Custo industrial e competitividade é tema de curso da Unindus

A repercussão do custo da energia elétrica sobre a competitividade das indústrias será tema de curso promovido pelo Sistema Fiep, através da Unindus

O Custo da Energia e a Competitividade da Indústria é o tema do curso que será oferecido pelo Sistema Federação das indústrias do Estado do Paraná (Fiep), através da Universidade da Indústria (Unindus). O curso começa dia 17 de outubro e será desenvolvido em quatro módulos, A programação total segue até fevereiro. O conteúdo vai abordar alternativas de racionalização do uso da energia nas plantas industriais e novas formas de compras do insumo, depois das mudanças ocorridas no setor elétrico brasileiro. O objetivo principal das entidades promotoras é aumentar a competitividade dos produtos das indústrias do Paraná, através da redução dos gastos com energia elétrica. As inscrições podem ser feitas pelo telefone (41) 3218-7700 ou pelo site: www.unindus.org.br


Em países como Alemanha, Holanda, Suécia, Espanha e Canadá, o esforço por reduzir o consumo específico de energia elétrica por tonelada de produto fabricado já remonta ao início dos anos 80 e movimentou cifras bilionárias.


Segundo relatório da ANEEL publicado em agosto desse ano , no Brasil, desde seu inicio em 1998, o programa de eficiência energética do governo federal já obrigou as concessionárias de energia elétrica a investirem aproximadamente R$ 1.400.000.000,00 (um bilhão e quatrocentos milhões de reais), em projetos elaborados por seus consumidores, produzindo uma economia média estimada de 4.000 GWh/ano.


Ainda segundo a agencia reguladora, foi retirada da ponta de consumo uma carga da ordem de 1.140 MW, equivalente à potencia total instalada da usina de Salto Caxias, construída pela COPEL no rio Iguaçu e que custou cerca de 1 bilhão de dólares.


Considerando o preço médio de R$ 180,00 por MWh que é praticado na industria, a economia para os consumidores que apresentaram projetos de melhoria de eficiência energética já teria superado a espantosa soma de mais de 5 bilhões de reais durante o período, segundo estima o engenheiro eletricista Ivo Pugnaloni, ex-diretor da COPEL e superintendente da ENERCONS, empresa de consultoria sediada em Curitiba.


Segundo o engenheiro, a aplicação desses recursos esteve concentrada em três tipos de projetos, sendo que a eficientização de prédios e indústrias ficou com 30% dos investimentos, os projetos de iluminação pública com 28% do investimento total e por fim, projetos residenciais ( principalmente doação de lâmpadas eficientes ), com 16% do total de aplicação de recursos.


“Infelizmente, no Paraná e em muitos estados do Brasil, a disponibilidade desses recursos para as empresas industriais tornarem mais eficientes seus maquinários e equipamentos é ainda pouco conhecida”, lamenta Ivo Pugnaloni.


Para procurar mudar essa situação e diminuir o desconhecimento sobre o assunto o curso “O Custo da Energia e a Competitividade da Indústria”, promovido pela UNINDUS, a Universidade da Industria, a FIEP, o SENAI e a ENERCONS, aponta várias alternativas, não só para promover a racionalização do uso da energia nas plantas industriais como também para as novas formas de comprar esse insumo, depois das mudanças ocorridas no setor elétrico brasileiro, nos últimos anos.


O objetivo principal das entidades promotoras é aumentar a competitividade dos produ-
tos das industrias do Paraná, através da redução dos gastos com energia elétrica.


O curso conterá quatro módulos, a serem realizados em Curitiba, no CIETEP, na Avenida
das Torres, sempre no período noturno, de modo a permitir a participação ampla
de gerentes e funcionários das áreas administrativas e financeiras das empresas, “os que
pagam as contas de energia, mas na maioria das vezes não tem informação sobre como
poderiam diminuí-las”, lembra Pugnaloni


O primeiro Módulo, entre os dias 17 e 20 de outubro próximos, versará sobre o tema
“Aumentando a Eficiência Energética da sua Indústria” , direcionado a fazer com que
cada vez mais empresas consigam diminuir o numero de kWh gastos por tonelada de
produto vendido.


No segundo módulo, programado para 7 a 10 de novembro de 2005, o tema
será “Reduzindo Custos na Contratação da Energia”, que tratará sobre as possibilidades
abertas pela Lei 10.762/04 e pelo Decreto 5163/04 que disciplinaram a compra
de energia no ambiente de livre contratação por qualquer consumidor com demanda
maior do que 500 kW, que adquira energia de fontes renováveis, desde que gerada
por produtores independentes e não por concessionárias de serviço público.


Já no terceiro módulo o assunto será “Qualidade da Energia, um Direito que traz
Economia”, a ser realizado entre 5 e 9 de dezembro, no qual serão tratados assuntos
relacionados aos direitos do consumidor industrial nos casos de problemas
de queima de equipamentos, perda de matéria prima, mão-de-obra ou desprogramação
de controles lógicos programáveis por motivos relacionados picos de sobre-tensões e mà
qualidade da energia.Também serão abordadas questões relativas ao uso de
equipamentos desenvolvidos para a proteção das instalações com relação
a esses inconvenientes.


No módulo quatro, previsto para o ocorrer já entre 6 e 9 de fevereiro de 2006, o conteúdo
versará sobre o tema “Auto-produzindo Energia Elétrica na Indústria” ,
direcionado para os consumidores de maior porte, que poderiam a essa altura
estar produzindo o total ou parte de suas necessidades aproveitando resíduos
industriais de valor energético ou os potenciais hidráulicos existentes no Paraná
ou fora dele, já que a nova estrutura do setor elétrico nacional permite e
incentiva esse tipo de empreendimento e o transporte da energia de um
estado para o outro. Especial atenção será dada à co-geração, na qual industria
que hoje usam vapor poderiam aproveitá-lo antes para a geração de energia
elétrica mas não o fazem, desperdiçando enormes somas por ano.



Lembra ainda Pugnaloni que, uma prova do desconhecimento que o curso pretende contribuir para superar é que, quando a COPEL promoveu sua primeira chamada de projetos de eficiência em Março de 2005, o número de empresas que efetivamente apresentaram projetos foi tão pequeno que a concessionária precisou adiar o prazo por duas vezes e ainda assim, realizar uma nova chamada em julho.


“Ao final, dos quinze milhões de reais que estavam disponíveis, menos de dez milhões foram efetivamente alocados, devido à falta de projetos aprovados.”, lamentou o consultor, lembrando ainda que a partir de 1° de janeiro de 2006, prevê a Lei 9.991/00 que as concessionárias e permissionárias possam diminuir os recursos aplicados pela metade, pois o montante atual que é no mínimo de 0,50% ( cinquenta centésimos por cento) do total de sua Receita Operacional Líquida – ROL no desenvolvimento de programas para o incremento da eficiência energética no uso final de energia elétrica, vai passar para 0,25% dessa receita.


Já para Marcos Muller Schlemm, diretor da UNINDUS e superintendente do SENAI, a industria paranaense está consciente de que precisa investir mais em formação de pessoal com capacidade de gestão de insumos estratégicos como a energia elétrica, lenha, combustíveis fósseis e carvão, pois os seus custos podem ameaçar a competitividade dos produtos e a disponibilidade dos mesmos não é algo sempre garantido.


“Depois do apagão de 2001 e das mudanças na estrutura legal do setor elétrico, a energia passou de serviço a insumo, que como qualquer outro insumo, precisa ser muito bem comprado, administrado e utilizado”, afirma o dirigente da Universidade da Indústria.


“Alem disso, em que pesem os descontos dados pela COPEL para os consumidores em dia,
entre 1998 a 2003 as tarifas de energia elétrica subiram 250%, enquanto,no mesmo
período, o INPC subiu 136%, o IPCA 121% e o IPC-FIPE apenas 90%, referências que,
sem dúvida, devem estar refletindo a grande diferença percentual entre os reajustes
dessas tarifas administradas pelo governo e a variação dos preços de venda
dos produtos.E isso preocupa e muito a industria.”, completa Marcos Schlemm.


Sistema Fiep - Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná
Av. Cândido de Abreu, 200 - Centro Cívico - 80530-902 - Curitiba-PR