O setor industrial paranaense iniciou o segundo semestre de 2005 com faturamento em queda. De acordo com a pesquisa Análise Conjuntural, elaborada pelo Departamento Econômico da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), houve uma queda de 7,82% nas vendas industriais em julho, na comparação com o mês anterior. No acumulado do ano, o faturamento da indústria cresceu apenas 0,15% em relação ao resultado apurado entre janeiro a julho do ano passado.
“O que estávamos alertando há meses está se confirmando. A indústria do Paraná está estagnada e o clima é de recessão no setor produtivo local e nacional. Não há o que apóie uma visão otimista da nossa economia”, alerta o presidente da Fiep, Rodrigo da Rocha Loures. Segundo ele, a atual política de juros cria a falsa impressão de estabilidade, mas a estratégia tem se mostrado equivocada para sustentar o crescimento econômico do País. “Os sinais presentes são de que a economia não vai bem. O que temos visto é uma tentativa de sustentar um clima otimista com números fora do contexto, mas o quadro real é preocupante”, afirma.
Rocha Loures cita como exemplo dados de uma pesquisa divulgada pela Fundação Getúlio Vargas que mostra que pela primeira vez, em quatro anos, a expectativa dos grandes exportadores em relação ao crescimento do setor é de pessimismo. “Desde 2001 isso não acontecia. Os exportadores que têm mais de 50% do faturamento baseado nas vendas externas estão céticos e prevêem piora nos negócios nos próximos seis meses”, destaca o presidente da Fiep. “Esta situação é grave porque as exportações têm suportado o desempenho da nossa economia, já que o mercado interno está contido”, afirma.
Pesquisa – De acordo com a pesquisa da Fiep, os industriais paranaenses citam o cenário político instável, a alta taxa de juros e a elevada carga tributária como causas para o baixo desempenho do setor. “O governo precisa urgentemente criar condições para a retomada do crescimento e valorização do setor produtivo”, afirma o presidente da Fiep, Rodrigo da Rocha Loures.
Dos 18 segmentos ouvidos pela Federação, catorze apresentaram resultados negativos em julho. Os que cresceram foram Perfumaria, Sabões e Velas (31,52%), Editorial e Gráfica (14,36%), Minerais não-metálicos (2,34%) e Metalúrgica (1,54%). Entre os setores que registraram quedas mais significativas estão Têxtil (31,13%), Couros, Peles e Produtos Similares (29,90%) e Bebidas (22,31%).
Dados da Fiep mostram que em julho as vendas industriais caíram 8,89% dentro do Paraná, 4,09% no Brasil e 13,44% para o Exterior. “Caso a moeda americana estivesse no mesmo patamar do ano passado, quando atingiu o máximo de R$ 3,10, o faturamento poderia ser maior, pois o volume de exportações de produtos industrializados continua crescendo”, explica Maurílio Schmitt, coordenador do Departamento Econômico da Fiep.
No fechamento do primeiro semestre, o faturamento acumulado com a exportação, em 2005, cresceu quase 12% sobre 2004. Com a queda de julho, o acumulado manteve-se positivo, mas baixou para 8,51%, sobre janeiro a julho do ano passado. Ao mesmo tempo, houve retração de 4,34% nas vendas para outros estados brasileiros e crescimento de 0,43% nas vendas dentro do Paraná. As compras da indústria, entre janeiro e julho de 2005, foram 11,14% superiores ao mesmo período do ano passado.
Emprego – Dados da pesquisa também indicam que, no mês, houve queda de 4,02% no nível de emprego no setor industrial. Dos 18 itens pesquisados, doze apresentaram resultados negativos na contratação. O coordenador do Departamento Econômico da Fiep, Maurílio Schmitt, informa que entre os setores que diminuíram os números de empregados estão o Químico (com queda de 8,56%), Produtos Alimentares (- 4%), Material de Transportes (-0,30%) e Mecânico (-7,07%). Estes setores representam mais de 50% do faturamento industrial paranaense.
Em julho, a capacidade instalada caiu dois pontos, ficando 77%, enquanto as horas trabalhadas caíram 0,23%. Em relação a junho, a massa salarial líquida dos trabalhadores da indústria caiu 0,61%.
GENÊROS COM MAIORES VENDAS ATÉ JULHO
GENÊROS VARIAÇÃO
Farmacêuticos e Veterinários………………………………..20,01%
Papel e Papelão……………………………………………………10,77%
Material de transportes……………………………………………9,35%
GENÊROS COM MENORES VENDAS ATÉ JULHO
GENÊROS VARIAÇÃO
Couros, Peles e Produtos Similares………………………..50,86%
Mecânica……………………………………………………………..27,62%
Madeira……………………………………………………………… 24,54%
GENÊROS QUE MAIS COMPRARAM ATÉ JULHO
GENÊROS VARIAÇÃO
Papel e Papelão………………………………………………….. 90,00%
Bebidas………………………………………………………………..56,99%
Material de Transportes………………………………………. 33, 21%
GENÊROS COM MENORES COMPRAS ATÉ JULHO
GENÊROS VARIAÇÃO
Couros, Peles e Produtos similares……………………..43,51%
Ediorial e Gráfica………………………………………………..39,52%
Matérias Plásticas…………………………………………….. 32,66%