Empresa e academia

Global Forum destaca experiências de empresas e universidades

Global Forum destaca experiências de empresas e universidades

Oitenta e seis relatos de práticas de sustentabilidade foram apresentados por representantes de empresas, universidades, ONGs e instituições públicas

Práticas de relacionamento da empresa com seus stakeholders (diversos públicos), governança corporativa, empreendedorismo e tecnologias sociais, finanças sustentáveis e políticas públicas e sustentabilidade. Estes foram alguns dos 86 temas abordados em relatos e resumos de experiências de empresas, universidades, organizações não-governamentais e instituições públicas nesta quarta-feira (18), na abertura do Global Forum, no Cietep, em Curitiba. O evento, que vai até o dia 20, é uma realização da Unindus, universidade corporativa do Sistema Fiep, com patrocínio do Sesi, em parceria com o Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP) e Case Western Reserve University (EUA).

Os temas foram coletados em 12 áreas e formam um painel diversificado de estudos e ações concretas relacionadas à sustentabilidade. Os trabalhos vieram de 13 estados brasileiros e de três países, além do Brasil (Argentina, Uruguai e Portugal). “Pudemos ver experiências e práticas do mercado e da própria academia que começam a trabalhar com este novo desafio, que é buscar soluções de negócio que atendam os interesses dos acionistas, mas que também sejam soluções que promovam o desenvolvimento sustentável. Essas duas condições têm que estar presente em qualquer solução que seja apresentada daqui pra frente”, explicou Mário Monzoni, coordenador da FGV-EAESP, responsável pela escolha dos doutores que selecionaram os trabalhos apresentados.

Integração empresa-academia – O professor Freud Jone Fernandes Oliveira, do Centro Universitário de Maringá (Cesumar), apresentou no painel sobre Empreendedorismo e Tecnologias Sociais a experiência da integração promovida desde o ano passado entre a instituição e o Núcleo de Excelência em Tecnologia da Informação (NExTI). “Já no primeiro encontro ficou evidente a necessidade de estabelecer um ciclo contínuo de ações. Este é um trabalho iniciado ano passado, mas que não pode acabar”, disse Oliveira.

De acordo com ele, após uma série de reuniões com empresas de TI e pesquisas qualitativas e quantitativas com empresários, professores e alunos, foram definidas 15 ações que estão sendo implementadas. “Identificamos ações que respondem à demanda do mercado e às expectativas da academia e da sociedade. O Brasil está na alça de mira de diversos setores e a TI é um deles”, observou o professor. Segundo ele, todas as ações são de curto e médio prazo. “Agora, nosso projeto é transformar Maringá em um Centro de Excelência em TI”, afirmou Oliveira.

Finanças sustentáveis – Na área de finanças sustentáveis, a professora Annerose Nakakura, da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap), apresentou uma pesquisa de campo que avaliou o impacto das práticas de Governança Corporativa na rentabilidade do mercado financeiro. “A Governança Corporativa pode trazer muitos benefícios, sim. Não só para os acionistas, mas para toda a sociedade. É importante destacar que a Governança Corporativa foca ações na perenidade da empresa”, disse Annerose.

Segundo ela, a transparência das informações é fundamental para a adoção da Governança Corporativa porque atrai mais investidores e gera maior rentabilidade. A pesquisa abrangeu a atuação no mercado brasileiro de ações, mais especificamente na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), de um universo de 100 empresas entre 2002 e 2007. De acordo com Annerose, a rentabilidade das empresas que têm mais rigor nas ações de Governança Corporativa aumentou nos últimos anos. “A Perdigão, por exemplo, registrou um aumento de 58,79% no valor das suas ações, entre janeiro de 2006 e julho de 2007”, concluiu.

Agronegócio – Na área de Agronegócio Sustentável, a representante da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS), Clarissa Machado Saavedra, expôs um trabalho que analisou o entendimento e a incorporação do conceito de sustentabilidade corporativa entre as principais empresas do setor sucroalcooleiro brasileiro.

“Alinhar as questões de crescimento de sustentabilidade, formar e capacitar mão-de-obra qualificada, sensibilizar a sociedade para a importância da sustentabilidade e agir proativamente são os principais desafios do setor”, destacou Clarissa.

Para a representante da Visão Sustentável, empresa de Consultoria em Agronegócio, Sandra Melleiro Piagentini, as alianças estratégicas são de suma importância para a produtividade e rentabilidade sustentável. Ela apresentou o painel Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável, um modelo sustentável de agricultura familiar. O modelo fundamenta-se no pensamento sistêmico, na recomposição do equilíbrio da natureza e na valorização do indivíduo como parte essencial da construção de bens coletivos sustentáveis. “É preciso reconhecer, valorizar e fortalecer as comunidades, identificar as necessidades e criar ações de co-responsabilidade”, comentou Sandra.
Para ela, uma nova percepção do mundo cria um novo perfil de pessoas.

Políticas públicas – Na área de políticas públicas foram destacados dois estudos de caso relacionando o transporte público a indicadores de sustentabilidade. O arquiteto Filipe de Oliveira Souza, representando a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), apresentou uma análise comparativa entre duas linhas de metrô da cidade do Rio de Janeiro, destacando a eficácia de uma delas nas questões referentes a sustentabilidade e qual intervenção poderia ser feita para melhorar a área de influência da segunda linha, que atualmente é insustentável. “A intervenção seria equilibrar a demanda de passageiros da segunda linha, promovendo um re-planejamento urbano em torno dela”, disse. Ele destacou a importância do estímulo ao uso do transporte público. “O transporte sustentável necessita de menos espaço, poupa energia, é mais limpo, mais seguro e mais justo”, finalizou.

Também com um estudo de caso a respeito de transporte urbano, Cacilda Bastos Pereira da Silva, mestranda do Centro Universitário SENAC, apresentou a dissertação sobre os benefícios do metrô de São Paulo. Em uma análise sobre os impactos da poluição do ar, entre 1986 a 2006 – período em que houve maior número de paralisações por greve do serviço metroviário – ela observou o aumento de partículas nocivas a saúde humana na atmosfera paulista, além do crescimento do número de óbitos no período. “O estudo comprova que os benefícios socioambientais compensam o alto valor dos investimentos feitos com a implantação do metrô”, destacou.

Com um trabalho de assessoria para órgãos públicos nas questões de compras de produtos sustentáveis, as representantes da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Luciana Stocco Betiol e Rachel Biderman Furriel, apresentaram casos já consolidados destas práticas. “O poder público é um grande influenciador para o mercado, tanto para fornecedores quanto para a sociedade em geral. Lançar editais que exijam produtos feitos de maneiras ambientalmente corretas e que poluam menos é de grande valia para uma mudança de consumo geral”, disse Luciana. Ela apresentou a experiência do Estado de São Paulo, que começou a contratar empresas prestadoras de serviços de entregas leves priorizando as que utilizassem bicicleta como transporte. Em Minas Gerais, a licitação sustentável aconteceu com a compra de 831 veículos flex. “Isso gera oportunidade para a inovação e empreendedorismo sustentável, além de estimular a competição”. Como ferramenta da assessoria, elas disponibilizam gratuitamente um site com a indicação de 900 produtos sustentáveis. O endereço é www.catalogosustentavel.com.br.

Karina Aguilar Baratella, coordenadora de Sustentabilidade da Natura Cosméticos, apresentou o Projeto Carbono Neutro. “O objetivo da Natura é praticar o bem estar, alinhando estratégia de sustentabilidade, geração de renda e utilização de energia renovável, beneficiando a empresa e a sociedade através da oferta de refil para nossos produtos e utilização de fontes vegetais, como o álcool orgânico”, contou Karina. Ela lembrou que algumas ações de sustentabilidade podem aumentar os custos da empresa, mas são compensadas pela redução da emissão de carbono.
 
Outros temas –  As outras áreas temáticas que tiveram apresentação de trabalhos foram: Transformação Organizacional; Tecnologias Limpas: Inovação e Reposicionamento para Sustentabilidade; Gestão do Relacionamento das Empresas com seus Diferentes Públicos; e Empreendedorismo e Tecnologias Sociais.

Sistema Fiep - Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná
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