Indústria sugere R$ 3,2 bilhões em emendas para orçamento de infra-estrutura no Sul
Federações dos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul reúnem bancada para defender investimentos nas áreas rodoviária, ferroviária, aeroviária e marítima
As Federações de Indústrias dos Estados dos Estados do Paraná (FIEP), Santa Catarina (FIESC) e do Rio Grande do Sul (FIERGS) entregaram nesta quarta-feira (3) aos parlamentares dos três estados sugestões de emendas ao Projeto de Lei Orçamentária 2008. O montante defendido para a área de infra-estrutura de transportes, considerada prioritária para o desenvolvimento da região, é de R$ 3,2 bilhões, sendo R$ 1,090 bilhão para o Paraná, R$ 1,073 bilhão para o Rio Grande do Sul e R$ 1,049 bilhão para Santa Catarina. As propostas foram encaminhadas aos deputados e senadores na 11ª Reunião do Fórum Industrial Parlamentar Sul, durante café da manhã na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília.
Para o segmento rodoviário as Federações sugerem emendas totalizando R$ 1,9 bilhão, dos quais R$ 708,5 milhões para o Paraná, R$ 773,2 milhões para o Rio Grande do Sul e R$ 457,2 milhões para Santa Catarina. O segundo segmento priorizado pela indústria do Sul é o ferroviário, com R$ 741 milhões, seguido pelo aeroviário (R$ 395,2 milhões) e marítimo (R$ 138,4 milhões).
Rodrigo da Rocha Loures, presidente da FIEP e, também um dos presidentes do Fórum Industrial Parlamentar Sul, acredita que a região, com o apoio de agências públicas como BNDES, Finep, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, pode se transformar em um laboratório de competitividade industrial de nível mundial, já que dispõe dos meios – técnico e de gestão – para atingir a excelência. O desafio seria agregar apoio político, tanto da Presidência da República quanto do Congresso Nacional. “É essencial vontade política para garantir que nossos portos, aeroportos, rodovias e ferrovias possam operar, cada vez mais, com qualidade e eficiência de nível mundial, servindo de exemplo para as demais regiões do País”, disse Rocha Loures.
Ele lembrou que o Sul pode ter uma logística de primeiro mundo, mas, para isso, precisará de duas a três vezes o montante de investimentos previstos no PAC. “A região já sofre com problemas como o câmbio e os tributos. Sem logística não temos como mantermos a competitividade”, afirmou.
O presidente da FIESC, Alcantaro Corrêa, reforçou o pensamento das lideranças industriais da região sul de que o investimento em infra-estrutura é pré-condição para a competitividade do setor. De janeiro a agosto a indústria de transformação do Sul gerou 99.488 novos empregos formais, o que representa 44,96% do total de vagas abertas no período na região. “Estamos atentos e, além de buscar a inclusão de novas verbas para infra-estrutura em 2008, também mostramos aos parlamentares que não basta incluir os recursos no orçamento, se ele for uma peça de ficção. Do Orçamento Geral da União de 2007 foram pagos até agora apenas 17,46% dos valores relativos ao Paraná, 27,3% dos relativos a Santa Catarina e 11,03% dos relativos ao Rio Grande do Sul”, diz Corrêa. Para as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no Sul contempladas no OGU deste ano foram pagos até agora R$ 150 milhes, o que representa 22,6% do previsto.
O representante da FIERGS, Frederico Gunner Dür, ressaltou a importância da articulação regional. “O mais importante dessa reunião é o elo de ligação entre o setor industrial e o Parlamento. Precisamos unir forças”, afirmou.
A ação conjunta dos industriais e dos parlamentares do Sul tem o objetivo de buscar a contrapartida em investimentos federais na região, que tem a segunda maior economia do País, respondendo por 18,2% do Produto Interno Bruto do Brasil. O Sul também tem a segunda maior arrecadação de impostos federais do Brasil, com R$ 31,9 bilhões (11,15% do total nacional) entre janeiro e agosto, período em que foi responsável por US$ 7,8 bilhões dos US$ 27,5 bilhões de saldo positivo na balança comercial brasileira.
Outro assunto na pauta da reunião foi o ressarcimento de créditos de ICMS às empresas que vendem ao exterior. Pelo perfil exportador da indústria do Sul, ela sente mais a falta da liberação dos créditos devidos. o Paraná acumula saldo de R$ 1 bilhão, Santa Catarina de R$ 600 milhões e o Rio Grande do Sul de R$ 700 milhões. O deputado paranaense Ricardo Barros defendeu o envolvimento dos governadores na solução da questão.
O deputado catarinense José Carlos Vieira lembrou que no próximo dia 8 haverá audiência pública sobre o Plano Plurianual (PPA) na Assembléia Legislativa, em Florianópolis. “É o momento para apresentar projetos estratégicos, pois, a ata da reunião vai balizar o trabalho do relator, que é o deputado Cláudio Vignatti”, disse.
O deputado gaúcho Mendes Ribeiro Filho, a exemplo de outros parlamentares, ressaltou a importância do envolvimento dos governadores para buscar soluções para os problemas da região. “Vamos marcar nova reunião para definir prioridades, junto com os governadores”, afirmou.