Empresários e especialistas discutem como fazer a diferença no Brasil
Ao abrir o evento, o presidente do Sistema Fiep afirmou que o principal desafio é estimular a participação, principalmente dos jovens, para promover as mudanças necessárias ao país
O presidente do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Rodrigo Rocha Loures, disse, na abertura do I Fórum da Liberdade do Paraná, que o Brasil precisa de um salto de qualidade na política e que o principal desafio a ser vencido é o de estimular a todos a participarem deste momento, principalmente os jovens. O encontro começou na noite de segunda-feira (14) e prossegue nesta terça, durante todo o dia.
“Queremos formar uma rede que envolva todos os setores da sociedade. Este fórum é uma oportunidade para que os jovens empresários se engajem e se envolvam, para promover ações concretas, rumo ao governo que eles e toda a sociedade precisam”, afirmou Rocha Loures, ao lado do presidente do Instituto de Estudos Empresariais (IEE), Paulo Uebel e do diretor presidente do Grupo Gerdau, Jorge Gerdau Johannpeter.
A solenidade teve a presença do governador Roberto Requião e do senador José Jorge (PFL/PE), que concorre como vice na chapa do candidato do PSDB à presidência da República Geraldo Alckmin.
Rodrigo da Rocha Loures afirmou que o Fórum da Liberdade é um primeiro passo para a mobilização e que a intenção é que as ações continuem, com o apoio do Sistema Fiep. “Sem mobilização não será possível construir uma nova visão e fica a impressão de estarmos conformados com tudo o que está acontecendo. E não estamos”, concluiu.
O evento, que acontece pela primeira vez no Paraná, é realizado pelo Sistema Fiep, através da Universidade da Indústria (Unindus), e o IEE, que há 19 anos realiza o encontro no Rio Grande do Sul. O tema desta primeira edição paranaense é “Brasil: como eu posso fazer a diferença?”
O objetivo do encontro é criar um momento de discussões de idéias liberais, em que os jovens possam descobrir formas de opinar sobre a realidade sócio-ambiental, política e econômica brasileira.
De acordo com o presidente do IEE, Paulo Uebel, o Fórum nasceu para debater idéias de vanguarda e criar o ponto e o contraponto nas questões que atingem diretamente a sociedade. Uebel chama a atenção para o voto, como uma das únicas ferramentas disponíveis para que os indivíduos façam a diferença e mudem o país.
“Precisamos ter capacidade de indignação e mobilização. Devemos participar ativamente do processo político e monitorar o desempenho do candidato eleito. Se cada brasileiro lembrasse do deputado em que votou na última eleição e monitorasse seu trabalho, não repetiríamos os mesmos erros”, disse. Ele citou que sete, em dez cidadãos, não lembram em quem votaram para deputado nas últimas eleições. “É preciso ter coragem para impor limites, caso contrário as mudanças não serão fáceis”, afirmou. “É necessário que estejamos presentes e nos unamos para exigir renovação dos discursos. Precisamos de políticos com discursos “sustentáveis”, que não comprem votos dando o peixe, mas sim, ensinando a pescar”, declarou.
O presidente do IEE afirmou, ainda, que a falta de atitude é uma das maiores mazelas da sociedade atual. “A omissão é o crime mais covarde que podemos praticar contra nós mesmos”, concluiu.
Omissão coletiva – O diretor presidente do Grupo Gerdau, Jorge Gerdau Johannpeter, ao proferir a primeira palestra da noite, afirmou que a omissão coletiva atinge todos os níveis da sociedade. “Quem pensa que não está bancando os erros reincidentes dos nossos políticos se engana porque o candidato mal escolhido contamina a todos”, disse. “Sofremos uma imposição limitativa da liberdade, pois o Brasil continua medieval.”
O empresário afirmou que entre os maiores entraves para uma empresa crescer no Brasil estão os impostos. “Para construir uma empresa tenho que enfrentar um acréscimo de 30% lá na frente. Se algum empresário “atacasse” o consumidor com a mesma política tributária a que é acometido, estaria preso. Ninguém consegue aplicar esse índices”, afirmou.
Gerdau destacou que o crescimento de um país é diretamente proporcional ao nível da taxa e investimentos financeiros. “Com a poupança ao redor de 20% ao ano, como temos no Brasil, nenhum país do mundo consegue crescer mais que 2,5%”, disse ele, lembrando que, nesta taxa, os recursos são direcionados ao mercado financeiro e não ao setor produtivo. “Isso é matemática econômica e não conversa minha. É uma regra desproporcional”, afirmou. Gerdau lembrou que quando a poupança atingiu cerca de 28% ao ano, a renda de um peão de obra de obra equivalia a 2,5 salários mínimos.
Segundo o empresário, sua análise é uma pequena mostra do que os cidadãos brasileiros estão vivendo. Por isso, acredita, a reação não pode tardar a vir. “Nós, como elite, temos de ter consciência de que não podemos continuar omissos. A pior coisa que podemos fazer é não investir na educação no jovem para fazê-lo potencialmente eficiente e politizado, e não um alienado. As estruturas políticas são todas corporativistas, onde que o interesse coletivo raramente prevalece. Se não criarmos uma consciência de que os assuntos coletivos devem ser discutidos pelos votantes, não cresceremos”, concluiu.
Qualidade baseada em líderes – O consultor venezuelano Fernando Sánchez Arias, outro convidado da primeira noite do Fórum da Liberdade, destacou a importância da liderança, afirmando que a qualidade de um país é baseada em seus líderes. “Se desejarmos desenvolver nossas cidades, criar melhores lugares para viver, regiões e países, é imperativo mudar a qualidade de nossos líderes, em todos os setores. O Fórum da Liberdade cria um espaço crítico, de inspiração.
Se cada um fizer a sua parte, poderemos conseguir mudanças que trarão impacto direto nos indicadores políticos e sociais”, ressaltou Sánchez Arias.
O Fórum prossegue nesta terça-feira (15) com painéis que terão como temas principais “Política brasileira: o desafio do aprimoramento democrático e do cidadão eleitor”, “A ordem econômica: o papel dos agentes econômicos e das instituições no progresso” e “Os indivíduos e o meio-ambiente: em busca do desenvolvimento humano e da preservação ambiental”. Participam como palestrantes do evento Augusto de Franco; David Feffer; Denis Rosenfield; Eduardo Bueno; Fernando Sánchez Arias; Francisco Milanez; Gustavo Franco; José Luís Oreiro; Nair Onofre; Rosanna Costa e Sérgio Amoroso.