Câmbio

Pacote reduz burocracia, mas não traz efeitos práticos para a economia, avalia Rocha Loures. Presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná não acredita que as mudanças terão impacto significativo na cotação da moeda brasileira

O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Rodrigo da Rocha Loures, disse que o pacote cambial anunciado nesta quarta-feira (26) pelo Governo Federal não representa avanço significativo. “Houve uma melhoria na desburocratização do processo, uma simplificação na operação de câmbio, mas as medidas, na verdade, devem trazer pouco efeito prático para a economia”, avaliou Rocha Loures.



A principal medida anunciada pelo ministro da Fazenda Guido Mantega foi a flexibilização da cobertura cambial, a exigência de internalizar recursos obtidos com as exportações, que existe há mais de 50 anos, permitindo ao exportador reter parte dos dólares fora do país. O Conselho Monetário Nacional, na próxima reunião, deverá fixar esta parcela em 30%.







Os recursos mantidos no exterior ficarão isentos de cobrança de CPMF. “Como a CPMF é um imposto que não incide sobre geração de renda, mas apenas sobre movimentação financeira, o que se pretende com a medida é reduzir um pouco o custo tributário dos produtos exportados. Trata-se de uma pequena ajuda para o setor que realiza negócios no mercado externo, porém não altera a situação geral da economia”, disse. Segundo ele, a conjunção de altas taxas de juros, tributação elevada e valorização da moeda vem consistentemente desestimulando os investimentos e a produção do país.







Para Rocha Loures, o impacto do pacote cambial na cotação da moeda brasileira será muito pequeno. Ele acredita que poucos serão os empresários que irão optar por manter dólares no exterior, já que as aplicações financeiras são mais vantajosas no Brasil, por conta das elevadas taxas de juros. Os juros terão de cair acentuadamente para que possa ocorrer uma mudança significativa na taxa de câmbio. Ele avalia, que as exportações de manufaturas de maior agregado – as que mais sofrem diante da supervalorização do real – vão continuar sendo desestimuladas. O presidente da Fiep calcula que, com o câmbio valorizado, os produtos brasileiros tenham acumulado uma perda de competitividade da ordem de 40%.







“É preciso mais do que um pacote como esse para garantir aumento de produtividade e competitividade à indústria brasileira”. O Presidente da Federação de Indústrias paranaense lembra que, se por um lado, o governo federal anuncia medidas para desonerar as exportações, por outro estuda a redução de tarifas de importação, o que pode significar um golpe mortal para a indústria. “Sem uma radical reestruturação do Estado, redução dos juros reais, câmbio que estimule as exportações, corte da carga tributária e flexibilização da relação capital-trabalho de modo a propiciar aumentos consistentes de produtividade e desburocratização das exigências que cerceiam o empreendedorismo, continuaremos patinando, enquanto o mundo avança.”







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