Vendas da indústria têm queda atípica em setembro

Taxas de câmbio desfavoráveis, mercado interno estagnado e esgotamento da capacidade de endividamento do consumidor influenciaram baixas no faturamento do setor industrial

As vendas da indústria paranaense fecharam o terceiro trimestre do ano em baixa. Até setembro, o faturamento do setor industrial apresentou uma redução de 1,28%, em relação ao mesmo período de 2004. No mês, o resultado das vendas foi 5,24% menor na comparação com agosto. De acordo com a pesquisa Análise Conjuntural, elaborada pelo Departamento Econômico da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), o cenário é explicado pela retração do mercado interno, causada pela pouca margem de endividamento saudável da população, e pela taxa cambial desfavorável, que prejudica as exportações.

“Tivemos um mês atípico para as vendas industriais, que estão refletindo decisões equivocadas da nossa política econômica”, afirma o presidente do Sistema Fiep, Rodrigo da Rocha Loures. Segundo ele, mesmo com a redução da taxa de juros e de algumas medidas que estão sendo tomadas para desonerar o setor produtivo, como a MP do Bem, o remédio está vindo atrasado e em dose pequena. “Estas medidas não são suficientes para a recuperação das perdas acumuladas em 2005. Os sinais presentes são de que a economia não vai bem. O quadro real é preocupante”, analisa.

Em setembro, o desempenho das vendas da indústria recuou para os três destinos pesquisados, com queda nos negócios dentro do Estado (-2,80%), para o Brasil (-0,64%) e a para o Exterior (-19,56%). No acumulado do ano, as vendas estão 2,39% menores dentro do Paraná e 3,72% dentro do País, em comparação com mesmo período de 2004. Já o faturamento com as exportações permanece em alta de 6,06%, ainda que este percentual venha diminuindo a cada pesquisa.

Segundo os economistas da Fiep, a queda nas vendas industriais em setembro é atípica, pois este mês, bem como outubro, tradicionalmente é estimulado pela produção de produtos para a venda de fim de ano. “Apenas em momentos de desaceleração econômica verificam-se reduções no mês de setembro”, avalia o coordenador do Departamento Econômico da Fiep, Maurílio Schmitt.

Para Schmitt, outro fator preocupante é que setores importantes da economia paranaense também estão diminuindo o ritmo de crescimento, em alguns casos tendo desempenhos negativos. Em setembro, o setor de Alimentos, que representa 34% do Produto Interno Bruto do setor industrial paranaense, teve queda de 15,47%. Enquanto que o setor de Material de Transporte, que responde por 17% do PIB industrial, teve queda 1,71%, em função da baixa nas vendas de automóveis no mercado interno. “Em outubro, a tendência é de de nova queda, em função do impacto causado na cadeia do agronegócio, com baixa das comoditties e a questão da aftosa”, analisa Maurílio Schmitt.

Dos 18 segmentos pesquisados pela Federação, nove apresentaram resultados negativos no acumulado do ano. Os que mais cresceram foram Produtos, Farmacêuticos e Veterinários (21,08%), Papel e papelão (9,56%) e Material de Transportes (9,09%). Entre os setores que registraram quedas mais significativas estão Couros, Peles e Produtos Similares (49,70%), Mecânica (29,43%) e Madeira (29,43%).

No mês, as maiores evoluções de faturamento foram dos segmentos de Bebidas, Editorial e Gráfica e Couros, Peles e Produtos Similares. Já as maiores quedas aconteceram na áreas Produtos Alimentares; Têxtil e Metalúrgica. (Ver gráfico). Com a queda no faturamento, também houve recuo nas compras da indústria do mês, sendo 12,23% menores em relação. Porém, no terceiro trimestre foram 6,58% superiores em relação a janeiro a setembro do ano passado.

Emprego – Dados da pesquisa também indicam que o efeito cambial começa a afetar os empregos do setor industrial. O setor de Madeira, que apresentou maior queda (5,75%), promoveu enxugamento de pessoal devido ao câmbio desfavorável e a queda na demanda. Estes mesmos efeitos, em especial o impacto das condições climáticas, contribuíram para a redução de pessoal no setor Têxtil (-4,17%) e, conseqüentemente, no item Vestuário, Calçados e Artefatos de Tecidos (-2,37%).

No mês, houve queda de 1,13% no nível de emprego no setor industrial. Onze dos dezoito segmentos apresentaram resultados negativos na contratação. Porém, no acumulado do ano, o nível de emprego ainda está 3,89% positivo.

Em agosto, a capacidade instalada permaneceu estável, atingindo 79% e as horas trabalhadas subiram 1,23%. Em relação a julho, a massa salarial líquida dos trabalhadores da indústria cresceu 0,61%.


GENÊROS COM MAIORES VENDAS EM SETEMBRO
GENÊROS VARIAÇÃO
Bebidas..????????…………………………………….43,12%
Editorial e Gráfica ????????……………………….24,26%
Couros, Peles e Produtos Similares………………..??..14,84%


GENÊROS COM MENORES VENDAS EM SETEMBRO
GENÊROS VARIAÇÃO
Têxtil?????…………………………………………………..19,93%
Produtos Alimentares??????…………………………15,47%
Metalúrgica…………………………………………………………. 12,33%


GENÊROS QUE MAIS COMPRARAM EM SETEMBRO
GENÊROS VARIAÇÃO
Têxtil??…………………………………………………………?123,97%
Produtos Farmacêuticos e Veterinários…………………….15,20%
Bebidas?????………………………………………………. 14,41%


GENÊROS COM MENORES COMPRAS EM SETEMBRO
GENÊROS VARIAÇÃO
Minerais não metálicos?……………………………………….21,08%
Editorial e Gráfica………………………………………………….20,18%
Produtos Alimentares?………………………………………….16,73%


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