtos chineses que invadem as prateleiras das lojas a preços ínfimos. A solução, segundo eles, está no investimento em inovação para agregar valor aos produtos locais, fortalecendo marcas já existentes e dando subsídio para a criação de novas grifes.
Um exemplo disso é o que será visto na segunda edição do Paraná Business Collection, evento promovido pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), através do Conselho Setorial da Indústria do Vestuário e pelo Sebrae/PR. O evento reunirá o melhor da moda local entre os dias 28 de julho e 1º de agosto, em Curitiba, no Cietep. “O Paraná Business Collection vai mostrar que nosso estado faz moda, e moda de qualidade”, informa o coordenador do Conselho Setorial da Indústria do Vestuário e também empresário do setor, Marcos Tadeu Koslovski.
Tendências paranaenses – De acordo com dados do Departamento Econômico da Fiep, o Paraná conta com mais de quatro mil estabelecimentos industriais de vestuário, empregando de forma direta e indiretamente mais de 76 mil trabalhadores, o equivalente a 13,49% de todos os empregados do setor no Brasil. Segundo Koslovski, o II PBC vem para reforçar essa grandiosidade do estado no setor e também para mostrar que é possível criar tendências genuinamente paranaenses através do investimento em design e incremento de peças. “Temos indústrias que estão diferenciando seus produtos e provando que é possível fazer moda”, cita.
O presidente do Sinditêxtil (Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem no Estado do Paraná), Adilson Filipaki, afirma que o investimento na produção deve vir acompanhado de estratégias para dar visibilidade às marcas paranaenses. ”Nossos produtos têm muitas vezes maior participação no mercado do que marcas de São Paulo e Rio de Janeiro, mas não têm tanta visibilidade por não participarem de um número maior de desfiles”, explica. Uma maior participação em eventos do gênero, segundo ele, pode fazer com que etiquetas paranaenses sejam fixadas na mente de lojistas e consumidores finais. Para ele o mercado está carente de novas marcas e o II PBC é uma das ações que “abre as portas para colocar a moda paranaense em evidência”.
Uma das estratégias para ganhar mercado é a atualização constante em torno das tendências mundiais. O presidente do Sinveste (Sindicato das Indústrias do Vestuário de Cianorte), Wilson Becker, cita a participação dos empresários em feiras internacionais como fundamental para a evolução dos produtos. “Ir a feiras nos grandes berços da moda no mundo é um investimento pesado, mas o retorno é garantido, pois o empresário baliza sua coleção em cima do que o mercado pede”.
A aplicação de recursos financeiros em novos maquinários e em design, segundo ele, proporcionam pequenos detalhes nas peças que fazem a diferença no final. “Hoje o consumidor está mais exigente, ele pede o artigo que deseja. Se a empresa não está preparada para atender a essa exigência, perde espaço no mercado”, diz. Cianorte, onde o Sinveste está localizado, é uma das regiões do Estado que se destaca por abrigar marcas de confecções conceituadas nacional e internacionalmente. Nesta edição do PBC, duas grifes do município estarão nas passarelas. “Osmoze e Lucia Figueredo são exemplos de empresas que se preocuparam em inovar e comprovam que o Paraná pode ser reconhecido por fazer moda”, informa Becker. Ele reforça que a estratégia no mundo da moda é “sair junto ou na frente”.
Ferramentas para inovar – As clínicas tecnológicas desenvolvidas pelo Senai Paraná, por meio da Rede de Tecnologia (Retec) podem auxiliar empresários no estabelecimento de estratégias para seus negócios, através da identificação e solução de problemas específicos para cada setor. Para os ramos de confecção e vestuário, foram realizadas em 2007, clínicas tecnológicas em seis regiões do estado, com foco em design, marketing, modelagem, entre outros.
Nas clínicas, os empresários têm a oportunidade de consultar especialistas e técnicos conceituados na área. Em Maringá, por exemplo, para a clínica tecnológica de moda “Curto circuito”, a estilista escocesa Stephanie Murray, considerada uma das mais influentes profissionais de moda do mundo, foi a responsável por uma das palestras oferecidas aos empresários da região. “As clínicas e também as capacitações de mão-de-obra do Senai têm sido fundamentais para alavancar o setor de confecção do Estado”, destaca Becker.
Missões internacionais – Para promover a atualização da moda paranaense com as tendências mundiais, a Fiep, através do Centro Internacional de Negócios (CIN) realiza freqüentemente missões empresariais internacionais para os principais centros da moda mundial. Nos últimos quatro anos, foram oito missões envolvendo 100 pessoas representando 75 empresas paranaenses dos setores de confecção, vestuário e têxtil. A maior parte das missões teve como destino Paris e Milão, considerados berços da moda na Europa.
Neste momento, o CIN está organizando uma nova missão empresarial destinada a empresários da moda para França e Itália. A missão acontece de 16 e 26 de setembro. No roteiro, visita a Feira Milano Unica, em Milão, e à TexWorld e Premiere Vision, que acontecem simultaneamente em Paris.
A Feira Milano Unica é referência internacional em tecidos de alta qualidade. A TexWorld é uma feira do setor têxtil, de maquinários e acessórios, e da Premiere Vision, feira de tecidos que reúne expositores e empresários de mais de 30 países. A programação inclui ainda visitas ao Instituto Europeu de Design (IED), ao Centro Comercial Victoria Emmanuelle e Duomo, a lojas de moda de alto luxo, de departamentos e marcas série B.
A Missão à França e Milão tem a parceria do Sindicato das Indústrias do Vestuário do Paraná (Sivepar). As vagas são limitadas. As inscrições já estão abertas e devem ser feitas até dia 20 de agosto, pelo e-mail: janet.pacheco@fiepr.org.br. Mais informações, pelo telefone: (41) 3271-9105 ou no site: www.cinpr.org.br.